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IRANI MEDEIROS
Nasceu na cidade de Pombal, Estado da Paraíba, Brasil, em 1961. Tem vários livros publicados na área da poesia popular, resultado de suas pesquisas sobre cordel e cantoria. Seu último livro de poesias foi editado pela editora Mondrongo, com o título “O Último Café Noturno.”
IMAGENS LITERÁRIAS: a realidade e o sonho. Antologia 202 – UBE – PB: autores paraibanos e convidados. Poesia – Contos – Crônicas – Artigos. Organizadores: Ana Isabel de Souza Leão – José Edmilson Rodrigues – Luiz Augusto Paiva. Itabuna, Bahia: Mondrongo, 2020. 224 p. 13,5 x 23 cm. ISBN 978-65- 86124-22-4 Obra publicada sob a chancela da União Brasileira de Escritores – UBE, Subseção da Paraíba. Ex. bibl. Antonio Miranda
CAOS
A solidão que sinto
é um rio em correnteza
lavando o húmus da vida.
A sombra que carrego
é a premissa do caos
que diz de mim
na tessitura do vento.
LITANIA
Como livrar o coração
da voragem do tempo
nas litanias do corpo.
Como livrar-se da vertigem
e dos musgos da dor
no casulo do tempo na carne.
Como ressuscitar as coisas findas
se tudo é sonho e imaginação
gravados na memória da mão.
LITURGIA
Que caiam sobre mim
os ventos da memória
e a liturgia dos dilúvios.
Que caiam sobre mim
as dores e conflitos da alma
do meu incerto destino.
Que caiam sobre mim
os linhos das incertezas
e das razões não ressuscitadas.
INTERVALO
Não serei o intervalo
entre um ato e outro
o de viver ou morrer.
O áspero punhal dos vencidos
não cortará meus dias
na supressão da noite.
Não lutarei contra o destino
ele que me alcance
com suas ásperas espadas.
SEMENTES
A força das sementes
gravita nos coágulos da tarde.
A força das sementes
engravida os intestinos do tempo
pondo limalhas
nos andaime dos mistérios.
A força da sementes
investe contra os mares
escrevendo os epitáfios das águas
A força das sementes
hiberna com suas esporas afiadas
em anáguas da eternidade.
SER
Minh´alma está na ferrugem dos dias
e na chuva que faz abrir
os girassóis na janela.
Não tardo em amanhecer
sob o inverno
nas leves sementes do Ser.
Minh´alma reza uma velha
litania de viver
na aritmétrica noturna dos búzios.
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Página publicada em janeiro de 2021
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