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 HAMILTON FARIA   Hamilton José Barreto de Faria nasceu em  Curitiba, Paraná.  Em 1983, publicou Emoções, seu primeiro livro. Foi um dos  fundadores da Editora Cooperativa dos Escritores (ECE), importante na  publicação de poetas dos anos 70.  Hamilton Faria publicou oito livros   de poemas e participou de vinte antologias, no Brasil e no exterior.   Publica desde 1976 por várias editoras e em jornais, revistas impressas e   eletrônicas, sites e outras publicações de grande circulação no país.   Participou de recitais, lançamentos e palestras em feiras de livro, universidades, fóruns internacionais de cultura, centros culturais e em espaços públicos ( praças e ruas). Em 2011, publicou o seu primeiro livro digital intitulado MinimoImenso. Em 2012, publicará Memória de Frutos pela Escrituras Editora. Recebeu prêmios por trabalhos literários e culturais.   Veja também os HAICAIS de Hamilton  Faria...     ODEÁGUAS ao Rio Negro   Águas de onde O céu se esconde Por trás dos montes Nas tuas telas   Desenho nelas Um mar de águas Que se evapora No lá de longe   Onde não há  Hoje ou ontem Águas que montes Cavalgam horizontes ?   E onde o sol  Se põe contente Dizendo adeus Ao dia errante   Águas pra onde Me levas sempre Nem sei se nasces Ou morres onde   Sei só que trazes O que não há O que não finda O que não diz –   Dirá ainda? Águas me levas Algum lugar E o que me trazes   Não sei o que Será quando Águas de úberes Vaca sagrada   Bebe-se nelas O doce leite Do riomar Que galga o céu   Como prece o altar Ó rio que fonte Te pariu onde ? Rio voraz    Que não és mar Se tudo tomas e  Te apraz ? Que não és mar   Tu que não tens Sonhos de fonte Ou inocente córrego Sem horizonte ?   Que nasceste E a morte não virá Te visitar Soma das águas !  Que sonham A Mar      FARIA, Hamilton.  Cidades do ser.   São Paulo: Masso Ohno Editor,  1988.   93 p  16x21 cm.  Ilus.   Capa e ilustrações de Fernando Fernandes. Tiragem de 100 exs.     O SER O VOO
 Nenhum ser é plenamente voo
 se não sabe da magia da terra
 ou totalmente luz
 se o escurecer lhe cega
 Todo horizonte é terrível
 se o voo nega
 o  passo elementar
 
 Logo     sigo     quase    pássaro
   PÊNDULO
 Ora    um insetozinho bastardo preso à  tênue eia de cristal
 Ora    um anjo etéreo ensinando infinito  às latitudes
 
 Sempre    a procura na inquieta densidade  do diamante.
   ANIMUS ANIMA
 A Paulo Sá Brito
 Quanto chorei ao tê-lachorar é a mutação da pedra em estrela
 
 E tanto mais ao perde-la
 chorar é ser perdedor na perda
 
 Rasguei a seda revelei belezas
 ao me fazer mais inteiro na incerteza
     CASA DOS OMAGUÁS   www.poetahamiltonfaria.org.br       Apresentação     No mês de julho, em visita à Polônia, tive  a oportunidade e a dádiva de apreciar a beleza desse país e conhecer  melhor  o   sofrimento de seu povo. Visitei Auschwitz, chaga, mancha, cicatriz de  uma civilização enlouquecida.  Em  homenagem à Polônia, aos que sofreram no campo de concentração e à poetisa  Wislawa  Szymborska, realizamos (alguns  andarilhos) a  leitura de um poema da  poetisa em várias línguas, no portão de Auschiwtz-Birkenau.     Hamilton Faria           Polska                                                    “Não sei o papel que desempenho.                                                    Só sei que é meu, impermutável”.                                                        Wislawa  Szymborska    O CÃO  POLACO   O cão polaco abana o rabo Sem saber de nada O que se passou em Varsóvia   De pólvora lágrimas muros                                                   - o General Inferno –    Sem saber da flor da Pomerânia Sem saber  – “é melhor morrer  De vodka do que de tédio”- Sem saber Pátrias esfumam-se Nos mapas O cão polaco quietude  Da Wierzba placzaca Olha-nos –  em compaixão   O Vístula vestido de noiva Sem saber que a memória                                         Queima            A  CAMINHO DE TORUN   Noturna a chuva no Vístula  E calmo espreita a cidade Que logo águas em fuga Correm montanhas estrelas Outras e outras cidades De onde o rio se escapa - verdes escuros espantos – No mais silêncio de relva E tanto imensa-se em mar              EM  WISLAWA SZYMBORSKA                                                      ( Conversa  conversos – de Wislawa Szymborska )      E assim componho aos pedaços A quem se destina o teu puro traço    Por falta de eternidade Bato à porta da pedra . Esquecem-se de que isso não é a vida. É a guerra, você tem que escolher.  Tua aldeia ainda existe? Talvez  o tempo de piscar de uma galáxia  pequenina ! O ressuscitar dos mortos das cenas de batalha. A incorrigível disposição de amanhã começar de novo. Ao cair do telhado desço de manso na relva. Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por  segundo. É concebível que meus olhos estivessem abertos. Era para se chegar à primavera e à felicidade. Nada mudou, além do curso dos rios. A relva cobriu as causas e os efeitos. Porque afinal cada começo é só continuação.   Wislawa – perdão  - Te vou compondo de teus pedaços Como quem anseia o inteiro traço.                                                                                                            NA  PORTA DE AUSCHWITZ                                                 ( com a respiração suspensa) O vento toca sem cordas Fina música da existência Um sopro em Auschwitz De tão delicado:  quase oração De joelhos sussurra : - Entre, A casa é sua !   ============================================   DOZE HAIKUAZES    Quase inverno O ventre da mulher - Lua crescente   Esgoto o verbo Só o silencio Me liberta   Caminhada noturna Como um velho mestre A lua ensina a cidade   Caminhada noturna A lua olha a cidade Com superioridade   Ninguém merece Os anos maduram A xícara não obedece   Por melhor que seja A ração e o sono Não invejo o cão    O besouro  Tão pequenino - eu ele Tamanho destino   Beleza tem patas A vida busca sentidos No terno olhar da vaca   Retrato do abandono Cansado de domingos O cão sem dono   O som da água Entre as pedras: Barulho que a vida precisa   Concluo - breve e silente O que mostrei do amor Foi o instante   (Hamilton Faria, inéditos, abril  2013)       FARIA, Hamilton.  MínimoIMENSO.  São Paulo: Instituto Cultural Casa Omaguás,  2013.  96 p.  (Coleção POTLATCH pelo reencantamento do  mundo)  10x15 cm.  Design visual e fotos: Marilda  Donatelli.  ISBN 978-85-67639-00-0  “ Hamilton Faria “ Ex. na bibl. Antonio  Miranda.   Alegria tristeTudo morre
 E ainda existe
   Converso com a rãHá na loucura
 Alguma coisa sã
   Jardim inatingívelBrotar de três linhas
 A flor do que digo
   Ora, vê se não insiste!O futuro é agora
 O amanhã não existe
   Aqui o meio do caminhoNessa viagem vou comigo
 Quero nunca andar sozinho
     
  
    |  |  FANTASMA CIVIL. XX Bienal Internacional de Curitiba 2013.   Organização Ricardo Corona.   Curitiba, PR:          Fundação  Cultural de Curitiba, 2013.   43 cartões com  imagens aéreas de Curitiba e, no reverso, versos de poetas paranaenses. Projeto  gráfico Medusa. Obra inconsútil.  ISBN  978-85-64029-08-8  Inclui os poetas:  Josely Vianna Batista, Lindsey R.  Lagni, Ademir Demarchi, Luci Collin, Fernando José Karl, Roberto Prado, Sabrina  Lopes, Bruno Costa, Amarildo Anzolin, Carlos Careqa, Roosevelt Rocha, Camila  Vardarac, Marcelo Sandmann, Vanessa C. Rodrigues, Anisio Homem,  Greta Benitez, Ivan Justen Santana, Mario  Domingues, Marcos Prado, Bianca Lafroy, Estrela Ruiz Leminski, Sérgio  Viralobos, Alexandre França, Helena Kolody, Wilson Bueno, Paulo Leminski, Alice  Ruiz, Zeca Corrêa Leite, Édson De Vulcanis, Afonso José Afonso, Homero Gomes, Leonardo  Glück, Hamilton  Faria, Emerson  Pereti, Andréia Carvalho, Ricardo Pedrosa Alves, Priscila Merizzio, Marcelo De  Angelis, Adalberto Müller, Cristiane Bouger.   
  
    |  |  |      Página publicada em março de 2012; ampliada e republicada em agostso 2012; AMPLIADA E REPUBLICADA EM MAIO 2013. Ampliada e republicada em setembro de 2014. ampliada em dezembro de 2016.
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