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CHICO PEDROSA



Chico Pedrosa nasceu Francisco Pedrosa Galvão, no município de Guarabira, Paraíba, no sítio Pirpiri, a 14 de março de 1936 (Dia da Poesia e de aniversário de Castro Alves), poeta popular e declamador.

Seu pai Avelino Pedro Galvão era cantador de coco e agricultor conhecido por Mestre Avelino; sua mãe Ana Maria da Cruz era dona-de-casa e prima legítima do cantador Josué Alves da Cruz.

Estudou na escola do sítio onde morava até o terceiro ano primário quando sofreu a injustiça de ser afastado pela professora, incidente relatado no poema "Revolta dum Estudante".

Começou a escrever folhetos de cordel aos 18 anos sob a influência do ambiente que encontrava em casa. Junto com seu amigo e poeta Ismael Freire cantava e vendia seus folhetos nas feiras da região.

Chico Pedrosa tem três livros publicados (Pilão de Pedra I I e II, Raízes da Terra, Raízes do Chão Caboclo - Retalhos da Minha Vida) e vários cordéis escritos. Tem poemas e músicas gravadas por cantores e cantadores como Téo Azevedo, Moacir Laurentino, Sebastião da Silva, Geraldo do Norte, Lirinha dentre outros.

Lançou três CDs, chamados "Sertão Caboclo", "Paisagem Sertaneja" e "No meu sertão é assim", registrando assim a sua poesia oral. Ele é cultuado hoje pela geração nova, como o pessoal do "Cordel do Fogo Encantado", que em seus shows declamam poemas desse "poeta matuto". O seu poema mais conhecido é "Briga na Procissão", também chamado "Jesus na cadeia".  Fonte: sebraepb

 

PEDROSA, Chico.  Sertão caboclo.  Recife, PE: Bagaço, 2007.   312 p.  14x21 cm.     ISBN 978-85-373-0296-5    “Chico Pedrosa “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

A BRIGA NA PROCISSÃO

 

Quando Palmeira das Antas

Pertencia ao capitão

Justino Bento da Cruz

Nunca faltou diversão.

Vaquejada, cantoria,

Procissão e romaria

Sexta-feira da Paixão.

 

Na Quinta-feira Maior

Dona Maria das Dores

No salão paroquial

Reunia os moradores

Depois duma Preleção

Ao lado do capitão

Escalava a seleção

De atrizes e atores.

 

0 Papel de cada um

O Capitão escolhia,

A roupa e a maquiagem

Eram com dona Maria,

O resto era discutido

Aprovado e resolvido

Na sala da sacristia.

 

Todo ano era um Jesus

Um Caifás e um Pilatos,

Só não mudavam a cruz

O verdugo e os maltratos.

 

O Cristo daquele ano

Foi o Quincas Beija-flor,

Caifás foi o Cipriano

Pilatos foi Nicanor.

 

Duas cordas paralelas

Separavam a multidão

Pra que pudesse entre elas

Caminhar a procissão.

 

Cristo conduzindo a cruz

Foi não foi advertia

O centurião perverso

Que com força lhe batia

Era pra bater maneiro

Mas ele não entendia.

Devido um grande pifão

Que bebeu naquele dia

Do vinho que o capelão

Guardava na sacristia.

 

Cristo dizia: "Oh! Rapaz...

Vê se bate divagar

Já tô todo incalombado

Assim não vou aguentar,

Tá cá gota pá doer

Ou tu para de bater

Ou a gente vai brigar.

 

Jogo já essa cruz fora

Tô ficando revoltado

Vou morrer antes da hora

De ficar cruxificado."

 

O pior é que o malvado

Fingia que não ouvia

Além de bater com força

Ainda se divertia

Espiava pra Jesus

Fazia pouco e dizia:

 

"Qui Cristo frouxo é você

Qui chora na procissão?

Jesus, pelo qui se sabe

Num era mole assim não.

 

Eu to batendo com pena,

Tu vai vê o qui é bom

Na subida da ladeira

Da venda de Finelon

O couro vai ser dobrado,

Até chegar no mercado

A cuíca muda o tom."

 

Naquele momento ouviu-se

Um grito na multidão,

Era Quincas que com raiva

Sacudiu a cruz no chão

E partiu feito um maluco

Pra cima de Bastião.

 

Se travaram no tabefe

Ponta-pé e cabeçada

Madalena levou queda,

Pilatos levou pancada,

Deram um bofete em Caifás

Que até hoje não faz

Nem sente gosto de nada.

 

Desmancharam a procissão,

O cacete foi pesado

São Tomé levou um tranco

Que ficou desacordado

Acertaram um cocorote

Na careca de Timote

Que até hoje é aluado.

 

Até mesmo São José

Que não é de confusão

Na ânsia de defender

Seu filho de criação

Aproveitou a garapa

Pra dar um monte de tapa

Na cara do bom ladrão.

 

A briga só terminou

Quando o doutor delegado

Interveio e separou

Cada santo pró seu lado

Desde que o mundo se fez

Foi esta a primeira vez

Que Cristo foi pró xadrez

Mas não foi crucificado.

 

 

Página publicada em janeiro de 2014

 


 

 

 

 
 
 
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