CARLOS BARROS
Carlos Alberto Fernandes de Barros, nasceu em Recife, Pernambuco, e 07-05-1952.
Poeta, artista plástico e compositor.
Livros: Punhesias (cordel manuscrito); Fênix (Belo Horizonte, Ed. Arte Quintal , 1989).
Implantou e coordenou o projeto Disque Poesia, em Curitiba.
ANTOLOGIA DA NOVA POESIA BRASILEIRA . Org. Olga Savary. Rio de Janeiro: Ed. Hipocampo, Fundação Rioarte, 1992. 334 p. ilus Ex. bibl. Antonio Miranda
POLUIDOR
Basta a fumaça de meu cigarro,
poluindo o mundo, meu catarro.
Chega o murmúrio de meu esparro,
gritando o verde de meu escarro.
Basta o suor de minha ressaca,
levando o álcool à sua narina,
chega meu fedor etílico
sobrepujando o hálito da menina.
Basta minha voz rouca, que grita
e meus pés sujos pisando a grama,
chega minha mão, assassina aflita
esmagando brotos, secando orvalhos.
Basta o rio de meus excretos
minha urina empoçada na esquina,
chega meu esperma que deixa
um homem como eu na tua vagina.
CARLOS BARROS – PAULO ROCHA. Recife, PE, Editorial Tiê, 2001.
64 p. Projeto gráfico, capa e revisão dos autores. Ex.bibl. Antonio Miranda
Miragem
Você está no ar,
mas não posso lhe ver.
Você está aqui,
no sorriso que tento,
na porta que não abre.
Imagina como seria bom
ver seu rosto,
através do retângulo transparente.
Mas você está distante,
meus olhos estão errante,
você não está aqui.
Refletir
Esta sombra,
no canto da parede,
não reflete
o tamanho desejo
que sombreia
meus reflexos.
Ácida
Alegre,
Como silvestres manhãs
Inaugurando sorrisos nos pássaros,
De leve, descubro-te
Amigo, em olhares lúdicos.
Coragem
Não deixe
tudo começar de novo.
Mas, sim,
tudo de novo começar.
*
Página publicada em outubro de 2021
Página publicada em setembro de 2020
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