Foto: Vera Solda
EDSON DE VULCANIS
Edson de Vulcanis (Curitiba, 1957) escreveu, em parceria com Marcos Prado, os livros Paraguayos do universo, Três quadrúpedes bípedes (com Márcia Goedert) e O amor é Lino (com Márcio Goedert, Edilson dei Grossi e Antonio Thadeu Wojciechowski).
101 POETAS PARANAENSES (V. 1 (1844-1959) antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI. Seleção de Admir Demarchi. Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014. 404 p. 15X 23 cm. (Biblioteca Paraná)
fama é o limbo da glória
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sou uma sombra com luz própria
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beber é curtir o fígado
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os falsários choram copiosamente
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atrás de todo tarado
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sempre tem uma mocinha vagando
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certeza: a morte é hereditária
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marta rocha a torta perfeita
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a piranha usa saia de oncinha
o sutiã sempre diferente da calcinha
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pra Ku Klux Klan o negro é alvo
De Paraguayos do Universo, em parceria com Marcos Prado
A MULHER DO HOMEM ELEFANTE
afinal a porca é um ser humano
a manicure começou a dar os primeiros passos
ela caminhou cerca de cinco metros
porque está com elefantíase nas duas pernas
foi amparada por funcionários da clínica
com cerca de duzentos e quatro quilos a menos
ela diz: "foi uma grande emoção"
a manicure está aguardando
para os próximos meses
a realização da primeira cirurgia plástica
para a retirada de mais de cinquenta quilos de
pele
CARTOLA
sou negro albino
não sou sarará
já fui batedor de sino
hoje ensino a dançar
também bato tambor
alegre faço a cuíca chorar
batuque é uma espécie de amor
samba é uma forma de amar
A FELICIDADE BATE À MINHA JAULA
cheguei em casa truculento
estripei minha mulher
desossei meus filhos
taquei fogo nos vizinhos
não porque sou violento
mas por estar carente de carinho
acordei feliz e satisfeito
numa jaula cheia de companheiros
sem mulher, crianças e vizinhos
só amor, carinho e compreensão
guardas, grades, cães e carcereiros
aqui protegem do mal meu coração
*
é claro que sou escuro
na chuva não vejo suas pegadas
à noite não existe sombra na madrugada
meu mau gênio me entregou as garrafas
tudo que criei foi de fianco e de rosca
os comprimidos me comprimiram no coração
não tenho nenhuma alegria
desde a última vez que fiquei feliz
o que não é cinza minha alma lava
tudo pode ser escrito
por todas estas tintas
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FANTASMA CIVIL. XX Bienal Internacional de Curitiba 2013. Organização Ricardo Corona. Curitiba, PR: Fundação Cultural de Curitiba, 2013. 43 cartões com imagens aéreas de Curitiba e, no reverso, versos de poetas paranaenses. Projeto gráfico Medusa. Obra inconsútil. ISBN 978-85-64029-08-8 Inclui os poetas: Josely Vianna Batista, Lindsey R. Lagni, Ademir Demarchi, Luci Collin, Fernando José Karl, Roberto Prado, Sabrina Lopes, Bruno Costa, Amarildo Anzolin, Carlos Careqa, Roosevelt Rocha, Camila Vardarac, Marcelo Sandmann, Vanessa C. Rodrigues, Anisio Homem, Greta Benitez, Ivan Justen Santana, Mario Domingues, Marcos Prado, Bianca Lafroy, Estrela Ruiz Leminski, Sérgio Viralobos, Alexandre França, Helena Kolody, Wilson Bueno, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Zeca Corrêa Leite, Édson De Vulcanis, Afonso José Afonso, Homero Gomes, Leonardo Glück, Hamilton Faria, Emerson Pereti, Andréia Carvalho, Ricardo Pedrosa Alves, Priscila Merizzio, Marcelo De Angelis, Adalberto Müller, Cristiane Bouger.
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Página publicada em junho de 2016; ampliada em dezembro de 2016.
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