SIMBOLISMO – POETAS SIMBOLISTAS
JOSÉ GELBCKE
Embora possua em seu segundo livro sugestivos versos, continuando a ver "No céu um bergantim a navegar — a Lua", nesse livro José Gelbcke já não é simbolista como no primeiro, Missas, separado daquele pelo espaço de nove lustros. Nasceu José
Gelbcke em Morretes, no Parana, em 4 de agosto de 1879. Fez os preparatórios no Ginásio Paranaense, em Curitiba, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Paraná, em 1922, e foi funcionário da Fazenda federal.
Seu simbolismo conserva-se nítido nas poucas poesias dessa corrente que figuram em seu livro do outono e velhice: assim na que o abre. O título do volume inicial é explicado pela "Invocação", na qual a alma do poeta reza "missas de sete cores" a Nossa Senhora "das sete espadas". Os simbolistas aliás usavam do vocabulário litúrgico e religioso de modo frequentemente profanador e até blasfemo.
BIBLIOGRAFIA DO AUTOR
Missas, D'"A Exedra", Curitiba, 1905; Acordes, Curitiba, Edição do Centro
de Letras do Paraná, 1950.
PÉRICLES EUGÊNIO DA SILVA RAMOS, in POESIA SIMBOLISTA Antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1965, p. 313-314.
BRANCA
Noiva, deixa beijar as tuas mãos pequenas,
Nascidas para estar em regalos de arminho;
São mais alvas, talvez, que o teu leque de penas
E mais puras, eu sei, do que as sedas dum ninho.
Sou mendigo de amor, elas são Madalenas,
Feitas só para andar de carinho em carinho.
Vamos juntos partir pelo mesmo caminho,
De pousadas em flor, de tapiz de açucenas.
Ao tirá-las assim dentre rendas e plumas,
Julgo ver repetir-se a apoteose do belo,
Anfitrite surgindo outra vez das espumas.
Hóstias brancas de amor, deixa agora beijá-las,
Mãos gentis que eu adoro e entre as minhas anelo
Flor de neve polar, lélia ebúrnea das salas.
Em suas "missas" coloridas Gelbcke nao despreza as outras c6res, nao
sendo exclusivo seu culto do branco.
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