DELARME MONTEIRO SILVA
LESSA, Orígenes. Getúlio Vargas na literatura de cordel. (ensaio). 2 ed. revista pela autor. São Paulo: Ed. Moderna, 1982. 151 p. Capa: M. Ângela Haddad Villas. Inclui, ao final, uma pequena “Pequena Antologia do Ciclo Getuliano” (p. 87-151) com uma seleção de cordéis em que o “Pai dos Pobres” é quase sempre louvado. Um exemplo:
GETÚLIO E OS POBRES
Getúlio não é fascista
nem também usurpador
e se deu aquele golpe
que lhe fez um ditador
foi para salvar a pátria
da miséria do terror
O golpe de trinta e sete
foi contra a grande anarquia
que reinava em nossa terra
onde a fome consumia
milhares de proletários
pois o rico não sofria
Cada parte do estado
tinha um rico prepotente
rodeado de capangas
do mais bruto ao mais valente
onde o pobre era um cachorro
faminto, nu, repelente
Foi quando Getúlio Vargas
notou este descontrole
diz consigo: eu sou um homem
boca grande não me engole
vou cortar o malefício
com o pobre ninguém bole
Por este grande motivo
implantou a ditadura
acabou com os coiteiros
tirou do rico a bravura
o pobre passou a ser
tratado com mais brandura
Quem achou isto ruim
foi a gente da escol
que não tinha classe pobre
como gente, no seu rol
sem saber que o povo baixo
também tem direito ao sol
Daquela data em diante
foi o povo acreditando
que ainda havia um homem
que nele estava pensando
e o valor de Getúlio,
foi pouco a pouco aumentando
Já hoje não é preciso
comícios ou propaganda
pra dizer que no Brasil
Dr. Getúlio, é quem manda
pois o povo está com ele
e com ele o povo anda
Voltemos as nossas vistas
aos festejos da cidade
aonde Getúlio prova
sua popularidade
pois o povo o recebeu
cheio de felicidade
De:
DELARME MONTEIRO SILVA
A Entrada triunfante de Getúlio Vargas em Recife,
pp. 3-5
O GRANDE CHOQUE
O negro manto da morte
Envolve a nossa nação,
Na mata o môcho sinistro
Canta funérea canção,
Tudo é silêncio e degrêdo
Tristeza e desolação!
O bronze dos velhos sinos
Ressoa pausadamente,
E o dobre de finados
Com sua voz comovente
Diz ao mundo que o Brasil
Perdeu o seu Presidente.
Morreu Getulio, morreu,
Morreu nosso chefe amado
Cujo coração em vida,
Fôra ao povo devotado
Hoje o mesmo coração,
De balas está crivado!
Que triste e cruel desfecho
P´ra quem, desde a mocidade,
Com um sorriso enfrentava
O bem e a fatalidade
Lutando contra a miséria,
Traição, e perversidade.
De
DELARME MONTEIRO SILVA,
A Morte e os funerais do Presidente Getúlio Vargas,
pp. 1-2.
Página publicada em dezembro de 2011
|