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BASÍLIO, Astier. Funerais da fala. João Pessoa: Editora Universitária, 2000. 42 p. (Novos autores paraibanos) ISBN 83-237-0243-8. 13,5X21 cm. “Obra vencedora do Prêmio Novos Autores Paraibanos V Versão – 1999/2000 – categoria poesia, promovido pela Universidade Federal da Paraíba – Campos I – João Pessoa – PB”. Col. A.M. (EA)
Soneto da fraude do tempo que tecias
Como os fios da falta... o mar é tanto
Na memória do cais... No amianto
incrustado no círculo onde me deixas
Condenava o meu sul às mãos de seixas
BASILIO, Astier. Searas do sol (cantoria de um tempo inacabado). João Pessoa: Idéia, 2001. 93 p. 12x20 cm. ISBN 85-7539-003-1 Ilustrações da capa: Aurilio Santos. Col. A.M. (EA)
VIII
Nestas ásperas terras de águas raras
entortados acenos. Espinharas,
sob a túnica do azul. Transe ou trapézio
Ah! Estradas que em lágrima desabem,
BASILIO, Astier. Antimercadoria. João Pessoa: Dinamica, 2005. 120 p. (Coleção Tamarindo) Projeto gráfico: Milton Nóbrega. ISBN 978-85-89-17814-3 Col. A.M.
Mundo cão
que o mundo era um cão e nos acuava em olhos e dentes, eu já sabia.
Mas, só a socos e solidões, aprendi que sua fome nos escolhe, seu bafo nos sufoca sua marca nos premia. Sua respiração tranca rumos.
É inevitável o combate e entre a lona e o nocaute somos sempre algo de presa ou carne.
O piano
notas que só pertences de teu corpo em círculos, em mergulhos, num azul de que nenhum mar ultrapassa tuas nunca palavras. Tocas de libido, manuscritos de uma música quando a falta em riste, como um fuga de Bach ou como um címbalo que retine.
II BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASÍLIA – Poemário. Org. Menezes y Morais. Brasília: Biblioteca Nacional de Brasília, 2011. s.p. Ex. único.
Cabe ressaltar: a II BIP – Bienal Internacional de Poesia era para ter sido celebrada para comemorar o cinquentenário de Brasília, mas Governo do Distrito Federal impediu a sua realização. Mas decidimos divulgar os textos pela internet.
BB King, 2010, via funchal
Lucille é uma mulher e é mulher nenhuma. Em qualquer dor uma guitarra existe. Urram quando voz nem silêncio. O açúcar vira pólvora; cicatrizes, música. Foi remendada, Lucille, tua roupa de viúva. O ventre, onde nossa finitude pluga- se. Túmulo que adia a morte, a vulva
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que em si, esta canção de nem ainda, dubla. Meu epitáfio é o Mississípi em cujas águas está brilhando lamacenta a lua. Eu acordei de manhã, sou um final que perambula. Eu acordei de manhã, que o sol se cumpra. Não precisa repetir, nem é favor. Eu nunca vou me esquecer de olhar meu rosto em sua tumba.
João Gilberto
fotógrafo do que falta. O que não vissem era sua bienal. Com o teu silêncio, o filme. Negativo de paisagem, enquadra item por item. A pedra se move, o jogo insiste. Como alguém que, num quarto escuro, revise a origem do zero. E esta origem não reaja ao que é sal . Que não explique -
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se em retrato falado. E quanto à efígie? Que o desenho continue, infenso ao crime. Em meu canto há martelos e matizes. Como se na escuridão dançasse um míope. De quanto suor eu preciso pra que ilumine- se o sol do mesmo sobre o céu do simples? Ou o fio do que é fim não desafine?
Romance em feitio de oração para Senhora dos Navegantes
Senhora dos Navegantes por sobre vossa avenida a procissão se derrama cheia de som e camisas brancas e flores e ofertas, parece que a praia emigra
Senhora dos Navegantes, dos mares de Manaira, na multidão desta data neste final que não finda, o mundo borrou os rostos, como se a arcaica tinta
que contornos, que perfis do que há identifica, dançasse se desmanchando nos vidros da minha vista e somente um rosto houvesse naquela bagunça acrílica
e sendo o centro da tela com seu sorriso e sua íntima expressão, sendo o motivo que arte nenhuma explica como se em todos os rostos se repetisse o de Sylvia
E toda esta multidão fosse esta mulher que, mítica, com seu sorriso e seu jeito em todas se multiplica enquanto jasmins e joias em júbilo de Janaína eram jogadas nas águas no embaçado que eu via Senhora dos Navegantes dos mares de Manaira devolvei-me os tons, as cores, ao chão da minha retina para que, malgrado o muito, eu novamente a distinga dai-me os olhos de Odisseu quando ele voltou pra Ítaca que a túnica feita de insônias a minha silhueta vista. Mas mesmo desfeito o encanto na procissão que em fila
em loa e louvor se rende a quem do mar é Rainha, as faces que variavam com uma só confundiam-se e o mundo, assim, se transforma numa multidão de Sylvias.
Antes que o sol derramasse e subisse ao céu com suas línguas ela estaria com os saltos nas mãos e os pés sob a fina fronteira entre areia e fábula que o seu andar pronuncia
canções, paisagens, belezas, vertigens, geometrias Estrelas - botões, ou broches - nas ondas grudam-se às fímbrias e ela saltasse, as mãos seu belo vestido esticam.
Os astros, silêncio e festa, no espelho do mar carimbam sua forma e movimentos, nas águas em que ela pisa e uma canção se acende pra celebrar que ela exista.
Senhora dos Navegantes, dos mares de Manaira, deixai o rumor da festa dançando em minha retina e as letras do alfabeto compondo um só nome: Sylvia.
ANTOLOGIA SONORA – Poesia Paraibana Contemporânea. João Pessoa, PB: Edições OK Sebo Cultural, 2009. Caixa, contendo
FAIXA 05
“Astier Basílio (1978), senhor pleno das formas tradicionais
Antemercadoria Para Homero Fonseca * VEJA e LEIA outros poetas da PARAÍBA em nosso Portal: Página publicada em fevereiro de 2022
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