Foto extraída http://www.mallarmargens.com/
ALEXANDRE HORNER
(1966-2013)
Nasceu em Londrina, Estado do Paraná. Era jornalista e poeta.
STACCATO
Eles estão em toda esquina
primeira e última vez — voz de espera
Eles estão em toda esquina
um passo adiante — dois retornos
consigo adivinhar cada etapa
um cluster, um mi agudo, um grave sustenido
Eles estão em toda esquina
Não se renda ao destino se renda a mim
interessante como os egoísmos se combinam
indefinidamente
eles estão em toda esquina
você pode dizer que está livre, definitivamente
meu momento, o teu momento, um traço só
sem receios
dominando o medo
mas não morde a máscara
escapa na primeira brecha
os cegos estão em toda esquina.
Poemas extraídos do livro
"Literacura" (Atrito, 2003):
NOMOS
No claro ou no breu
no branco, no escuro
clamo por luz
mas oro na treva
não me viro
se fujo, só celebro
o acaso que me
excita e assusta
e caio
nas conchas da mente
casa do ocaso
sono em vigília que
nada expira e tudo escuta
CINEMATISMO
ela é musa é quase cinema
sombra no sonho cortado
pela edição do melodrama
trama automática
paixão de estátua
velada no fotograma
É viva? respira no espaço lasso
à luz sombria, vago ritmo
a nada aspira
mima minhas lágrimas
em câmaras de compaixão
janela gelada, filtra
fio de navios
pendendo eternamente
no horizonte inquebrável
LOBA
Teus lábios
lambi lóbulos vermelhos
como lobo lambi teus lábios de fêmea
como homem mordi teus lábios de loba
O bote das línguas bêbadas
é o bom das noites cálidas
te quero sempressim
amadadiamante me
rebrilhamando
Página publicada em março de 2020
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