CELSO OTÁVIO NOVAIS
NOVAIS, Celso Otávio. Painel de silêncio. Rio de Janeiro: José Alvaro Editor, 1965. 90 p. 14x21 cm. Capa: Mem de Sá. Orelha por Walmir Ayala
“Celso Otávio disfarça uma enganosa simploriedade com uns achados que são na verdade as antenas mestras de uma percepção. Um poeta, sim. Um poeta que talvez não integre em movimentos, em concursos, em fases históricas, Mas um poeta que há de cair no fundo poço de cada um, como uma pedra lima e mágica de sua própria realidade (...)” WALMIR AYALA
A VERDADE
Outrora
Quando éramos ternos
Escrevi muitas palavras
Pensando que nós éramos
Hoje porém
Desprezo as palavras enganosas
Prefiro as que nos transfiguram
Aquelas que nos chegam maltratadas
Pelo amargo sabor dos dias
POEMA À MODA DE FERNANDO PESSOA
Ontem choveu na alma da pequena criatura
Ela sentiu-se de repente liberta
De repente impossível
Como o silêncio e a paz
Compreendeu que as almas respiram
O infinito das coisas
Que o seu reino espera outra verdade
E que é preciso emigrar antes do poente
Assim
Por entre tantas e tão vastas elaborações
A pequena criatura também e de repente
Se pôs a pensar
Como é inútil e vã a busca de si mesmo
Página publicada em novembro de 2012
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