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DIRCE DE ASSIS CAVALCANTI

É autora de dois livros de memórias. O Pai, que evoca a infância e a adolescência como filha de Dilermando de Assis, e O Velho Chico ou a vida é amável, narrativa de uma viagem pelo rio São Francisco em missão antropológica que é, ao mesmo tempo, uma viagem iniciática interior. Como poeta, publicou pela Editora 7Letras, Kawabata e eu & penúltimos poemas, em 2005, e O livro dos mistérios, em 2006.  

DIRCE DE ASSIS CAVALCANTI

De
A PELE DAS PALAVRAS
Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.
ISBN 978-85-7577-511-0

A pele das palavras revela, em seu mais alto patamar, a qualidade da poesia de Dirce Cavalcanti. Neste livro, paralelo ao evidente domínio rítmico, a inventividade imagética, podemos auscultar, de modo subterrâneo, uma espécie de glosa ao verso de Camões: “A grande dor das cousas que passaram”.  Antonio Carlos Secchin

“... aqui se revelam elementos essenciais de um percurso poético em que ressaltam a solidão sentimental, a melancolia discreta que extravasa com elegância e timidez, o registro valorativo de um cotidiano que se esgarça no anonimato das coisas esquecidas...” Reynaldo Valinho Alvarez


PARA CULTIVAR pássaros
e falar com as flores
subir à montanha,
capturá-la em seus abismos
com viril delicadeza
mergulhar na amplidão
de suas formas.

Um mergulho perigoso
de onde se sai aos pedaços.

Reunir os cacos
em melancólico mosaico
recompor a paisagem
do que se foi um dia
mesmo sabendo que inteiro
não se é nunca mais.

*

DE MATÉRIA dispersa
o amor cruel, que devora
os seres apaixonados,
se faz cristal.

Sofrer e pecar e pecar e sofrer.
Nessa prova de fogo,
cúmplices, de uma hora à outra
os amantes se fundem

na desgraça sem dramas
do dia a dia.  Sem ramalhetes,
sem flores, sem fogos de artifício,
nem extenuantes sacrifícios.

Depois, ela e ele.  Lado a lado, mudos.
Comem linguiça e batatas fritas,
bebem uísque, frente à televisão.
Fartos de estarem juntos.

*

INFÂNCIA, PERFUME evaporado
lentamente, perdido no tempo,
frágeis gestos entregues
aos enganos, aos desenganos,
às descobertas, aos malogros,
aos tentáculos da disciplina,
aos medos do castigo.

Ai! O xixi feito na cama,
o lençol molhado, aos ombros,
manto de opróbrio desfilado,
o dia inteiro,
escada acima e abaixo
no internato.

A infância rastejando.
O tempo engrossando o verniz
dos móveis cobertos de poeira,
aumentando a faina roedora
dos ratos e dos cupins.
Verruma e broca. Furadoras
a acabar com ela: a infância.

Nas suas lendas, os personagens
não eram gnomos ou fadas.
No fogo dos holofotes
no cone de luz dos refletores
nada podia ser ocultado.
Nem meso as infâmias.
Que também as tem a infância.

Brincadeira de estátua.
Fisgada na luz, permanece
a infância num momento parado.
Grande boneco, na imitação
de um corpo capturado
pro rudes mãos. Água
de represa estagnada.

*

NÃO SEI QUE OUTRO mundo existe
do outro lado desse mar.
Se todo mar tem outra margem,
um dia chegarei lá.

Um salto no desconhecido.
Nascer de novo amanhã,
o antes e o depois,
tempo esquecido no hoje.

Não se pode descartar a pele
do vivido, como fazem as cobras.
O que tem o homem de seu
mais do que o que já viveu?

Quanto mais me esforço para lembrar
mesmo as pequenas alegrias,
o que mais recordo são,
que pena! Lamentos e agonias.

 

Página publicada em janeiro de 2009

 

 

 

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