EDÔNIO ALVES DO NASCIMENTO
Nasceu em Solânea – Paraíba, em 05 de janeiro de 1964. É Poeta, jornalista e professor do curso de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba. Tem publicados os seguintes livros: de Poesia – Essa doce alquimia (Idéia, 1992); Os amantes de Orfeu & poemas de rima interior (Manufatura, 1999). Contos – A ferrugem e o mármore, (Idéia, 2004).
“Os Amantes de Orfeu é um livro que revela a outra faceta de seu enorme talento! Receba o abraço do fã Moacyr Scliar.”
Moacyr Scliar,
O Desconcerto Das Coisas
As coisas todas são feitas
do não poder terem sido.
De inconsistente tecido,
são todas as coisas feitas.
Amiúde, minhas coisas
(as verdadeiramente reais),
sequer chegaram a ter sido.
Pano de fundo em mistério
de tudo que há no mundo,
E ainda muito mais:
De tudo que há por detrás
de tudo que há no mundo,
para o mundo decorrer.
É do próprio acontecer
já não terem sido mais.
Réquiem Para A Minha Sorte
“Da morte, apenas nascemos, imensamente.
(Vinícius de Moraes)”
Quando eu morrer
Esqueçam da minha morte
Só não esqueçam que morri
Não apenas que eu morri
Como permaneço insepulto
Nas poucas coisas que fiz
No que fiz e ficou feito
De bom-errado ou direito
Que eu nunca me arrependi
Por exemplo:
Ter amado tanto – e todas
Mas, antes, sem que as tivesse
As mulheres que perdi
Por isso quando eu morrer
Esqueçam da minha morte
Mas não esqueçam que eu morri
Que eu morri em cada gesto
De esperança afetado
Em cada aperto de mão
Que eu pensava que foi dado
Que eu morri em cada gota
Do suor que escorri
Que eu morri pelos teus olhos
Os imaginando o mar
Em que findei por naufragar
E pensavas que eu vivi!
Quando eu morrer, amigos
Nunca esqueçam:
Esqueçam da minha morte,
Nunca esqueçam que eu morri
E que nem morrer é remédio
A se tomar para a vida
Que muito mais que morrer
Viver é que é despedida
De nada ao que dar adeus
Assim vão os dias teus
Que não diferem dos meus
Exceto por um detalhe:
Os poetas vivem os dias
Como se os vivessem Deus
Por isso quando eu morrer, amigos
Nunca esqueçam:
Esqueçam da minha morte
Mas não esqueçam que eu morri
E que só morte (amiúde sepultado)
Nulo, extinto, consumado
Assim viverei feliz.
Extraído de ANTOLOGIA SONORA – Poesia Paraibana Contemporânea. João Pessoa: Edições O Sebo Cultural, 2009. Produção executiva de Heriberto Coelho de Almeida. Contendo 9 CD com gravações de poemas nas vozes dos autores, e 31 encartes em caixa de madeira. ISBN 978-278-995423
Página publicada em novembro de 2009, a partir do material cedido pelo Editor.
Extraído de:
2011 CALENDÁRIO poetas antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais
/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.
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