KAREN ÉLER
[Paranavaí, PR, 1977], mestre em direito, é juíza federal. Tem poemas publicados no jornal literário Rascunho e um livro de poesia no prelo: Acima de tudo, a lua.
POESIA SEMPRE –No. 32 – Ano 16 – 2009. Poesia contemporânea do Irã. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2009. Editor: Marco Lucchesi. Capa: Rita Soliéri Brandti. ISSN 9770104062006. Ex. bibl. Antonio Miranda.
I
Debaixo da pele
E esse campo minado
De pontas e quinas.
Estranhas engrenagens
Aplicam choques grandes
E pequenos.
Tocaias nas esquinas.
Dinamite em cada vão.
Ninguém se aproxime do meu coração.
II
A noite pousou
Longos e escuros dedos.
Tudo se guarda e oculta
Por mais que os olhos suponham.
Será que as árvores dormem ?
As pedras, será que sonham ?
Olhos de gatos passeiam.
Casos de amor nos telhados.
E os homens dormem nas casas.
Sonos anunciados.
Ronda noturna do vento.
Vigília dos altos muros.
Os vestidos das mulheres
Vão sonhando pela rua.
Embaixo de tudo a terra,
Acima de tudo a Lua.
III
Pego a porção do dia
Como um punhado de terra.
Deixo para os fortes
A escavação do mundo.
Eu, que sou fraca,
Não baixo meus olhos para o fundo das coisas
Nem estendo o meu braço em direção à Verdade.
A Verdade que eu soubesse
A levaria nos ombros
E seria muda e mal cheirosa.
Por isso ando leve,
Tão leve que nem sei perguntar,
Tão leve que cumprimento o segredo de tudo
Com um sorriso e sigo.
Página publicada em julho de 2019
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