GÊLDA MARIA DOS SANTOS MOURA
Nasceu na cidade de Boqueirão, Paraíba, Brasil em 09 de outubro de 1985.
Professora do ensino fundamental do município.
COLETÂNEA POÉTICA. Novos poetas do Cariri paraibano.
Prefácio pela Profa. Maria da Conceição Gonçalves Pereira Araújo. Boqueirão, PB: ABES –Associação Boqueirense de Escritores 2010. 110 p. Capa: Medesign. ilus. fotos dos autores. 14,5 x 21 cm..
Ex. bibl. Antonio Miranda
INVERSO DE HUMANO
Me chamam de gay,
De lésbica, negro, bandido
Flagelado, maltrapilho.
Me chamam de trombadinha
De sem teto, sem terra
Pobre, miserável, mendigo.
Julgam tudo o que faço ruim
Me matam, maltratam-me
Por algo que escolhi.
Querem que eu seja perfeitinho (a)
E esquecem o eu de mim..
Me chamam de traidor
Prostituta, sedutor
Analfabeto e feito
E quem me chama assim
É medroso e desonesto
Invejoso e sem progresso.
E cá pra nós:
Não existe ninguém santo
Porque quem hoje nos bate
Amanhã estará em prantos!
Bem feito pra você
Seu inverso de humano,
Não julga a sua raça!
Também não seja profano!
Pois a estrada da vida
É o teu e meu engano.
NOITE FRIA
Triste era aquele menino,
Que brincava de rua em rua
Na escura noite da cidade.
Solidão? Não era seu brinquedo
Preferido
Era sua companhia de todos os dias
Sua casa era qualquer lugar
Onde pudesse descansar seu
Corpinho franzino.
Podiam se ver as marcas
Das costelinhas por cima da
Camiseta
Suja e rasgada pelo tempo.
Destino?
Morrer de fome ou tornar-se
Bandido.
A fome doía mais do que uma bala
Encravada no corpo
Dos que tentavam sobreviver
Talvez a bala fosse a solução de
Seus problemas.
Sem pai, sem mãe. Ninguém
Um “cãozinho” sem dono.
Para não ser menino mau
Jogara-se debaixo de um carro.
Morre então, naquela noite fria
O menino que não tinha ninguém.
Página publicada e agosto de 2020
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