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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AMÉRICO AUGUSTO DE SOUSA FALCÃO

(Patrono da Academia Paraibana de Letras)

 

AMÉRICO Augusto de Souza FALCÃO: Nasceu em 11 de fevereiro de 1880, à sombra dos coqueirais da belíssima praia de Lucena, no Estado da Paraíba; filho de Mariano de Souza Falcão e D. Deolinda Zeferina de Carvalho Falcão. Faleceu em João Pessoa, em 09 de abril de 1942. Casado, em primeiras núpcias, com D. Maria Eugênia de Alencar, tendo nascido dessa união uma filha que recebeu o nome de Marluce (nome inspirado no mar de Lucena: mar-luce). Ficando viúvo, em 1912, casou-se com D. Elvira Natália Fernandes, tendo nascido mais quatro filhos: João Leomax, Marlinda Augusta, Durvalina Lucemar e Maurisa.

 

Américo Falcão fez o curso primário em Lucena e os preparatórios no Lyceu Paraibano, bacharelando-se em Direito pela Faculdade do Recife, em 1908. Exerceu a advocacia por algum tempo e, a seguir, ingressou no serviço público e no jornalismo; dirigiu a Biblioteca Pública e o Arquivo do Estado; colaborou nos jornais da época, ao lado de Arthur Achiles, Carlos Dias Fernandes, Mathias Freire, Coriolano de Medeiros Álvaro de Carvalho e vários outros nomes de igual relevo. Colaborava, também, no jornal Nonevar “’Órgão do Amor, da Graça e da Beleza”, primeiro jornal de festa editado na capital e que circulava durante a Festa de Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade. Américo Falcão era o responsável pela coluna Croquis, onde eram perfilados, jocosamete, jovens da sociedade pessoense Opinião do acadêmico Humberto Nóbrega sobre Américo Falcão: “Era um artista nato. Sua arte não emergia das lágrimas de outros poetas, mas promanava daquela romântica Lucena, cheia de sussurros e gemidos do velho mar, agitada pelo “leque de coqueiros” eternamente beijada pelos lampejos do luar”. Américo Falcão compunha quadrinhas, sendo a mais conhecida:

 

“ Não há tristeza no mundo

Que se compare à tristeza

Dos olhos de um moribundo

Fitando uma vela acesa”

 

Obras publicadas: Náufrago, 1914; Visões de outrora, 1924; A rosa de alençon, 1928; Soluços de realejo, 1934; (dividido em três partes: Harmonias errantes, Visões praieiras e miragens idas).

 

PINTO, Luiz.  Coletânea de poetas paraibanos.  Rio de Janeiro: Ed. Minerva, 1953.  155 p.  16.5 x 24 cm.     Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Quadros singelos meu livro encerra...
Por isso, eu venho vos implorar:
Sublimes almas de minha terra,
Levae-o à praia, mostrai-o ao mar...

 

Tenho no peito mar de Tormento
E n'a!ma eu tenho mar de Aflição;
Um mar de Sonhos no pensamento;
Mar de Saudades no coração!...

 

Nas sedutoras, marinhas plagas,

A' luz sidérea de astros do Além,

Almas divinas, dizei ás vagas

Que são meus versos vagas também. ..

 

 

 

HINO AOS JANGADEIROS

 

Pescadores audazes do Norte,
Que rumastes jangadas ao Sul,
Atirastes sarcasmos à morte
Entre as ondas de límpido azul!

 

Verdadeiros heróis do presente,
Brilhareis ainda mais no porvir —
Vossa glória será mais fulgente,
Quando, altiva, a cem anos subir!

 

A ironia do tempo vencestes,
Recortando do Atlântico as vagas,
Destemidos heróis, que nascestes
Para orgulho eternal destas plagas!

 

Que saudade da triste cabana,
Solitária, a esbater-se na bruma...
Peregrinos da plaga indiana
Num pomar que tem flores de espuma!

 

Jangadeiros do Norte ,eu bemdigo
Vossa firme coragem suprema!
Se no mar encontraes o perigo,
Nele tendes o vosso poema!

 

Não conheço, na vida, quem seja
Como vós, imortais jangadeiros:
Vosso lenho com as águas peleja...
Sois, por isso, os heróis verdadeiros!

 

Na áurea luz, doce luz, fina e clara,
Venturosos, assim, vos banhastes...
Quando á linda e gentil Guanabara,
Vencedores .altivos, chegastes!
  

Vosso feito é de eterna memória,
E já tendes, na pátria gentil,
Uma página de ouro na história
Dos sublimes heróis do Brasil!

A jangada ao partir — véla panda...
Mais soluça ao gritar da jandaia,
E ao adeus que, em silencia, lhe manda
O formoso coqueiro da praia!

Já não há para vós vento forte,
Pescadores de linha e de anzol,

 

*

 

Heróis do mar, eu vos contemplo
Do alto de imensa Catedral...
Ireis da glória ao grande Templo,
A' voz do aplauso universal!
Todos que imitem vosso exemplo
De intrepidez descomunal!

Sei que não credes, pérfidos tiranos,
Nesta imensa tristeza que me enlaça...
E não credes também nas desenganos
Que me pungem, tortura que me abraça!

Direis talvez assim: — Versos profanos,
Que não nos podem dar do gozo a taça!
E eu vos responderei: — versos humanos,
Sem requintes banais d'alma devassa
!...

 

Sei que não credes no rosário triste
De infinitas saudades que bemdigo...
Poema de amor que no pesar consiste.

Desejáveis que as rimas sohluçassem...
Bem sei. . . Daríeis crédito ao que digo,
Se pesares e lágrimas falassem!

 

 

CONVITES Á PRAIA

Hei de levar-te, um dia, á minha praia,
Minha formosa e cândida morena,
Para mostrar-te a vaga que desmaia,
Numa tarde de amor calma e serena...

Verás nuvens passar — fina cambraia,
Na minha aldeia plácida e pequena...
Então dirás à vaga que se espraia,
— Como é bonita a Praia de Lucena!

E eu sorrirei, mostrando-te a jangada,
Que do alto mar regresa valorosa,
Buscando, altiva, a praia desejada...

E, após, ao sombreiro dos palmares,
Irão, em romaria luminosa.
Meu olhar...  teu olhar   .  nossos olhares

 

 

 

 

Página publicada em julho de 2019

 


 

 

 
 
 
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