BELLARMINO CARNEIRO
CARNEIRO, Belarmino *const. 1891; dep. fed. PE 1891-1893. Belarmino Carneiro Cavalcanti de Albuquerque nasceu em Pau D`Alho (PE) no dia 23 de maio de 1847, filho de José Carneiro da Silva Beltrão e de Maria Sebastiana Carneiro Cavalcanti. Iniciou sua vida profissional em Recife, onde se dedicou ao comércio e depois se tornou guarda-livros. Em 1887 mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do Império, e começou a trabalhar no serviço telegráfico do jornal O País. Passou a escrever nesse periódico e a colaborar com vários outros, de diversos países, como o Comércio de Portugal, de Lisboa, La Cronica, de Buenos Aires, e La Pátria, de Montevidéu. Após essa experiência fundou, com Antônio Leitão e Verediano de Carvalho, o jornal O Tempo, mas poucos meses depois abriu mão dessa atividade. Também trabalhou como jornalista em A Semana e, em 1904, fundou a Os Anais, ao lado de Domingos Olímpio e Valfrido Ribeiro. Foi ainda secretário de Alfredo Pinto, chefe de polícia do Rio de Janeiro, e diretor do almoxarifado da Saúde Pública. Iniciou sua vida política ainda durante o Império, quando defendeu as causas abolicionista e republicana. Depois da proclamação da República (15/11/1889) foi eleito deputado constituinte por Pernambuco. Assumiu seu mandato em 15 de novembro de 1890 e participou da elaboração da primeira Carta republicana, promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Em junho seguinte passou a cumprir o mandato ordinário e permaneceu na Câmara até o fim da legislatura, em dezembro de 1893. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 26 de outubro de 1928, vítima de gripe espanhola. Publicou Poesias (1907) e Escritos diversos (1909).
Biografia: por Raimundo Helio Lopes
A MENSAGEIRA – Revista literária dedicada à mulher brasileira. VOLUME II. São Paulo. SP: Imprensa Oficial do Estado S.A. IMESP. Edição fac-similar. 246 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Ludibria ventis
(Paria Korigan)
A' D. Brandina Fajardo
Em solitario, abandonado ninho,
que a rajada da noite desmanchara,
geme esquecido um pobre passarinho.
Chove. E para que o triste se abrigara
do rigor da procella, caridosa
a floresta sob a folhage o ampara ...
Folha a folha se juntam, e assim mimosa
cupula formam, que flexil guarida
ao orpham presta contra a chuva irosa.
E cada gota d'agua é convertida
em sonora toada, com que embalam
o doce sommo que lhe volve a vida.
Por fim da aurora os lyrios assignalam
o novo dia e as auras matutinas
varrem a chuva, as verdes folhas talam...
A tenra ave desperta... Entre as neblinas
vêem seus olhos, humidos de pranto,
roto o docel de folhas pequeninas.
Mas fresca viração lhe enxuga, emtanto,
os olhos tristes ... Ergue-se, espaneja
e balbucia o seu primeiro canto.
E a viraçâo, que em torno della adeja,
segreda-lhe : — Tens azas, passarinho !...
A aza ensaia, o vôo mal braceja
e após contente evola-se . ..
— Adeus, ninho!
Bellarmino Carneiro
Página publicada em julho de 2019
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