Ilustração: Jorge Lopes
ALTAIR LEAL
Nascido em Limoeiro em 1960, criado nos cafundós de Olinda, Recife e Paulista, onde mora desde 1990. Membro da Unicordel, da Academia de Letras e Artes de Paulista, faz parto do grupo Invenção de Poesia do Recife. Tem alguns folhetos de cordel publicados.
De
MARGINAL RECIFE
Organizadores: Valmir Jordão e Lara
Recife: Prefeitura do Recife, Secretaria de Cultura,
Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2007
92 p ( Coletânea poética 5 )
Gentilmente cedido por Silvio Hansen
Descanso eterno
Quando eu morrer
não quero a bandeira do meu país,
sobre meu féretro,
não, não quero.
Não quero a bandeira do
meu estado,
nem da minha cidade,
sobre meu ataúde.
Pra que honras? Morto!
Nem do clube que tanto amo,
sobre meu esquife,
alma não tem cores...
Quero sim,
um livro de Bandeira,
para ler no meu descanso eterno,
quem sabe assim, aprendo a ser poeta.
Querendos
Quando a gente ama
o coração não sente
quem sente é a mente
o coração nem reclama.
O coração só sente
quando a gente se ama
deitado de bruços na cama
fazendo um amor consistente.
O coração é quem reclama
pelo nosso sangue quente
quando a gente se inflama,
É aí que nossa mente
põe o corpo todo em chama
e a gente esquece que é gente.
Psicocardia
Eu quero a lua
brilhando na madrugada,
eu quero o orvalho
molhando meu rosto.
Não quero restos,
quero rastros.
Quero gestos e gostos,
posto que seja vário,
quero uns, querubins.
quero nãos, quero sins.
Quero olhar
a menina dos teus olhos,
quero que os teus
olhem a minha,
não o olhar por olhar.
Quero manha e manhãs,
quero noites e nortes pra te amar.
Quero o vento soprando minha sorte,
que eu seja forte,
que eu corte o leste e litoral
em horizontes,
pra te servir em fatias,
o meu mundo.
Página publicada em janeiro de 2011 |