ANCO MÁRCIO
( 1944- 2013 )
Anco Márcio de Miranda Tavares nasceu em João Pessoa no dia 12 de julho de 1944. Até os dez anos, morou na cidade de Ingá do Bacamarte. Pelas Edições Sanhauá publicou o livro "Canto Chão" (poemas). Em seguida dedicou-se ao teatro -se ao teatro, onde conquistou vários prémios como diretor, ator e autor de peças infantis. Deixando de lado o teatro, ingressou no jornalismo trabalhando em todas as rádios e jornais de João Pessoa, como locutor, redator e produtor. Contista e já publicou um dos seus contos na revista "Ficção", de circulação nacional. Mas, além de contista, e também humorista, tendo vários dos seus textos publicados no "Pasquim" e "Pingente", este último já extinto. Publicou, pela extinta editora Brasília/ Rio, o livro "Levanta que o leão é bravo".
Dedicou-se, também, a literatura infantil. Por duas vezes, obteve o 2º. lugar no "Concurso João de Barro", de Belo Horizonte, e o 2º. lugar num concurso promovido pela revista "Escrita", de São Paulo.
Escrevia no "Jornal de Agá", no "0 Correio da Paraíba", na revista "Lui" e na revista "0 Espelho". Participou das antologias "Novos Contistas Paraibanos" e "A Nova Literatura Paraibana", ambas de contos.
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"Ha dentro de Anco um humorista que lateja e pede passagem. Ninguém aprende a ser humorista na escola. 0 humorista é ou não é. Anco é um humorista. Que vem de trás, vem da Paraíba, mas todo equipado para com o tempo ocupar a "pole position". (Carlos Eduardo Novaes)
"Anco é um humorista de texto original e criativo. Este livro e apenas uma pequena amostra do seu trabalho, que talvez venha a servir para garantir sua entrada na fechada galeria de autores brasileiros de humor". (Ziraldo)
"(...) É alegre e pungente, como quem descrê, mas vive de suas próprias ilusões. Ele escreve textos infantis com o humor do humor. Que só as crianças entendem". (Juarez da Gama Batista)
ANTOLOGIA POÉTICA GRUPO SANHAUÁ, org. Sérgio de Castro Pinto et al. João Pessoa: Editora Universitária/ UFPb, 1979. (Coleção Miramar, 5) Ex. bibl. Antonio Miranda
(excertos)
nesta terra
que gerou cantos
há homens magros
que semeiam prantos
***
este pranto
— é o homem
sua semente de liberdade
precisa ser lançada
para que seu pranto
se transforme
sem sorriso
***
este ferro
que mil covas
cava
não fere a terra
que esperanças
encerra
***
nesta terra insone
onde lida o homem
os pés de liberdade
um dia pisarão
— e sulcarão covas
de onde brotam lírios
***
não passará muito tempo
para o chão
que o homem pisa
libertar-se do cambão
e os que pisam chão-escravo
terras livres
pisarão.
***
cantemos o chão
que a mão do homem ceifa
que nunca se queixa
do ferro que fere
cantemos as chagas
desta terra virgem
que de ceifa seita
para liberdade.
***
na terra
que o homem
planta
seu rude olhar
acalenta
o dia de libertar.
— quando o escravo
será dono
e só o chão se ordenará.
***
um brado de homens
do chão se levantará
quando a terra for partida
e a semente germinar
— o homem criará raízes
no solo
que o pé pisar.
Página publicada em outubro de 2017
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