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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FERNANDO PESSOA FERREIRA


Antônio Fernando Pessoa Ferreira mais conhecido só por Fernando Pessoa Ferreira (Olinda, 1932 – São Paulo, 12 de maio de 2010) foi um jornalista e escritor brasileiro. Residiu no Paraná.
Ao viver no Recife, participou, ao lado de outros intelectuais, do movimento conhecido como Geração de 1950, sendo uma das principais figuras do grupo. Deixou o Recife para atuar em jornais do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, chegando a direção de alguns periódicos. Vivia em São Paulo (cidade) desde 1968. Desde os 21 anos era jornalista.
No Rio, trabalhou no Diário Carioca, Correio da Manhã e Última Hora, nas revistas Manchete e Cruzeiro. Em São Paulo, trabalhou em revistas do Grupo Abril e nos jornais Folha da Tarde e Folha de S.Paulo. Também foi assessor da reitoria da Universidade de São Paulo.
Escreveu a letra de "Vantagem de Perder", música gravada pelo cantor paulista Adauto Santos, no lado B do compacto simples (fevereiro de 1977).
Foi preso pela Ditadura militar no Brasil em 1969, acusado de hospedar um procurado pelos militares.
Publicou Os Instrumentos do Tempo (1958).

Biografia: https://pt.wikipedia.org/

 

 

 

A NOVA POESIA BRASILEIRA. Organizado por Alberto da Costa e Silva.  Lisboa, Portugal: Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil em Lisboa, 1960.  291 p.  19 x 27 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

                PEQUENA ODE DOMÉSTICA


Calor do pão na manhã,
crescendo manso e dormente.
No soalho se desmancha
doce luz inconsistente,
com suas facas de mel
cortando o silêncio quente.

Os ombros dela na cama,
como narcisos cansados
num florescer transparente.

(De Os Instrumentos do Tempo)

 

 

 

        

         POEMA DAS HORAS

De teu corpo não se sabe
se era noite ou se era dia
— ao redor plantaram muros
de surda melancolia.

Das noites de escura ponta,
habituais e vazias,
que no meu olhar constroem
o desencontro dos dias,
guardarei o compromisso
das fugas inevitáveis,
o verde canto das horas
irregulares e frias.

E esse resto de surpresa,
humilde, quase escondido?
E essa frágil certeza,
que em teus olhos divididos
cultivava o voo intenso
de sobressalto e tristeza?
— A minha sombra está presa
à sombra de teu silêncio.

Quer sejas a flor desfeita
ao improviso da bruma,
quer teu silêncio se una
em forma fria e perfeita,
quer na louça matinal,
por sobre a relva tranquila,
ou no alimento noturno
das janelas em vigília,

 

        serei sempre a hora impune,
essa que o tempo não vê,
que nasce no turvo espasmo
da distância que nos une.

                        (De Os Instrumentos do Tempo)

 




         SONETO DE PAUL GAUGUIN

Um velho anjo, bêbado e cansado,
com as roupas manchadas de tristeza,
tenta esquecer a sua imagem presa
à condição de infinitivo e alado.

Restos de sol repousam sobre a mesa.
Uma música imóvel no teclado
esconde ao tempo, que ficou parado,
sua medrosa fonte de surpresa.

Porém, Gauguin, tua canção morena
é um crepúsculo vivo — o céu, a dança,
sargaço, hibisco azul, sombra, menina

de coxas nuas na paisagem plena —
sabor desesperado de lembrança,
onde o mar principia e o mar termina.

 

                            (De Os Instrumentos do Tempo)

 


BACK, Sylvio.  Cinquenta anos. Díário do Paraná. Edição fac-similar.  Capa : Guilherme           Mansur.  Reprodução fotográfica: Cadi Busatto. Coordenação gráfica: Rita de Cássia Solieri Brandt.  Projeto gráfico: Adriana Salmazo Zavadniak.  Curitiba, Paraná:  Itaipu Binacional, 2011.  S. p.  Inclui 7 folhas dobradas  94 x  1,26  cm., com imagens de páginas do suplemento literários dos anos 1959 – 1960, acomodadas numa caixa de papelão 35x 48 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

3 poemas

Epitáfio para Charlie Chaplin

No sumo desta pedra
repousará a sêde  
minha última flor.

 

Epitáfio para Manuel Bandeira

Aqui já o poeta que muitas vezes
morreu jovem.
Sua coleção de objetos humildes,
de ternuras imperceptíveis,
espalhou-se por todos os cômodos
do imenso sobrado,
onde as visitas sorriam comovidas.

Aventura em Silêncio

Canto para aquecer teu sono
e vejo apodrecer a música do tempo
e por trás de seu branco desespero
outro mais puro e muito mais atento.
Inelutavelmente me acredito lavrando
a superfície do cinzento
e cruel como um anjo, desvestido
de tudo o que o silêncio não entende.


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Poemas publicados em 22 de novembro de 1959

 

 

Página ampliada em fevereiro de 2021




 

 

 
 
 
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