JOEL PINTO
Nasceu na capital do Estado a 30 de maio de 1889.
Estudou o curso secundário na capital baiana.
Jornalista e poeta, é sócio fundados da Associação Paraibana de Imprensa. Fundou na capital do seu Estado a revista "Menina”. Publicamos abaixo três das suas últimas composições.
PINTO, Luiz. Coletânea de poetas paraibanos. Rio de Janeiro: Ed. Minerva, 1953. 155 p. 16.5 x24 cm Ex .bibl. Antonio Miranda
ÚLTIMA FLOR DO ÉDER
Manhã! O oiro do sol banha o Éden inculto
E acende estrelas nos rosais e helianto...
Adão, de pé, contempla o lindo vulto
Da primeira mulher sem lar nem manto!
Vencido à tentação de um anjo oculto,
Rebelde, quis do Amor a glória e o pranto..
— Do céu que importa a cólera, o tumulto,
E o mundo hostil ante o Supremo Encanto!
Eva incendida a flama dos desejos,
Pompeando ao sol a glória do Pecado,
A Terra encheu de cânticos e beijos...
Alvorada de Amor no céu flutua...
E Adão — Fauno da selva, deslumbrado,
Beija a mulher divina toda nua!
I N Ú T I L
Há um sulco profundo entre nós dois
Que amamos. .. que sentimos. .. que sofremos. .
Sem sabermos do mal que vem depois,
Nesse embalado enlevo em que vivemos!
Bem vês como o Destino se interpôs
Entre nós e a Ventura que entrevemos...
E o sacrifício que esse afeto impôs:
Mágoas que já tiveste e já tivemos...
Quando um dia eu partir e tu ficares,
Que lenitivo encontrarão, na vida,
Meu pesar... teu pesar... nossos pesares?
Tudo se extinguirá: ânsias... desejos...
Só a Saudade evocará sentida,
O meu beijo... o teu beijo. .. os nossos beijos
FARÂNDOLA DAS MÁGOAS
"Quem canta os males espanta"
Não me convence o anexim:
Eu canto... eu vivo cantando...
E as mágoas nunca têm fim!
Não queiras saber das mágoas
De uma enganosa afeição...
Que linda rosa beijada!
Quantos espinhos na mão!
A mágoa é mais do que dor,
É sorte, é sina talvez,
A dor chega, vai-se embora,
A mágoa fica de vez!
As mágoas são como as ondas
Quebrando no quebra-mar
Na escarpa funda do peito,
Quantas ondas a quebrar!
Página publicada em agosto de 2019
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