JOSÉ CAO
Nasceu em João Pessoa, a capital do Estado da Paraiba. Logo cedo entregou-se às lides do jornalismo e das letras em geral. Formou-se em Direito em Brasilia. É assíduo colaborador da imprensa carioca, advogado e dirigiu a "Rádio Nacional" e "'A Manhã". É autor de dois livros já esgotados, uma biografia do general Eurico Gaspar Dutra e outra do Ministro tro José Pereira Lira. Em 1951 deu à publicidade o livro Poesias, do qual escolhemos os poemas abaixo:
PINTO, Luiz. Coletânea de poetas paraibanos. Rio de Janeiro: Ed. Minerva, 1953. 155 p. 16.5 x24 cm Ex .bibl. Antonio Miranda
A VIAGEM
Segue o teu itinerário.
Tua viagem é longa ou curta,
Mas um dia verás a estação.
Então tudo que era teu terá ficado pelo caminho,
Tudo terá passado,
Tudo terá sumido na distância.
Talvez então compreendas por que estiveste viajando,
Por enquanto, contenta-te em viajar,
Olhar a paisagem,
Recordar a linda moça que vendia cigarros.
Não te inquiete o mistério do horizonte azul
Porque um dia cruzarás por ele.
Prepara-te apenas para a chegada,
Porque chegarás sozinho.
RECADO PARA D. QUIXOTE NO SEU LEITO DE MORTE
Dom Quixote, boa noite!
Boa noite, irmão, toma estas rosas
Quee uma moça colheu ao entardecer,
Bem sei que perderás a última batalha
E que há sono e dor nos teus olhos.
As sombras se adensam, e alguma coisa muito grave
vai acontecer.
Mas como brilham as rosas no escuro!
Aspira este hálito do mundo
É o perfume da vida que elas trazem
Com este recado ao Triste Cavaleiro
Era tudo verdade o que dizias!
A IRMÃ MAIS MOÇA DA MORTE
Não quero mais prazer,
Nem quero a dor,
E muito menos a Sabedoria,
O meu amor és tu, Melancolia!
Irmã mais moça da Morte,
Tu descerras
A face oculta da Poesia.
Em tuas meigas mãos eu me abandono,
Cheio de Angústia e sono,
Ó deusa compassiva
Da desesperança e da saturação!
Página publicada em agosto de 2019
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