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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



ADEMIR DEMARCHI

 

 

Nasceu em Maringá (Paraná, Brasil) em 1960. Reside em Santos (SP), Doutor em Literatura Brasileira (USP), é editor de BABEL – Revista de Poesia, Tradução e Crítica. É autor de Os mortos na sala de jantar (Realejo Livros, 2007) e organizador de Passagens – Antologia de Poetas Contemporâneos  do Paraná (Imprensa Oficial do Paraná, 2002). Tem poemas, ensaios e na internet., e-mail: revistababel@uol.com.br

Veja também: http://www.germinaliteratura.com.br/ad.htm

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   -    TEXTOS EN ESPAÑOL



 

De

passeios na floresta

Porto Alegre: ébilis, 2008
30 p. 13,3x19,5 cm
" Aldemir Demarchi "
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

nietzsche por um átimo

 

nietzsche por um átimo

do alto da escarpa mirando as pedras

encobertas pela névoa

mais uma vez desgarrou-se do mundo

e sentiu-se pegureiro de nuvens

pastando no ar do abismo

 

tal como ele, o pastor lá embaixo

sentado na grama mas com o olhar

atravessado etéreo seus pequenos animais,

teve deles a visão de serem nuvens,

pequenas nuvens no pasto ôntico e ótico

 

 

oriente próximo

 

após a senha a sanha do prover vizir

e suas mônadas páginas nômades

o deserto eternamente móvel

eletroniza-se nos gãos/bits de areia

miragens informacionais

dunas moventes de dados gélidos

oásis-sites

cameloe-mails

cimitarras in time

incenses tolos

vestais virtuais

e sedutores portais

 

 

o hipogrifo sobre o túmulo

 

o hipogrifo súbito agitou as asas

alçando vôo de sobre o túmulo

em direção ao céu desejando-o seu

 

abaixo de seu corpo, apontando pelas garras

uma imensa calma de lápide

vasta manta no horizonte visto e vasto

 

não aceita a sina de triste monumento

voando tenta libertar-se de seu jugo de ornamento

 

determinado em vão em vôo persiste

imagem que paira presa sobre outra ampliada

imantando todos os túmulos num único espanto

 

 

a rã de bashô

 

velha lagoa cristalizada

de bashô salta a rã

na paisagem estilhaçada

 

OS MORTOS NA SALA DE JANTAR

 

De
OS  MORTOS NA SALA DE JANTAR
Santos, SP: Realejo Livros & Edições, 2007

 

Um obra singular, paranomásica no sentido de literalidade, de sua temática que vai do lúbrico ao sarcasmo, que denúncia práticas perversas e relativiza crenças e convicções; escalpela valores em crise e, no sentido cervantino do termo, exemplariza nossa relação com a morte (“o morto é pojeção do vivo”), acreditando ser esta  “uma invenção” humana.  pois a natureza é indiferente. “Cemitério atemporal”, diz o poeta.

A. M.

 


AMAZÔNIA
in memoriam


descansa em paz
no chão
e nos móveis da sala

 

 

MISSA

morto presente
vivos ausentes

 

 

POR ENTRE OS TÚMULOS

passeio
distraído
por entre os túmulos

às vezes noto perdido
alguém que carrega
o próprio corpo
por sobre os ossos
de todos os mortos

 

 

AFINAL, MAIS UM NEGÓCIO

o homem
é o único animal
que armazena seus mortos

e faz disso um negócio

 

 

 

 

 

 

DEMARCHI, Ademir.  Pirão de sereia.  Santos, SP: Realejo Livros & Edições, 2012.  268 p.  16x23 cm. Capa: Antonio CC. S. Almeida.  Edição comemorativa dos 50 anos do poeta, com apoio da Secretaria de Cultura, Prefeitura de Santos.  ISBN 978-85-99905-494   Col. A.M. 

 

 

NATUREZA MORTA

 

na natureza morta do quarto

diante da escrivaninha onde escreve ô artista

está uma cadeira de ferro, negra como um signo

de pernas abertas e escancaradas

remete à aranha velha e peluda de louise bourgeois

proibida ao pai e oferecida ao público vulvicida

forrada de psicanálise pêlos felpudos e farpas pontiagudas

sobre um tapete iluminado por um sol ludecente e quente

cercado de parênteses e sombras expressionistas

numa parede um jogo de dardos envenenados - pigmeus

noutra a estante num vazio abismado de livros

um volume de poemas aberto num lance de dados insofismáveis

objetos de todos os passados possíveis e imagináveis

um trem de madeira um calhambeque um elefante de marfim

a ave de origami amarelada pelo tempo

incrustada num bonsai voando em direção aos livros

animais silvícolas sonhados por indígenas

uma caneta tendo por base uma capela

 

um relógio parado, outro movente no único ruído roendo e ruindo

o tinteiro parker ao lado de revistas de peter e ken

e uma palma de mão espalmada pálida de mármore

tatuada com flores sobre a qual um globo terrestre

em miniatura dorme num ninho de cinzas dos cubanos fumados

irmanados com os manuscritos frescos e os já velhos

de manchas de tinto ainda e para sempre inéditos

inalcançáveis de serem lidos por seus olhos que se arrastam até aqui:

 

 

 

DA INCAPACIDADE DE SENTIR LUTO

 

amas parasita, diz e diz, não hesita:

o amor, errante, além de tudo cego

feito um imenso morcego negro

que, imerso em trevas, só vê o ego

 

ouves senão por apupos meigos

inflação económica de si mesmo

insuflada por espelhos vesgos

e promessas de paraísos temos

 

no vazio de si inflas de ilusão

e epifania um Pai de aluvião

que cadencie carnificina e gozo

 

o ego cego que tem por coração

blindado e oco veloz do ai se esvazia

 

veloz esqueces crimes e imune à punição

desobrigas-te de tudo

e até do luto

 

 

 

 

FANTASMA CIVIL. XX Bienal Internacional de Curitiba 2013.  Organização Ricardo Corona.  Curitiba, PR:          Fundação Cultural de Curitiba, 2013.   43 cartões com imagens aéreas de Curitiba e, no reverso, versos de poetas paranaenses. Projeto gráfico Medusa. Obra inconsútil.  ISBN 978-85-64029-08-8  Inclui os poetas: Josely Vianna Batista, Lindsey R. Lagni, Ademir Demarchi, Luci Collin, Fernando José Karl, Roberto Prado, Sabrina Lopes, Bruno Costa, Amarildo Anzolin, Carlos Careqa, Roosevelt Rocha, Camila Vardarac, Marcelo Sandmann, Vanessa C. Rodrigues, Anisio Homem,  Greta Benitez, Ivan Justen Santana, Mario Domingues, Marcos Prado, Bianca Lafroy, Estrela Ruiz Leminski, Sérgio Viralobos, Alexandre França, Helena Kolody, Wilson Bueno, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Zeca Corrêa Leite, Édson De Vulcanis, Afonso José Afonso, Homero Gomes, Leonardo Glück, Hamilton Faria, Emerson Pereti, Andréia Carvalho, Ricardo Pedrosa Alves, Priscila Merizzio, Marcelo De Angelis, Adalberto Müller, Cristiane Bouger. 


 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

Ademir Demarchi nació en 1960 en Maringá (Estado del Paraná, Brasil) y vive en Santos (Estado de São Paulo). Estudió Letras y es doctor en Literatura Brasileña por la Universidad de São Paulo (USP).

 

Editor de la revista de poesía BABEL Poética, premiada en un concurso nacional realizado por el Ministerio de Cultura del Brasil, dirige "Sereia Ca(n)tadora", editora cartonera de libros
artesanales que ha publicado a los poetas peruanos Javier Heraud, Victoria Guerrero y Óscar Limache, y al poeta mexicano Felipe Mendoza.

 

Como autor, ha publicado los poemarios Os mortos na sala de jantar (Realejo, 2007; premio publicación del Gobierno del Estado de São Paulo), Do sereno que enche o Ganges (Colectivo
Dulcineia Catadora, 2008; también publicado en 2011 en el Perú, por el Centro Peruano de Estudios Culturales, en traducción de Óscar Limache), Passeios na Floresta (Éblis, 2008), Ossos
de Sereia
(traducción de Douglas Diegues para la cartonera Yivi Jambo, de Asunción, Paraguay, 2010).

 

Acaba de obtener una beca del Gobierno del Estado de São Paulo para la traducción de las Tradiciones peruanas, de Ricardo Palma.

 


Traducción de Antonio Alfeca

 

 

ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA, edición de Jaime B. Rosa. Organización Floriano Martins y José Geraldo Neres.  Muestra gráfica y portada Hélio Rôla. Edición bilingüe  Português - Español.   Valencia, España: Huerga & Fierro editores, 2006.  247 p   13,5x21,5 cm.   Poetas: Lucila Nogueira, Glauco Mattoso, Adriano Espínola, Beth Brait Alvim, Contador Borges, Donizete Galvão, Floriano Martins, Nicolas Behr, Jorge Lúcio de Campos, Vera Lúcia de Oliveira, Rubens Zárate, Ademir Demarchi, Ademir Assunção, Leontino Filho, Marco Lucchesi, Weydson Barros Leal, António Moura, Maria Esther Maciel, Rodrigo Garcia Lopes, José Geraldo Neres, Viviane de Santana Paulo, Alberto Pucheu, Fabrício Carpinejar, Salgado Maranhão, Sérgio Cohn, Rodrigo Petronio, Konrad Zeller, Pedro Cesarino, Mariana lanelli. Traductores: Adalberto Arrunátegui, Alfonso Pena, Aníbal Cristobo, António Alfeca, Benjamin Valdivia, Carlos Osório, Eduardo Langagne, Floriano Martins, Gladis Basagoitia Dazza, Luciana di Leone, Margarito Cuéllar, Marta Spagnuolo, Paulo Octaviano Terra, Reynaldo Jiménez e Tomás Saraví. Ex. bibl. Antonio Miranda. 

 

 

O CICLONE DE THÉOPHILE

 

O ciclone embora Théophile lhe seja surdo
Também ameaça-me os camafeus
Assim mesmo porém o amo
Terrificante e belo a espiralar-me o peito
Em sua sina de profícuo signo
Lar agradável, oásis da pira arte
A anular todas as coisas vis
Apesar das quais a palavra arde

 

 

EL CICLÓN DE THÉOPHILE

 

El ciclón aunque Théophile le sea sordo
También me amenaza los camafeos
Así mismo no obstante el amo
Terrorífico y bello para espiralarme el pecho
En su sino de proficuo signo
Hogar agradable, oasis de la pira arte
Para anular todas las cosas viles
A pesar de las cuales la palabra arde

 

 

[O NEGRO ESCORPIÃO]

 

O negro escorpião
lateja sobre o negro jade
Malevitch sobre Malevitch
pureza que não se mescla
mas se imiscui
transpondo o visível
Picada à vista
como um caminho
e a ausência dele
Faz-se um clarão
Faz-se a noite
numa cornucópia de quadros

 

 

[EL NEGRO ESCORPIÓN]

 

El negro escorpión
palpita sobre el negro jade
Malevitch sobre Malevitch
pureza que no se mezcla
pero se inmiscuye
transponiendo lo visible
Picadura a la vista
como un camino
y la ausencia de él
Se hace un destello
Se hace la noche
en una cornucopia de cuadros

 

 

NIETZSCHE POR UM ÁTIMO

 

Nietzsche por um átimo
do alto da escarpa mirando as pedras
encobertas pela névoa
mais uma vez desgarrou-se do mundo
e sentiu-se pegureiro de nuvens
pastando no ar do abismo
Tal como ele, o pastor lá embaixo
sentado na grama mas com o olhar
atravessando etéreo seus pequenos animais,
teve deles a visão de serem nuvens,
pequenas nuvens no pasto ôntico ótico

 

 

NIETZSCHE POR UN INSTANTE

Nietzsche por un instante
desde lo alto del risco mirando las piedras
cubiertas por la niebla
una vez más se desgajó del mundo
y se sintió apacentador de nubes
pastando en el aire del abismo
Tal como él, el pastor allá abajo
sentado en la grama pero con la mirada
atravesando etéreo sus pequeños animales,
tuvo de ellos la visión de que fueran nubes,
pequeñas nubes en el pasto óntico óptico

 

 

PRIMEIRA GUERRA BIOLÓGICA

na batalha de kaffa
na rússia do século XIV
os tártaros atacaram a cidade
bem instalada ela resistiu o que pôde
dizimando parte da horda
até que
mudando a tática
com o uso de catapultas
os tártaros lançaram
por cima das muralhas
os cadáveres dos seus soldados
mortos pela peste bubônica

 

 

PRIMERA GUERRA BIOLÓGICA

 

en la batalla de kaffa

en la rusia del siglo XIV

los tártaros habían atacado la ciudad

bien instalada ella resistió lo que pudo

diezmando parte de la horda

 

hasta que

cambiando de táctica

con el uso de catapultas

los tártaros lanzaron

por encima de las murallas

los cadáveres de sus soldados

muertos por la peste bubónica

 

 

A MANEIRA NEGRA

 

a maneira negra, como um portal
de ténue treva represa num dique
a luz oculta, silenciosamente vociferante

abre-se em frestas por onde se filtra
por onde vasa como um seco líquido
por onde grita afinando um urro infinito
até tornar-se lúgubre e envolvente
soando um canto de veludo

 

 

LA MANERA NEGRA

 

la manera negra, como un portal

de tenue tiniebla retiene en un dique

la luz oculta, silenciosamente vociferante

 

se abre en troneras por donde se filtra

por donde pasa como un seco líquido

por donde grita afinando un rugido infinito

hasta tornarse lúgubre y envolvente

entonando un canto de terciopelo

 

 

DEMARCHI, Ademir.  Do rocío que enche o Ganges.  Del rocío que acrecienta el Ganges.Traduccón Óscar Limache.  Lima, Perú: Centro Peruano de Estudios Culturales, 2011    36 p.  13x20,4 cm.  “ Ademir Demarchi “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

“Con la publicación de este largo poema, visión alucinada y de aguda belleza de la bahía y del puerro de Santos, donde Demarchi reside, el Centro Peruano de Estudios Culturales continúa desarrollando este necesario proceso de acercamiento entre dos países hermanos a través de un proyecto binacional de traducción y publicación literaria. LOS EDITORES”

 

(FRAGMENTOS)

 

 

tudo é espera

 

os dias passam azuis

 

enquanto não chega a hora

a todos enreda a rotina hera

 

o coração ao crepúsculo

bate ao ritmo da retina

 

pousados no horizonte ondulado

os navios são contas de colar sem fim

 

paisagem surreal de guignard, formam

pequenos povoados que se interligam

 

aspergidos no espaço ecoam

nas molduras das escotilhas

a intermitência das luzes fugidias

 

eflúvios mornos do entardecer

aspergem-se ainda sobre os anjos

que transparentes se espreguiçam

e bocejam sem forças

 

sinos sem igrejas aguardam os domingos

 

sussurram aos pássaros

o vento cambaleante que vem

da floresta de flores minutas

 

sibilas passeiam sem presságios

 

encantadas:

nada a proteger ou decifrar

 

impregnam-se de absoluto

e Hanam a licenciosidade

de apenas dormir e sonhar

 

as nuvens se movem no céu

refletindo a vida sobre a terra indiferente a elas

 

tomam as formas dos sonhos

erram, se transformam

evoluem, se dissipam

 

e continuam sonhando

nos brilhos fugidios

nos olhos de todos

 

festas de ensurdecedores silêncios

tropéis mudos que passam imperceptíveis

 

o olho indaga na tela da paisagem

onde estarão, míseros esboços

enquanto a areia fina

voa em vão

esbarrando em si mesma

 

 

 

 

todo es espera

 

los días transcurren azules

 

mientras no llega la hora

a todos enreda la rutina hiedra

 

el corazón al crepúsculo

late al ritmo de la retina

 

posados en el horizonte ondulado

los navíos son cuentas de un collar sin fin

 

paisaje surreal de guignard, forman

pequenos poblados que se interconectan

 

salpicados en el espacio replican

en las molduras de las escotillas

la intermitencia de las luces huidizas

 

tibios efluvios del atardecer

son asperjados aún sobre los ángeles

que transparentes se desperezan

         y bostezan sin fuerzas

 

campanas sin iglesias aguardan los domingos

 

susurran a los pájaros

el viento tambaleante que viene

del bosque de florecillas fugaces

 

sibilas pasean sin presagios

 

encantadas:

 

nada que proteger o descifrar

se impregnan de absoluto

y deambulan el desenfreno

de sólo dormir y soñar

 

las nubes se mueven por el cielo

reflejando la vida sobre la tierra indiferente a ellas

 

toman las formas de los sueños

vagan, se transforman

evolucionan, se disipan

 

y siguen seriando

en los brillos huidizos

en los ojos de todos

 

fiestas de ensordecedores silencios

tropeles mudos que pasan imperceptibles

 

el ojo indaga en el lienzo del paisaje

dónde estarán, míseros esbozos

mientras la arena fina

vuela en vano

tropezando con ella misma

 

 

 

DEMARCHI, Ademir.  Passeios na floresta.  Paseos en la floresta.  Edición bilingüe. Traducción de Òscar Limache.  Lima, Perú:Grupo Empresarial Amotape, 2013.    83 p (Aiapaec // Poesía, 2) ISBN 978-612-46469-0-4  Tiraje: 500 exs.  “ Ademir Demarchi “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

o hipogrifo sobre o túmulo

o hipogrifo súbito agitou as asas
alçando voo de sobre o túmulo
em direção ao céu desejando-o seu

abaixo de seu corpo, apontada pelas garras
uma imensa cama de lápides

vasta manta no horizonte visto e vasto

não aceita a sina de triste monumento
voando tenta libertar-se de seu jugo de ornamento

determinado em vão em voo persiste
imagen que paira presa sobre outra ampliada
imantando todos os túmulos num único espanto

 


el hipogrifo sobre el sepulcro

el hipogrifo de pronto agitó las alas
alzando vuelo por sobre el sepulcro
en dirección al cielo deseándolo suyo

bajo su cuerpo, sefialada por las garras
una inmensa cama de lápidas

vasta manta en el horizonte visto y vasto

no acepta el destino de ser triste monumento
volando intenta liberarse de su yugo de ornamento

decidido en vano en vuelo persiste

imagen que se cierne presa sobre otra extendida
imantando todos los sepulcros en un único pasmo

 

 

*

malevitch sobre malevitch

o nero escorpião

lateja sobre o negro jade

malevitch sobre malevitch

pureza que não se mescla

mas se imiscui

transpondo o visível

picada à vista

como um camino

e a ausência dele

faz-se um clarão

faz-se a noite

numa cornucopia de quadros

 

 

malevitch sobre malevitch

el negro escorpión

late sobre el negro jade

malevitch sobre malevitch

pureza que no se mezcla

pero se inmiscuye

trasponiendo lo visible

picada a la vista

como un cammo

y la ausencia de él

se hace un destello

se hace la noche

en una cornucopia de cuadros

 

 

 

 

Ademir Demarchi e Antonio Miranda, em casa de Márcia Marques, em Brasília, setembro 2015.

 

 

 

 

 

Página publicada em junho de 2008. ampliada e republicada em julho de 2009, ampliada e republicada em jan. 2013. Ampliada em julho de 2014. Ampliada também em setembro de 2015. Ampliada e republicada em novembro de 2015.




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