SAULO MENDONÇA
( Paraíba – Brasil )
Alagoa Grande, Paraíba, Brasil, 02-07-1950.
Saulo Mendonça é jornalista, cronista, publicitário, com vários livros publicados entre poesia e crônica.
“A obra de Saulo Mendonça é uma das mais felizes realizações do haicai no Brasil e por isto é reconhecida internacionalmente. Sua originalidade reside em tratar de temas “tropicais”, pessoais e eróticos, com maestria e beleza singulares.”
Manuelly de Carvalho Silva Chaves
“A poesia de Saulo Mendonça legitima densidade e leveza,
qualidades exigidas pelo próprio gênero oriental. Uma
particular e inimitável filosofia de vida argamassa os seus
textos, uma poesia não para ser devorada por poucos,
lentamente, para ser degustada.! Olga Savary, RS.
Haicai
Sob o sol poente
engolindo as suas sombras:
camponeses retornam.
Cai a tarde em Tambaú.
Restos de nuvens
são bailados de andorinhas.
ANTOLOGIA DA NOVA POESIA BRASILEIRA . Org. Olga Savary. Rio de Janeiro: Ed. Hipocampo, Fundação Rioarte, 1992. 334 p. ilus Ex. bibl. Antonio Miranda
FORTE SILÊNCIO
Remanso
o reaver do vento
é descanso
que navega
pela costa do silêncio.
(...)
Pássaros livres
comem restos
do tempo
trazidos nos arremessos
que o vento espouca.
À noite
aninham-se
e dormem
nas frestas
de sua cicatrizes.
ANTOLOGIA SONORA – Poesia Paraibana Contemporânea. João Pessoa, PB: Edições OK Sebo Cultural, 2009. Caixa, contendo
1 CD e 31 encartes (poetas e poemas). Ex. bibl. Antonio Miranda
FAIXA 24
Cosmoamando
(inédito em livro)
não corte pois
os contornos dessas nuvens
que os adornos quando luzem
nos permanecem cometas.
nosso corpo
nave uníssona
nossa vênus.
nela o que resta
é mais que voo
no céu que não vemos
mas que nele somos
e amanhecemos.
Doce Amor
(inédito em livro)
com véu de mel
a abelha rainha
vela o seu zangão.
no favo
fervilhante de alvéolos
escorre à note
doces amores
de então.
Envelope aéreo
(2º. Lugar no XXI Concurso
Internacional de Primavera – São Paulo)
quando sujo o dedo
na cola do correio
tento introduzir
na abertura do envelope
todos os meus desejos
que vivem à galope.
selo as notícias de mim
lacro tudo que sou
e me mando — me arremesso
para quem me destino.
na caixa de coleta
sou metade de mim
verrumando o tempo
e a distância.
sou metade que fica
metade que vai
no meu coração envelope
a caminhar meu sereno
de tanto voar
meio aéreo.
HAIKAIS
Na praia do Jacaré
o sol cansado, deitou-se
e adormeceu nos braços-do-marl
***
Lá me vou de bonde
sem saber pra onde
amorcegado na memória.
***
Noite de primavera.
Um fruto caiu no lago
e amassou a lua.
***
Um gato dorme
sobre a balança:
Sono pesado.
***
Ah! Carro de Boi
as rodas gemem
pelos dedos.
*
VEJA e LEIA outros poetas da PARAÍBA em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/paraiba/paraiba.html
Página publicada em fevereiro de 2022
Página publicada em setembro de 2020
|