Foto extraída de:
https://joaogomesblog.wordpress.com/
MARIA DA PAZ RIBEIRO DANTAS
( Pernambuco – Brasil )
Maria da Paz Ribeiro Dantas nasceu em esperança, na Paraíba, em 25 de janeiro de 1940. Reside no Recife desde 1963. É mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco. Concluiu o curso em 1983, com a dissertação "O mito e a ciência na poesia de Joaquim Cardozo", editada pela José Olympio em 1985. É autora de Sol de Fresta, poesia (Recife: Edições Pirata 1979, Menção Honrosa Especial no Prêmio Fernando Chinaglia 1977, da UBE do Rio); Ilusão em pedra, poesia (Recife, Edições Pirata,1981); Joaquim Cardozo - ensaio biográfico – Prêmio Jordão Emerenciano 1984, e editado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife; Luiz Jardim – ficção e vida –premiado e editado pela Fundarpe, em 1989).Tendo dedicado especial atenção à obra do poeta e engenheiro Joaquim Cardozo, publicou em 2004 Joaquim Cardozo contemporâneo do futuro, livro que inclui biografia, estudo crítico e antologia.
Escreveu ainda, sobre Joaquim Cardozo: Ser é paradoxal (inédito), dentre outros textos curtos
Faleceu, vítima de um enfarte fulminante, a escritora e ensaísta Maria da Paz Ribeiro Dantas, aos 71 anos, no dia 02 setembro de 2011.
Biografia extraída de http://www.jornaldepoesia.jor.br/
O RASTRO
Enquanto durmo
alguém escondido atrás do espelho
sobre meu rosto passeia
em seu cavalo de pedra.
Do fundo do sono ouço o tropel.
(Perdi os olhos nas orbitas da estátua?)
Cada manhã acordo e procuro
em meu rosto
cada vez mais nítido,
o Rastro.
Sol de fresta (1979)
MATÉRIA CLARA
Tocar tua voz
fruto anoitecido em veludo.
Tua voz tocar
em pelo em pele em cor.
Lúcida textura
da manhã consumada.
Corpo lunar — antologia poética, org. Edileusa da Rocha, Recife: Prefeitura da Cidade do Recife, 2002
Acaba de sair pela Editora Global, sob a direção de Edla van Steen, mais um volume da série ROTEIRO DA POESIA BRASILEIRA : ANOS 70 – Seleção e prefácio de Afonso Henriques Neto, já conforme o Novo acordo ortográfico da língua portuguesa. (São Paulo: Global, 2009). A maioria dos poetas da antologia já constam de nosso Portal de Poesia Iberoamericana. Selecionamos uns poucos poemas de uns poucos autores para divulgar e recomendar a publicação, cuja capa estampamos acima. ISBN 978-85-260-1154-0.
CIGANO DO AR
Para João Cabral de Melo Neto
Não vim para ficar
Chego de passagem
Sem teto
Sem terra
Sem ponto a marcar
Não sento poltrona
Nem durmo bem rolo
Na eternidade
O Cigano do ar!
Sou o magro o fino
O concentrado puro
Nada mais que furo
Onde entro e saio
Neste ser-não-ser
Forma em que habito
A agulha do instante
O tempo agorante
O vivo em mim.
NOSSA SENHORA DO VERDE
A Chuva veio com sua paz antiga.
Nossa Senhora do verde
apareceu neste outubro incendiado.
Ave cheia de sonhos
e de sementes,
Nossa senhora dos cajus e das acácias,
a alegria está contigo.
Benditos são teus frutos
no ventre da terra.
(In: Sol de Fresta/ 1979)
VISITA
Os habitantes perderam-se
longínquos
num parque de águas.
No meio da noite
a casa
corrói-se em insônia:
espera.
Ausente a menina
brinca de esconde-esconde
atrás do banquinho,
(a máquina de brincar
fotografa a infância
impregnada nos móveis).
A casa
sozinha no meio da noite
corrói-se em insônia:
espera.
*
VEJA e LEIA outros poetas de PERNAMBUCO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/pernambuco/pernambuco.html
Página ampliada e republicada em maio de 2022
Página publicada em novembro de 2009
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