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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PRISCILA MERIZZIO

 

 

Poeta de Curitiba, formada em Comunicação Social. Autora do livro Minimoabismo, da editora Patuá (2014).

 

101 POETAS PARANAENSES (V. 2  (1959-1993)  antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI.  Seleção de Ademir Demarchi.  Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014.  398 p. 15X 23 cm.  (Biblioteca Paraná)

 

VITAMINA DE VULCÃO

 

crivada de Swarovskis
bebo chá com os fantasmas

 

1989
soube o sentido da dor: avante

sou feita de ossos funerários
estrelas mortas e flores ardidas
mormaço febril e desertos

magma que me transporta
a lembrangas desidratadas

de álcool, tabaco, haxixe e anfetamina
ingenuidade acreditar em progresso 

ninguém toca bumbo no meu terreiro

rock and roll melancólico
liberta meu coração do tórax
para ser esmagado por um ônibus
— feito a cabeça de meu primo Johnny
 

literatura é urina, gozo, saliva, sangue

sou um Corvette estacionado na garagem
sou um Corvette ñas curvas de Santos

 

aos 20 e poucos

já passei da idade de suicidar-me
 

animais de rua seguem-me como a urna andarilha

 

 

ROLETA-RUSSA


o poema que sangra

não tem script de novela mexicana

é assassino por encomenda

com suas maquinações, Rasputin
degola o títere com um machado mongol
desaparece nas tabernas sombrías

 

massageia nádegas no pufe cor-de-urucum

derrama vodka em grandes lábios

sodomiza a duquesa

ao longe soa o uivo lúgubre

dos cães de Pavlov

 

outra orgia urge nas saunas imperiais
os versos necrosados na língua do czar

na manhã seguinte

a vítima é capa de tablóide

— não há suspeitos

 

 

Poemas extraídos de CÂNDIDO, Jornal da Biblioteca Pública do Paraná, N. 54, Janeiro 2016:

 

                    a mosca morreu
                    na hora do café
                    se debateu na parede
                    até cair no chão
                    rendida ao silêncio
                    cansada de sobrevier
                    esperei para ver se acordaria
                    se reagiria à monotonia
                    ela continuou letárgica
                    a deixei secando no chão
                    como um buquê de rosa
                    ambiance jogado àquela
                    moça que o pegou bravamente
                    para depois boiar afogada
                    na piscina do clube

 

**

                    você me queria
                    quando eu comia cigarros
                    no café da manhã e tomava
                    lítio com vodca no parapeito
                    do prédio

                    quando eu fazia de travesseiro
                    os rolos de papel higiênico no banheiro
                    das agências de publicidade

                    e as palpitações do peito
                    eram ondas oceânicas sufocando
                    anêmonas

                    agora estou forte, abstêmia
                    solitária como um baobá esplendoroso
                    você aparece no olho-mágico
                    da porta atrás daquela moça
                    provinciana que aceitava ser
                    o bode expiatório do ex-roqueiro
                    alcoólatra vestido de William Blake
         

 

A seguir, poema extraído de

http://www.mallarmargens.com/2014/10/priscila-merizzio-7-poemas.html

 

 

REFÚGIO

 

os deuses protegem meu corpo

como o tapume circunscreve a catedral gótica

 

múmias apoteóticas

via régia de papiros a.C.

refúgio do bardo pagão

 

na abóbada

longe das trincheiras da revolução francesa

homens verdes urinam

 

de mármore, rezas, artilharia e gana

faz-se o caos

 

os deuses protegem meu corpo

irrevogavelmente politeísta

como os índios costuram

palmeiras nas ocas

 

espectros melífluos batizados no círculo mágico

desmistificação de aporias

jesuítas poluíram rios amazônicos com água benta

botos-cor-de-rosa engravidaram índias com sêmen europeu

 

os deuses protegem meu corpo

com o apetite irascível

dos elefantes africanos que

acossam as fêmeas

 

avançam com peso e presas

estraçalham carros e pessoas

trombas bramindo:

“afastem-se do que é meu”.

 

 

 

FANTASMA CIVIL. XX Bienal Internacional de Curitiba 2013.  Organização Ricardo Corona.  Curitiba, PR:          Fundação Cultural de Curitiba, 2013.   43 cartões com imagens aéreas de Curitiba e, no reverso, versos de poetas paranaenses. Projeto gráfico Medusa. Obra inconsútil.  ISBN 978-85-64029-08-8  Inclui os poetas: Josely Vianna Batista, Lindsey R. Lagni, Ademir Demarchi, Luci Collin, Fernando José Karl, Roberto Prado, Sabrina Lopes, Bruno Costa, Amarildo Anzolin, Carlos Careqa, Roosevelt Rocha, Camila Vardarac, Marcelo Sandmann, Vanessa C. Rodrigues, Anisio Homem,  Greta Benitez, Ivan Justen Santana, Mario Domingues, Marcos Prado, Bianca Lafroy, Estrela Ruiz Leminski, Sérgio Viralobos, Alexandre França, Helena Kolody, Wilson Bueno, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Zeca Corrêa Leite, Édson De Vulcanis, Afonso José Afonso, Homero Gomes, Leonardo Glück, Hamilton Faria, Emerson Pereti, Andréia Carvalho, Ricardo Pedrosa Alves, Priscila Merizzio, Marcelo De Angelis, Adalberto Müller, Cristiane Bouger. 

 

 

Página publicada em março de 2016, ampliada em dezembro de 2016.


 

 

 
 
 
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