JOÃO GUIMARÃES BARRETO
(Guimarães Barreto)
João Guimarães Barreto nasceu na capital do Estado no dia 1 junho de 1897.
Eram seus pais o Sr. Eutiquiano Barreto, escrivão do juízo secio e D. Clara Guimarães Barreto.
Fez os estudos primários e secundários na sua cidade natal. Depois seguiu para o Recife onde se matriculou na Faculdade de Direito
Publicou: "Contos da Vida e Amor dentro do Sonho", poesias, Tip. da "Popular Editora", Paraíba, 1915; Rimas à Tôa", (Iluminuras -Perfis marmanjos), Biblioteca d'"O Chique", Tip. da Popular Editora, Paraíba", 1917; "Bombarda", sonetos e quadras, Of. da Casa Almeida, Itabaiana, 1920.
PINTO, Luiz. Coletânea de poetas paraibanos. Rio de Janeiro: Ed. Minerva, 1953. 155 p. 16.5 x24 cm Ex .bibl. Antonio Miranda
VELHO TEMA
É a Vida um pandemônio, em ilusões cruentas;
para alegre passar os dias, meses e anos ,
o Homem — Deus na criação — cada dia sustenta
uma luta incessante em perfídias e enganos.
Inventa Ele a Poesia e desvenda os arcanos
da Ciência ao Prazer, mais cuidadoso atenta,
criando o impuro Amor para os gozos humanos,
às dores, aflições, às mágoas e tormenta.
Esse Amor, bestial, bem humano imperfeito,
contrário ao próprio Ser e contrário ao Direito,
aonde prepondera a Carne vencedora,
Esse Amor que transforma a incauta virgem pura
— anjo celestial de inocência e candura —
na Mulher asquerosa, infame e pecadora.
DESEJOS
Nas suas formas de mulher por onde
se alinham curvas sensuais e puras,
onde Cupido, intrépido, se esconde
por desprender as flechas das amarguras...
Nesse teu riso encantador e belo,
no teu olhar, no lábio enrubescido,
nos fios de ouro desse teu cabelo
— sacro tesouro de valor subido —
ansiosamente pairam meus desejos
e eu quero amar-te, numa vida calma,
quero que um dia, a música, dos beijos
faça vibrar-me, em alegrias, a alma.
Quero que, um dia, doido de contente,
meu ser tomado de alegria louca,
queira dizer o que minha alma sente
e não sabê-lo traduzir a boca.
SONHOS
Sonhos queridos, infindos sonhos,
vós que sorrides do meu penar,
único alívio, cruel tormento
duma alma triste, dum pensamento
que muito sofre por muito amar...
Queridos sonhos da minha infância,
sonhos felizes que já lá vão,
dai-me, piedosos, uma esperança,
fazei de conta que sou criança,
guiai-me ao tempo de áurea ilusão...
Sonhos queridos, ó nostalgia,
que me acometes por sempre, ó Dor,
fazei, amigos do peito, um dia,
que eu vibre a lira da poesia,
saiba chorando cantar o Amor.
Ó companheiros do meu passado
de tantas magoas, tanto revés,
soltai-me as asas da fantasia
e abençoar-vos eu possa um dia,
sonhos benditos, algo cruéis.
Página publicada em agosto de 2019
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