ESTHER STERENBERG
Natural da Paraíba, mas reside desde os sete anos em Recife/PE. Psicóloga, poeta. Graduada em Letras. Autora de "Desabrochar de emoções", "Retalhos de Fantasia", "Re - buscando" e "Eis aí... aconteceu"(crônicas).
Faleceu em 2014.
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Membro da Academia Recifense de Letras.
LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda
DELÍRIOS LÚCIDOS
Os escassos prazeres do cotidiano
Proporcionam um clima de exaustão
É o tempo que corre, é a ânsia que agita
É sede que não se sacia, abismos do coração
E o ser inquieto, tenta interagir
Afogado em fantasias que o fazem submergir
Idéias extravagantes são um mero frenesi
A palidez do acaso ofusca o que está por vir
Do silêncio do meu mundo contemplo o derredor
Em pleno delírio lúcido a amplidão é maior
Nos umbrais do pensamento está a explicação
A sondagem é profunda, é busca de compreensão
Está claro e muito claro
Quão ignóbil é a falsidade
Quem atraiçoa nada sente
A vítima não esquece a maldade
Estar feliz é o que importa
Aí o delírio vale a pena
E a lucidez se faz presente
Sem embargos de alma pequena
VERDADES EMGANOSAS
Sou o vento ágil que dobra na próxima esquina Aspiro a fragrância das flores que perfumam o jardim Não admito fracassos que tanto empobrecem a vida Busco luz, claridade e brilho por esse mundo sem fim
Da árvore imponente, sou tronco robusto e forte Tendo mil galhos com folhas de um viço verdejante Minha copa tão frondosa é manto que cobre a clareira Farta em sombra e frescor para o mísero viandante
Se sou fogo ardente e rubro
Incandescente em esplendor
Queimo com paixão fremente
Em fascinante jogo sedutor
Sou água límpida tal qual espelho
Meu reflexo retrata com fidelidade
Alma pura e sonhadora
Que geme lânguida de saudade
Numa gama de verdades
Indiscutíveis, verdadeiras
Afirmativas enganosas
Nunca vi, é vez primeira
Por isso não nego nem afirmo
O rumo que é possível a vida ter
Pois sempre a estória e o momento
Definem o que se está a viver.
MEU GRITO
Sai de dentro de mim
Estremece, ecoa
Forma autêntica de viva expressão
Um brado forte que não ruge à toa
Gritei ao descobrir a igualdade no todo
E senti a diferença que teimava em existir
Tive de tomar cuidado pra não me perder de vista
E traçando novos mapas, algo belo construir
A inquietação própria do humano
É a engenharia do seu pensar
Autor e protagonista de um destino que o espera
Permite-se errar nos acertos e deles se vangloriar
Logo ao primeiro dia do resto de minha vida
Estava a primavera de um grito mudo e eterno
Também no outono do tempo estão a essência e o brilho
Se houve calor no verão, suporta-se o frio do inverno
E tranquilo sentir-se inteira nas retas e curvas da estória
voando solta e livre na busca do que acalenta
Escutar a natureza sentindo-se parte dela
O grito que se faz pleno é renovação que alimenta.
Página publicada em outubro de 2019
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