FÁBIO ANDRADE
Fábio de Cavalcante Andrade nasceu em Recife, Pernambuco, em 1977. Doutor em Letras, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Editor geral da Revista Crispim, integra o grupo de pesquisas Sodalício Osman Lins (SOL). Publicou Luminar presença e outros poemas (2005)
a pupila inflamada
ao aproximar-se da vela
no chão frio
o tempo armado de noites
flores despontam
a claridade em teu corpo chora
a vida levanta-se com séculos nos olhos
e ri e freme e luz e morre
ALBA
Um vale escarpado
Ela trazia nos lábios
E entre os seios
O claro apelo da manhã
Descendo encostas
Mais íngremes
Seu corpo transformava-se
Em raiz flor e fruto
Quando nos perdíamos
Numa noite mais antiga
Que o trabalho de engendrá-la
Com argila e a força
Centrífuga das estrelas
Sempre um porto
Outro e longínquo
Aguardando a resposta
Que não podia ser dada.
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Uma poesia, canto oculto
entre pálpebras, nervos, ossos
uma reticência de canto
uivo no ar, entre os espaços do corpo:
Poesia que o refaça – o corpo
mais nítido.
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para Lourival Holanda
Que faz Ícaro tombado na terra
ao perceber olhando o céu
seu triste percurso de azul dilacerado?
Levanta-se e anda – pensa
quanto orgulho seria contar
eternamente com suas asas.
Página publicada em dezembro de 2009
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