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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
MARCOS PRADO

(1961- 1996)

 

Marcos Prado de Oliveira (Curitiba, 15 de Dezembro de 1961 – 31 de Dezembro de 1996) foi um poeta, músico, ator, jornalista brasileiro.

Talento precoce, Marcos começou em 1976 a divulgação de sua poesia dentro dos mais variados formatos, unindo a força expressiva de sua dicção com música, artes plásticas, teatro, cinema e, especialmente, uma presença pessoal que fazia de suas aparições públicas verdadeiros happenings. Em 1996 foi publicado na Coleção Catatau (co-edição da Fundação Cultural de Curitiba e Editora Iluminuras) O Livro de Poemas de Marcos Prado, uma reunião de material do Livro dos Contrários e de outros trabalhos do autor.

Em 1998 teve diversos poemas traduzidos para o inglês por Charles A. Perrone, Frederick G. Willians, Clelia F. Donavan e Lígia Vieira Cesar, publicados no livro Outras Praias/Other Shores, organização de Ricardo Corona.

Em 2006 a Travessa dos Editores publicou Ultralyrics, uma boa amostra de sua obra, organizada por Felipe Hisrch e com textos complementares de Roberto Prado, Mário Bortolotto, Luiz Antonio Solda e do próprio Felipe. Esta mesma edição tem encartado o CD “Aquelas Canções do Marcos Prado”, com 25 composições suas, interpretadas pelo grupo musical Beijo aa Força.

Extraído da Wikipedia.

 

101 POETAS PARANAENSES (V. 2  (1959-1993)  antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI.  Seleção de Ademir Demarchi.  Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014.  398 p. 15X 23 cm.  (Biblioteca Paraná) Ex. bibl. Antonio Miranda

 

SE ESSES VERSOS RESISTIREM À MINHA TENTAÇÃO/FAÇA-OS EM PEDAÇOS AGOI MESMO/CADA FRAGMENTO DESSES CAÍ-1 DOS NO CHÃO/É PROFUNDO MERECEDOS DE SEU PISOTEIO

 

1

joguei fora tudo que escrevi três vezes
e trinta e três vezes reescrevi
sempre o mesmo sobre o mesmo há meses
desejo de estraçalhar o que escrevi

 

2

não entendo, eu até levo jeito
sempre tenho comigo uns versinhos
tão bonitinhos, tão engraçadinhos
que dão até um nozinho no peito

 

3

se eu fosse suicida, já teria feito
o que, no fundo, todo mundo sempre quis
e deus e diabo: todo mundo feliz

 

4

se nasceu pó, volte logo ao pó que é
e a noite, como o poema, vire cinza
ninguém nesta terra é o que quer
aqui, aquele que é bom, não vinga

 

5

pode também que eu seja apenas vagabundo
ou um solitário que aprendeu no verso
que isso a que chamam de mundo
não é o centro das atenções do universo

 

***

 

          não escreve aqui quem sabe de tudo
          o que você quer, o que sabe, pra mim, nada
          apenas quero daquele que é mudo
          dizer o que acha dessa palhaçada

          o ritmo vale mais que a métrica e a rima
          a métrica é salão e a rima cozinha
          tudo que a inteligência dizima
          é fato a mim e ideia de fato minha

          você, que é devorador de comida alheia
          que se serve do talento de outro prato:
          seu sangue não vai mudar de veia
          se não criar pra você um novo braço

 

          ***

         
          esse cara me deixou tanto tempo muda
          que quando ele me pegou fiquei inquieta
          bruto, o que será de mim com esse poeta?
          jesus no céu e ele na terra e deus acuda?

          tento pular da máquina mas não consigo
          pálida, finjo de morta pra escapulir
          emperrar as teclas, a máquina explodir
          mas o idiota faz o que quer e é comigo

          se ele se contentasse com seus decassílabos
          eu teria a docilidade de um churro
          porém, com ele roubo, eu assassino, eu curro

          não me perdoou nem pela orelha de burro
          e resolveu fazer em mim dodecassílabos
          que eu não sei se grito, me rasgo, uivo ou urro

 

 

FANTASMA CIVIL. XX Bienal Internacional de Curitiba 2013.  Organização Ricardo Corona.  Curitiba, PR:          Fundação Cultural de Curitiba, 2013.   43 cartões com imagens aéreas de Curitiba e, no reverso, versos de poetas paranaenses. Projeto gráfico Medusa. Obra inconsútil.  ISBN 978-85-64029-08-8  Inclui os poetas: Josely Vianna Batista, Lindsey R. Lagni, Ademir Demarchi, Luci Collin, Fernando José Karl, Roberto Prado, Sabrina Lopes, Bruno Costa, Amarildo Anzolin, Carlos Careqa, Roosevelt Rocha, Camila Vardarac, Marcelo Sandmann, Vanessa C. Rodrigues, Anisio Homem,  Greta Benitez, Ivan Justen Santana, Mario Domingues, Marcos Prado, Bianca Lafroy, Estrela Ruiz Leminski, Sérgio Viralobos, Alexandre França, Helena Kolody, Wilson Bueno, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Zeca Corrêa Leite, Édson De Vulcanis, Afonso José Afonso, Homero Gomes, Leonardo Glück, Hamilton Faria, Emerson Pereti, Andréia Carvalho, Ricardo Pedrosa Alves, Priscila Merizzio, Marcelo De Angelis, Adalberto Müller, Cristiane Bouger. 

 

 

Página publicada em abril de 2016; ampliada em dezembro de 2016.

 

 


 

 

 
 
 
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