EUDES BARROS
Nasceu na vila de Alagoa Nova, Paraíba, a 10 de janeiro de 1905.
Fez os estudos primários e secundários na capital do Estado. Logo cedou tomou ingresso na vida intelectual, como poeta e prosador, integrando-se mais tarde nas lides jornalísticas da Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro. É atualmente redator da Agência Nacional, atuando sempre na imprensa carioca.
Com 15 anos escreveu o seu primeiro livro de poesias, intitulado FON-TES E PAUES, publicado em 1920, pela "Imprensa Oficial" da Paraíba. O poema Êxodo, que lançamos abaixo é extraído desse livro. Por ele sente-se a inspiração do autor no velho poeta português Guerra Junqueiro. Em 1928 lançou pela "Imprensa Oficial" do seu Estado o segundo livro- Cânticos da Terra Jovem. Deste lançamos dois poemas. Abraçando as lides de romancista, publicou em 1937, o romance histórico DEZESSETE, que foi lançado pelos Irmãos Pongetti, do Rio.
Damos abaixo algumas das suas produções poéticas, extraídas dos livros acima mencionados, incluídos na Coletânea:
PINTO, Luiz. Coletânea de poetas paraibanos. Rio de Janeiro: Ed. Minerva, 1953. 155 p. 16.5 x24 cm Ex .bibl. Antonio Miranda
JESUS BRASILEIRO
Jesus do meu País! foi a Maruja em festa
que te trouxe na cruz das velas de Cabral!
E na primeira missa-aqui-foi a floresta
tua primeira catedral!
Nos teus natais, aqui, não há neve lá fora...
Mas luares mornos! (e que festas! é de vê-las...)
É aqui que Jesus mora! E' aqui que Jesus mora!
crucificou-se aqui... mas numa cruz de estrelas!
No meu País não és um Cristo moribundo
mas um Jesus de glória e de Ressurreição!
Salve, ardente Jesus do Novo-Mundo,
que nos sorris do céu numa Constelação!
As tuas bênçãos descem da amplidão acesa
para florir e fecundar a terra virgem e feliz!
Ó Jesus-Lavrador! ó Jesus-Natureza!
Jesus do meu País!
ÊXODO
Passam nas ruas, pelos caminhos
Bandos mais bandos de pobrezinhos.
Da cruel seca vítimas são,
Mestros filhinhos do almo Sertão...
Deixam saudosos a sua terra
Que hoje tristeza e dor encerra...
Tinham as faces cor de romã.
Eram risonhos como a manhã...
Ouviram sempre cantar nos ninhos
Os bardos d'asas-os passarinhos...
Hoje vagueiam tristes e exúes
Sob o zimbório dos céus azuis!
Quantas saudades, quantas lembranças
Se ocultam n´alma dessas crianças!
Jesus bondoso! Filho de Deus!
Tem piedade dos filhos teus!
O Sertão ontem era florido
Mas vê-se agora triste e dorido...
O Astro do dia queima com ardor
Aqueles campos cheios de dor!
Os pobresinhos são como as flores
Murchas, pendidas e sem olores...
Mui androjosos de par em par
Andam nas ruas, vão esmolar...
Como êles andam tão fatigados!
Como são pobres e desgraçados!
Da cruel seca vítimas são
Mestos filhinhos do almo Sertão! (1919).
Página publicada em agosto de 2019
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