LIDIA DALMAZO
Lídia Gonçalves Dalmazo nasceu em Maringá, PR, em 1952 e reside em Foz do Iguaçu-PR. Graduou-se em Língua Portuguesa (1989, em Letras (UNIOESTE) e Educação Física (UNIAMÉRICA). Escritora e professora. Publicou o um livro romance "Sombra e Luz", participação da Antologia dos Escritores do Extremo Oeste do Paraná (Poemas).
NÓS DA POESIA. – volume 2. Org. Brenda Marques Pena. São Paulo: All Print, 2009. 119 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Flores e Ferro
(3o Lugal Bolão Poético do IMEL)
No silêncio, ouço gritos
Tortuosas mímicas celebram medo
De um presente ou futuro distante
Embrutecendo como se fosse rochedo
Bando de minutos sem calma
Extasiam e dançam sedentos em círculo
Zombam dos sérios e atentos
Sorriem, sopram tochas ferindo a alma
Entre sombras, nuvens de fumaça negra
Estrelas que não veem a noite chegar
Arrepios de um sol que precisa nascer
E que nestas sombras não podem brilhar
Num colapso o silêncio de desfaz
Onde sonhos se esvaem como areia no mar
Como uma silhueta que rabisca um luar
E surdamente na esperança, repousa a paz...
Eu tenho fome
(Destaque Especial Bolão Poético - IMEL)
Subi nos olhos da noite
Pelo céu me estirei
A contemplar os segredos
Nas estrelas tropecei.
Na queda, senti-me fraco
Arrastei-me na escuridão
Numa vertigem macabra
Vítima de sede e pão
Lutei e suor derramei
Perdi muitas noites de sono
Ao enfrentar cada fato
Nos braços do abandono
Percebi muitos corpos rachados
Gente de embalagem comum
Tantos se enganam e confundem
Às vezes embalagem é presente nenhum
Na extensão, muito eu fizera
Pra minha fome fartar
E muitos deixaram-se morrer
Sem tentar a fome matar!
Dias de sol ou nublados...
Adquiriram novo brilho
Ao corpo seco e raquítico
O pai olhou por seu filho
Desafiei tristezas e fracassos
Fui rocha e zelei pelo nome
Entretanto, assisti parte dos homens
Sem lar e morrendo de fome!
Nós mundo
O vento sopra, anoitece devagar,
Na manhã: a brisa, o orvalho, o ar.
A luz dourada no lençol branco banhou,
No colo fecundo com ternura acordei.
A terra me aceitou, com carinho me acolheu,
Com paciência, guiou meus primeiros passos.
Numa orquestra de afagos, sua mão me contagiou,
E com seu talento aproximou e me encantou.
No perfume do ar, fui envolvida e aplaudida,
E nas cores da natureza esculpida.
Por vezes, meus olhos suplicaram nos seus,
Pequenos gestos, futuro e liberdade de vida.
Foram alguns anos, quase que uma vida...
Na despedida, lágrima que ficou e partiu.
O homem pouco se comoveu, marcas o estreitaram,
Na sua inconsciência o pranto, verde limo jorrou.
Soluços derradeiros no silêncio sucumbiram,
O eco de um abraço sangrento e frio.
Suplício da mais cruel ironia, o lamento,
E no calvo jardim, aridez, deserto e relento.
Na saudade, a esperança de um até breve...
Num reencontro, no calor de suas mãos, poder
Acordar, brilhar e com seu amor viver.
Na colheita, a certeza de amigos permanecer.
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Página publicada em dezembro de 2020
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