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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LAU SIQUEIRA

 

Nasceu em Jaguarão, Rio Grande do Sul, Brasil em 21/03/1957. Publicou três livros: O Comício das Veias (Paraíba: Editora Idéia, 1993), O Guardador de Sorrisos (Paraíba: Editora Trema, 1998) e Sem Meias Palavras (Paraíba: Editora Idéia, 2002). Tem poemas publicados nas últimas edições do Livro da Tribo (São Paulo: Editora Tribo) e na antologia Na Virada do Século — Poesia de Invenção no Brasil (São Paulo: Editora Landy, 2002), organizada pelos poetas Frederico Barbosa e Cláudio Daniel. Blog do autor:  www.lausiqueira.blogger.com.br

 

CHAPÉU PANAMÁ

julho 26, 2017

 

 

Não sou um índice. Operário

do que não sei.

 

Fruto do que nunca aprendi por

escolher a inquietude - amiúde.

 

Vivi nas margens, mas nunca

escorreguei nas beiras.

 

Nunca tive a vida por inteiro

por devorá-la aos pedaços.

 

Com os mesmos herméticos

cansaços...

 

Menestrel de incompreensões

com sandálias de couro cru e

chapéu Panamá.

 

Bah!

 

Andando como se anda quando

a busca é a própria estrada.

 

Mais nada!

 

 

Extraído de http://poesia-sim-poesia.blogspot.com.br

 

 

 

 

SIQUEIRA, Lau.  a memória é uma espécie de cravo ferrrando a estranheza das coisas.  Porto Alegre, RS:  Casa Verde, 2017.  88 p.  
12 x 18 cm.  (Cidade Poema; v. 5)  ISBN 978-8599906-5-333-0 
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

TRÊS PONTINHOS
a jaula dos tercetos amestrados    

 

subúrbio tranquilo        
miro na lua cheia
e atiro

                   ...

 

memória destroçada
qualquer lembrança
é melhor que nada

                   ...

 

prezada distração
o rádio está ligado
eu não

                   ...

 

navegar é preciso
sem barco sem leme
sem mar nem juízo

 

...

         SALIVA

bebi na tua boca
o tinto e seco manjar
da minha sede

         (                            )

era mesmo tudo pele
nada ali era parede

  

         TANGO

ninguém te vê
com meus olhos

com meus braços
nenhum outro
abraço

tudo é tanto
e tão pouco

(que louco)

 

          ESGRIMA

metade de mim
é um beco sem saída

caminho sem volta
traçado sem tropeço

lonjuras disfarçadas
desde o começo

 
        
PRESENTE

futuro e passado
são palavras aladas

uma parece que é tudo
outra parece que é nada

já o presente
é este agora
que não cola

silêncio meu
que para falar

cala    

 

 

SIQUEIRA, LauLivro arbítrio. Porto Alegre, RS: Casa Verde, 2015.  80 p. (Série Cidade Poema, v. 3)  12x18 cm  Prefácio de Amador Ribeiro Neto.  ISBN 978-85-99063-27-9  “ Lau Siqueira “ Ex. bibl. Antonio Miranda 

No silêncio de seus versos, na calmaria de sua poesia, Lau Siqueira vem dando nova feição à cena brasileira hoje. Ele atua de soslaio, na contracorrente da onda que morre na praia. Como quem nada quer — e tudo faz — está redimensionando nossa poesia a partir de temas cotidianos e prazerosos — quer seja: mundanos. E um jeito de corpo com a palavra que a desnuda e obscurece ao mesmo tempo. Cria uma linguagem da vida nua e crua. Sem pele. Pano sobre a carne. Que explode em epifanias e alumbramentos.”(...)”Eis, sucintamente, dois (dentre outros) modos poéticos deste livro pleno de miríades & de filigranas — que se oferece como requintada e nobre ourivesaria.” (...) Este modo de tomar a palavra e (com)vertê-la em poesia — como se tudo ocorresse de forma natural, espontânea, impensada — é outra marca fundante do poeta.” (...) Esta parece ser a cartografia: mapear campos e espaços, domínios e fronteiras da palavra como compêndio de revolução, alumbramento, livre arbítrio — e livro arbítrio.” AMADOR RIBEIRO NETO

 

          FILOSOFREE

          dialogar
          com o vento

          mesmo
          sem ar

          eu tento

 

          SEXO

          é necessário
          ser um relâmpago

          iluminar os caminhos
          antes das trovoadas

          escutar o silêncio
          antes do trovão

 

          VAGINAL

          no lado de dentro
          entre a pele e o motivo

          entre o ritmo e o estilo

         
          no meio
          no exato epicentro
          do infinito

          no extremo íntimo
          umedecido do riso

          onde a força bruta
          ejacula delicadezas

          onde o caçador
          é a presa

 

          BLACK BLOC

          rebeldia
          não tem idade

          aos vinte
          joguei pedras
          na lua
         
          aos cinquenta
          desafio a lei
          da gravidade

 

          ESPESSO

          pago o preço
          dos que sonham
          desde o berço

          sabendo      
          da topada e
          do tropeço

          conhecendo
          o fim desde
          o começo

          arrancando
          as tristezas
         
          no verso
          do avesso

 

De

Lau Siqueira

TEXTO SENTIDO

Capa: Constança Lucas.

Recife: Ed. do Autor, 2007.

(Pordução Edições Bagaço) 65 p.

 

boca  boca

sem mira
atiro em mim mesmo
às vezes

saio lanhado e disforme

y novamente me transformo
: assumo a interina forma

no mais
sou o verso que voa
no espetáculo sem bis
do instante

rio sanhauá

anéis
e dedos
se foram

 

resta a carne
seca em ossos
         dissipada

o coração )  poço de
coragens vencidas
( inventa a nitidez
do que não existe

( tudo é belo
e triste


composição casual

I

no mármore da mesa
dois livros
um pote de cerâmica
cajus maduros e um
esplendor de orquídea

II

Estirando
espinhos para o mundo
um cacto resiste

 

 

SIQUEIRA, Lau.  Aos predadores da utopia.  São Paulo: Dulcinéia Catadora, 2007.  28 p.  capa de cartão pintada à mão por criança. Col. A.M. (EA)

 

1965

rabisquei poemas
e insultos nos muros

quem dera
meus olhos de menino
tão verdes tão puros

nas mãos fechadas
butiás maduros


aos predadores da utopia

dentro de mim
morreram muitos tigres
os que ficaram
no entanto
são livres

 

 

Página publicada em outubro de 2011; ampliada e republicada em setembro de 2015. Ampliada em fevereiro de 2018; ampliada em julho de 2019

 


 

 

 

 
 
 
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