LEO BARBOSA
Autor do livro Lutos diários, Leo Barbosa nasceu em João Pessoa (PB), em 31 de julho de 1990. É escritor, poeta e professor de Gramática e Literatura. É autor de Lembrança Perseverante (2008) e Versos Versáteis (2010), ambos de poemas. Em 2009, iniciou o projeto denominado Difusão Perseverante , que consiste em propagar a sua poética e estimular o gosto pela literatura através de conversas em instituições públicas e particulares. Desde então, estas apresentações, somadas, atingiram um público de cerca de 22 mil pessoas. Mantém, desde 2010, uma coluna quinzenal no caderno de opinião do jornal Correio da Paraíba . Muitos de seus poemas já foram encenados, e trabalhados em escolas e faculdades. É editor do blog literário “zonadapalavra” - zonadapalavra.wordpress.com
BARBOSA, Leo. Versos versáteis. João Pessoa, PB: Ideia, 2010. 107 p. 13x20,4 cm. Apresentação: Carlos Aranha. Capa: Chico Pereira. ISBN 978-75-7539-569-1 Col. A.M.
ESTRANHECIDO
Venho desde onde
quis ser-me
cativante de longe
estranhado de perto
Caso exista-me
tenho precaução de saber
lapsos remanescentes de ilusões
limitam o coração como ninguém.
BUSCA DO AUTO-EU
Nem sempre me desfaço porque quero
em mim se desprende tristezas e alegrias
Nas cercas do meu cerne eu padeço
mas, a convalescença surge nas
encruzilhadas
Fronte a fonte plácida e sucinta
na qual flutuo eu e os princípios bóiam,
Na ambição incessante inteirado fico
porque o vocábulo que busco
não me completa, não me decifra,
por conseguinte, existe a cifra.
CHUVA DE MIM
Percebo o quanto a vida é:
breve quando se vive e,
longa quando se espera
Nas convicções de quem venera
toda ação é sentida/ inda as
bem-aventuranças sem andanças
traga-nos um pleno bocejo
Desejo as tempestades do espírito
para que mais tarde possa eu
trovejar um pranto; de alegria
Tanto quero que deixo chover palavras.
FORMAÇÃO
Há teias debaixo da minha mesa
voam elegantes pela tessitura
mas, bem que eu queria dormir, bem
mas, algo me chama, retira da cama
Noite inteira sem hora e cobertura
Se durmo - perco a noção de turno
Abro então a porta e na soleira enxergo
Enxergo cacos parcos
São as minhas economias
e as aranhas continuam tecendo...
QUINTO TURNO
Gravo um cravo de agravo
na reta perpétua da meta.
USUFRUTO
Um fruto num topo de árvore
não é mais doce que o do chão
Estico os braços, tateio o caule
Piso nas raízes que se confundem
com meus pés em adubo;
sou excremento da minha vontade
de ser folha velha em vento leste.
Página publicada em agosto de 2013 |