Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O SIMBOLISMO - POETAS SIMBOLISTAS

  


EMILIANO PERNETA

(1866-1921)

 

 

David Emiliano Perneta nasceu e morreu em Curitiba. Formou-se advogado pela Universidade de São Paulo. Além de ter sido jornalista, advogado e professor de português, Perneta foi um dos fundadores do clube republicano de Curitiba e publicou, em livros, jornais e revistas, poesia e prosa poética simbolista.

 

Sua obra poética inclui Ilusão (1911), Pena de Talião (1914) e os póstumos Setembro (1934) e Poesias Completas (1945).

 

 

TEXTO EN ESPAÑOL

 

 

 

VENCIDOS

 

Nós ficaremos, como os menestréis da rua,

Uns infames reais, mendigos por incúria,

Agoureiros da Treva, adivinhos da Lua,

Desferindo ao luar cantigas de penúria?

 

Nossa cantiga irá conduzir-nos à tua

Maldição, ó Roland? ... E, mortos pela injúria,

Mortos, bem mortos, e, mudos, a fronte nua,

Dormiremos ouvindo uma estranha lamúria?

 

Seja. Os grandes um dia hão de cair de bruço ....

Hão de os grandes rolar dos palácios infetos!

E gloria à fome dos vermes concupiscentes!

 

Embora, nós também, nós, num rouco soluço,

Corda a corda, o violão dos nervos inquietos

Partamos! inquietando as estrelas dormentes!

 

Ilusão (1911)

 

 

GLÓRIA

 

Ao I. Serro Azul

 

Quando um dia eu descer às margens desse lago

Estígio, onde Caron, mediante uma parca

Moeda de estanho vil 0ll cobre, que eu lhe pago,

Há de me transportar numa sombria barca ...

 

Quando sem um sinal, sem uma prova ou marca

De afeição, eu me for por esse abismo vago,

Vendo que sobre mim funebremente se arca

O céu, e junto a mim esse Caron pressago ...

 

E envolvido na mais completa obscuridade,

Abandonado, e só, e triste, e silencioso,

Sem a sombra sequer do orgulho e da vaidade,

 

Eu tiver de rolar no olvido, que me espera,

Que ao menos possa ver o palácio radioso,

Feito de louro e sol e mirto e ramis de hera!

 

Ilusão (1911)

 

 

DOR

 

 

Ao Andrade Muricy

 

Noite. O céu, como um peixe, o turbilhão desova

De estrelas e fulgir. Desponta a lua nova.

 

Um silêncio espectral, um silêncio profundo

Dentro de uma mortalha imensa envolve o mundo

 

Humilde, no meu canto, ao pé dessa janela,

Pensava, oh! Solidão, como tu eras bela,

 

Quando do seio nu, do aveludado seio

Da noite, que baixou, a Dor sombria veio.

 

Toda de preto. Traz uma mantilha rica;

E por onde ela passa, o ar se purifica.

 

De invisível caçoila o incenso trescala,

E o fumo sobe, ondeia, invade toda a sala.

 

Ao vê-la aparecer, tudo se transfigura,

Como que resplandece a própria noite escura.

 

É a claridade em flor da lua, quando nasce,

São horas de sofrer. Que a dor me despedace.

 

Que se feche em redor todo o vasto horizonte,

E eu ponha a mão no rosto, e curve triste a fonte.

 

Que ela me leve, sem que eu saiba onde me leva,

Que me cubra de horror, e me vista de treva. 

 

 

METAMORFOSES

 

A Mme. Georgine Mongruel.

 

Sei que há muita nudez e sei que há muito frio,

E uma voracidade horrível, um furor

Tão desmedido que, quando eu acaso rio,

Quantos não estarão torcendo-se de dor.

 

Conheço tudo, sim, apalpo, indago, espio...

Tenho a certeza que vá eu para onde for,

Como o escaravelho, hei de o ódio sombrio

Ver enodoar até o seio de uma flor.

 

Mas sei também que há mil aspirações estranhas,

Que havemos de subir montanhas e montanhas,

Que a Natureza avança e o Homem faz-se luz...

 

Que a Vida, como o sol, um alquimista louro,

Tem o dom de poder mudar a lama em ouro,

E em límpidos cristais esses rochedos nus!

 

 

CORRE MAIS QUE UMA VELA... 

 

Corre mais que uma vela, mais depressa,

Ainda mais depressa do que o vento,

Corre como se fosse a treva espessa

Do tenebroso véu do esquecimento.

 

Eu não sei de corrida igual a essa:

São anos e parece que é um momento;

Corre, não cessa de correr, não cessa,

Corre mais do que a luz e o pensamento...

 

É uma corrida doida essa corrida,

Mais furiosa do que a própria vida,

Mais veloz que as notícias infernais...

 

Corre mais fatalmente do que a sorte,

Corre para a desgraça e para a morte...

Mas que queria que corresse mais!

 

 

SÚCUBO

 

Desde que te amo, vê, quase infalivelmente,

Todas as noites vens aqui. E às minhas cegas

Paixões, e ao teu furor, ninfa concupiscente,

Como um súcubo, assim, de fato, tu te entregas...

 

Longe que estejas, pois, tenho-te aqui presente.

Como tu vens, não sei. Eu te invoco e tu chegas.

Trazes sobre a nudez, flutuando docemente,

Uma túnica azul, como as túnicas gregas...

 

E de leve, em redor do meu leito flutuas,

Ó Demônio ideal, de uma beleza louca,

De umas palpitações radiantemente nuas!

 

Até, até que enfim, em carícias felinas,

O teu busto gentil ligeiramente inclinas,

E te enrolas em mim, e me mordes a boca!

 

 

 

 

PERNETA, EmilianoIlusão & outros poemas.  Edição crítica.  Introdução e seleção Cassiana Lacerda Carollo. Curtiba: Prefeitura Municipal de Curitiba, 1996.  230 p.  (Coleção Farol do Saber)   14x21 cm.  Col. A.M. (EA)

 

 

DE UM FAUNO

 

Acordaste mais cedo, em teu roupão de linho,

Nessa alegre manhã cor-de-rosada e fria.

Como foi belo o sol! o sol como floria !

Era uma só canção: o aroma, a luz, o ninho.

 

Esperavas teu noivo, oh ! Ema ! oh ! cotovia !

E era tão forte o teu delicioso carinho

Que, ébrio contigo, tudo acordou, ébrio, um vinho

Espumava, a dourar, como os vinhos da Hungria.

 

Cega, no meio desse amplo esplendor sonoro,

Nada mais vias, cruel, senão teu sonho de ouro

Mais pomposo que um deus moço, numa equipagem

 

Ao teu lado não viste um fauno, não me viste,

Ema! a sorrir, também, como uma nódoa triste,

Da Inveja - alteza real l - dissimulado pagem.

 

1895

 

 

 

SONETO

 

Nada pode igualar o meu destino agora

Que o furor me feriu com um tirso de marfim,

Vede, não me contenho, o abutre me devora,

Com as suas mãos que são de nácar e jasmim...

 

Meu sangue flui, meu sangue ri, meu sangue chora.
E se derrama como o vinho dum festim.

Não há frauta que toque mais desoladora.

Ninguém o vê correr, mas ele não tem fim.

 

Possuísse, ao menos, eu, o dom de transformá-la

Numa folha, no aloés, no vento frio, no mar.

Ela que inda é mais fria e branca do que a opala.

 

Mas nada, nem sequer ao menos, eu, torcido

O tronco nu, o gesto doido, o pé no ar,

Hei de ver Salomé dançar como S. Cuido !

 

MCMII.

 

 

 

FOGO SAGRADO

 

Ao pôr do Sol - que é uma falua

De vela para o Pesadelo ...

Calção de rendas amarelo

Fino gibão, cabeça nua,

 

Ei-lo ! Não sei que setestrelo

Cobre-o ! Não sei que azul flutua !

Montado num ginete em pêlo

A par e passo com a lua!

 

Seguiu, ligeiro, ligeiro;

Passam cavalo e cavaleiro

Um rodamoinho de escarcéus ! ...

 

É como um ciclone violento !

Olhai ! ... Que vão o Sol e o Vento

Arrebatá-lo para os Céus !

 

Abril-1900

 

 

 

PERNETA, Emiliano. “Emiliano Perneta” Edição especial de TEXTURA No. 2 – Curitiba, PR: julho/dezembro de 1981.Edição da Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte do Estado do Paraná. Publicação semestral.   174 p.  20x25 cm.  Sumário: Apresentação, por Luiz Roberto Soares; Emiliano Perneta: cronologia, bibliografia do autor, iconografia sobre Emiliano Perneta – por  Cassiana Lacerda Carollo; O lançamento de “Ilusão” e a coroação pública de Emiliano Perneta; Textos de Oscar Gomes e Andrade Muricy; Ensaios: “Subsídios para uma leitura histórico-sociológica do livro “Ilusão”, por Heitor Martins; “A ânsia do absoluto na poesia der Emiliano Perneta”, por Denise Azevedo Guimarães; Resumos.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

AMOR CINZENTO

 

Em baixo é o dia fusco, é a luz mortuária, em cima

Rolos de fumo e sebo, ó sotumacloaca!

A vida extinta sob uma grandeza opaca...

Nem pomos de ouro, nem cantigas de vindima!

 

Fumo só. Tédio só. Natureza de luto.

Cinza e betume chove. E em torno se derrama

Todo um acre vapor feralmente corrupto,

Feito de cerdos e de batráquios e lama...

 

O corpo é um muito mau pardieiro, bem vedes!

E por isso também, embora que murmures,

Oh! minha alma! estás presa entre quatro paredes!

 

Presa! e dilui-se o mundo! e nem um sonho ao menos,

E nem festas! e nem um agasalho algures.

Num leito brando, nuns braços de Vênus!...

 

 

PERNETTA, EmilianoPoesias completas de Emiliano Pernetta.  I  Ilusão.  Nota biográfica de Andrade de Muricy.   Estudo crítico de Tasso da Silveira.  Rio de Janeiro: Livraria Editora Zelio Valverde, 1945.  161 p.  (“Coleção Grandes Poetas do Brasil”)  “ Emiliano Perneta “ Ex. bibl. Antonio Miranda  (encadernado sem a capa original ) 

 

GATA

 

Na brancura da pele e no gesto macio,

A carícia tu tens e a moleza de gata:

O teu andar sutil é doce como a pata

Desse animal pisando um tapete sombrio...

 

Tens uma morbidez lânguida de sonata.

Teu sorriso é polido, é fino e é muito frio.. .

Se as tuas mãos acaso eu beijo e acaricio,

Sinto uma sensação esquisita, que mata.

 

Quando eu tomo esse teu cabelo ondeado e louro,

E o cheiro, e palpo o teu corpo branco e felino,

Como te torces, pois, minha serpente de ouro!

 

O teu corpo se enrola em meu corpo amoroso,

E o teu beijo me aquece e vibra como um hino,

Animal de voz rouca e gesto silencioso!

 

 

 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda  

 

IGUAÇU

                Ao Joaquim de Castro

 

Ó rio que nasceu onde nasci, ó rio
Calmo da minha infância, ora doce, ora má,
Belo estuário azul, espelhado e sombrio,
Quanto susto me deu, quanto prazer me dá !

Quantas vezes eu só, nessas manhãs d'estio,
Ao vê-lo deslizar, pomposamente, lá,
Pálido não fiquei, tão majestoso vi-o,
Orgulho do Brasil, glória do Paraná !

Companheiro ideal! Durante toda a viagem,
Foi o espelho fiel a refletir a imagem
Dos montes e dos céus, discorrendo através

Da floresta, ora assim como um cão veadeiro,
A fugir, a fugir alegre e alvissareiro,
Ora deitado aqui, quase a lamber-me os pés 1

 

                ("Poesias Completas", vol. 1.°)

 

 

 

TEXTO EN ESPAÑOL


Tradução de ÁNGEL CRESPO

Extraído de
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA, desde el Romanticismo a la Generación de           cuarenta y cinco.  Trad. Ángel Crespo.   Barcelona: Seix Barral, 1973.   440 p. 

 

        GATA

        De la piel en la altura y en el gesto de hastío
        Tienes tú una caricia y molicie de gata:
        Tu andar sutil es dulce lo mismo que la pata
        de ese animal pisando en un tapiz sombrío…

        Una morbidez tienes lánguida, de sonata.
        Tu sonrisa es pulida y es fina y tiene frío…
        Si a tus manos acaso obsequia un beso mío
        Siento una sensación exquisita que mata.

        Si tomo tu cabello rizado y esplendente,
        Lo huelo, y palpo tu cuerpo blanco y felino
        ¡Cuál se retuerces, ah, mi dorada serpiente!

        Enróscase tu cuerpo a mi cuerpo amoroso,
        Tu beso me calienta y vibra como un himno,
        Animal de voz grave y gesto silencioso.

 

        SÚCUBO

        Desde que te amo, mira, casi infaliblemente
        Todas las noches vienes aquí. Y aquí a mis ciegas
        Pasiones, y al furor, ninfa concupiscente,
        Tuyo, tal como un súcubo, de ese modo te entregas…

        Por muy lejos que estés, te tengo aquí presente.
        Cómo vienes no sé. Yo te invoco y tú llegas.
        Cubre tu desnudez, fluctuando dulcemente,
        Una túnica azul cual las túnicas griegas…

        Leve, junto a mi lecho das vueltas fluctuantes,
        Oh, Demonio ideal de una belleza loca
        Y de palpitaciones desnudas y radiantes.

Hasta que finalmente, con caricias felinas,
Este busto gentil ligeramente inclinas,
 Y te enroscas a mí, y me muerdes la boca.

 

 

  ES UNA HORA DE DOLOR

 Corazón mío, ¿por qué lates
Apresuradamente, así
?
Herido no seré en combates,

 

No me voy a batir en duelo,
Aunque sea un espadachín,
Por la belleza y cuanto anhelo.

 

—Mi corazón, ¿por qué pausada,
Pausadamente, tú te vas?
No habrá mi sangre derramada.

 

Por el camino, inútilmente,
Aunque yo no sea nada más
Que mi propia sombra impotente…

 

—¿Pues por qué lates, enervada.
Desordenadamente, qué?
Yo no tengo miedo de nada,

 

Ni de buena ni mala suerte…
—?Por qué lates, dime, por qué,
Si no hago caso de la muerte?

 

Que venga cuando sea su hora,
Con su profunda, extraña paz,
Con su mortaja alba, heladora…

 

Ha de encontrarme, como un justo,
Pálido, sí, pálido, mas
Sin el menor recelo o susto...

 

Que entre por la puerta espaciosa,
Que venga sola y sin su rito,
Sutil, solemne y amargosa;

 

Que me ponga el pie en la garganta,
Que me pise como a una planta,
Mala hierba, polvo maldito.

 


TROVAS 2.  TROVAS.   [Seleção de Edson Guedes de Morais]: Bastos Tigre, Batista Capellos,  Belmiro Braga, Benedita de Melo, Carlos Guimaraens, Carolina Azevedo, Catulo Cearense, Cícero Acaiaba, Cleoniice Rainho, Djalma Andrade, Durval Mendonça, Edgar Barcelos, Edmar Japiassu Maia, Edna Valente, Elmo Elton S.
Zamprogno, Elton Carvalho, Emiliano Pernete.   Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2013.   17x12 cm. 
edição artesanal, capa plástica e espiralada.  
                                                           Ex. bibl. Antonio Miranda

³



 

 

 

*

Página ampliada e republicada em março de 2023

 



     

Página republicada e ampliada em outubro de 2017; ampliada em dezembro de 2019



Voltar para o topo da página Voltar para poesia dos Brasis Paraná

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar