JOSÉ SALDANHA DE ARAÚJO
José Saldanha de Araújo nasceu em Alagoa Nova em 20 de março 892, sendo filho de José Antonio de Araujo Lima e Raquel Travassos Araujo. Fêz seu curso secundário no Colégio Diocesano Pio X. Ba-relou-se na Faculdade de Direito do Recife, em 1916. Advogado, foi eado juiz de Piancó, depois, de São José de Piranhas e ainda de Tei-ira. Ocupou a promotoria de Souza, de Pombal, de Tabaiana e de lagoa Grande.
Faleceu, em Umbuzeiro, no dia 4 de julho de 1942. Publicou: "A sombra das oiticicas" — versos — Tip. d'"O Rio de eixe" — Cajazeiras — Paraíba — 1926; "Ao canto das seriemas" — ersos — Imprensa Oficial — Paraíba — 1927; "Maio" — poema — Teixeira — Paraíba — 1928.
Deixou, inédito, "Litaniae Virginis" — poema.
PINTO, Luiz. Coletânea de poetas paraibanos. Rio de Janeiro: Ed. Minerva, 1953. 155 p. 16.5 x24 cm Ex .bibl. Antonio Miranda
P A U-D' A R C O
Heril, do coração da mata se alevanta
O pau-d'arco ostentando a loura cama ondeante...
E o sol, abrasador, com ciúme, vê-se adiante
De outro sol que reluz nos galhos de uma planta...
É um céu de ouro por sob um céu azul que encanta!
O vento, forte, o agita e, dele, instante a instante,
Em espirais de perfume a essência penetrante
Se evola pelo espaço e em todo o espaço canta!
De longe d'entre a mata o pau-d'arco se avista:
— Esmera-se em lavor a natureza artista,
Por essa exibição que a magnitude encerra!
E um turbilhão de flor que arco-irisado desce
Do pau-d'arco, pompeando a áurea coma, parece
Um belo por de sol no coração da terra!
O A B Ô I O
Quando se percebe, ao longe,
Um aboio enternecido,
Quem pode fazer mais nada ?
Quem dêle tira o sentido?
A lenta voz dos vaqueiros
E' a própria voz do sertão,
Que, desde a infância, escutamos
Com o ouvido do coração!
A S S E R I E M A S
No sertão... Um canto forte
Semelhando gargalhadas,
Desferido das campinas,
Vai morrer pelas quebradas
São esquivas seriemas,
Elegantes ,sempre em bando,
Que vagam, pelas campinas,
Ao vir do dia, cantando.
Se vamos, de perto, ouvi-las,
Desconfiadas, não cantam,
E, logo, muito ligeiras,
À nossa vista, se encantam.
Mas, não tarda que escutemos,
Morrendo pelas quebradas,
Das seriemas ariscas,
Novamente, as gargalhadas...
POEMA DA BRANCURA E DA HARMONIA
I
No sertão dos Espinharas,
graúna branco
quantos, ainda, não te conhecem?!
II
Mesmo próximo aos teus,
cantas o canto, que êles gostam de cantar,
porque não venhas parecer alma penada,
entre êles, a errar. ..
III
Quem te vê,
graúna branco,
se se espanta,
é que descrê na própria fôrça do Senhor...
Pede, por isso, a Deus perdão...
E canta...
Canta um hino ao Criador,
por que não venhas ser colhido,
graúna branco,
no sertão,
como um capulho de algodão...
Página publicada em agosto de 2019 |