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Foto: http://blogdopedronelito.blogspot.com.br/

 

PEDRO GALVÃO

 

PEDRO Cruz GALVÃO de Lima é poeta e publicitário, nascido em Belém do Pará em 28 de março de 1940.

 

GALVÃO, Pedro.  Velho Pedro vai pra casa.  Belém do Pará: 1985.  s.p.  14x21,5 cm.   Projeto gráfico & montagem> Age de Carvalho e Carlos Chaves.  Edição fora de comércio, de 500 exs., impressa na Grafisa Offset.   Col. A.M.  (EA)

                                 (fragmentos)

Fundido o último ouro

enxuga o suor, extingue a

chama azul de acetileno

tranca a porta, o cadeado

absorve os ritmos da rua

acende um cigarro e sai.

Talvez seja inverno e aí

pelas seis horas o dia

se apaga e a noite reacende

seus olhos de loba triste.

Sigamos o velho Pedro

nas ruas do coração

da cidade que ele amou.

Mas invisíveis, cuidado:

que seu olho não capture

a amorosa indiscrição.

Repare: em seus passos breves

vai carregando em oitenta

setenta anos de trabalho.

E veja como ele pisa

doce doce docemente

velhas pedras portuguesas.

Tão docemente tão amo

rosamente que eu diria:

aquelas pedras, de amadas,

amavam seus pedros pés.

 

(...)

 

Todos amados, criados

com farinha da mais pura

mandioca. A mesa é

pouca mas o amor é muito

e a alegria, pão tão raro

nesses pratos de tristeza.

Dezoito filhos (dezoito?)

uns vivendo em sombra e não

outros morrendo

                           três mortos

tão cedo, meu pai, tão cedo.

Quem se foi quem ficou quem

ficará? Quem vai morrer

                                      e sorri?

Melhor nem lembrar. Melhor

é seguir por esta rua

dos Boémios da Campina

que peca na Riachuelo

e vai rezar na Trindade.

Melhor é parar na esquina

desta Igreja do Rosário

dos Homens Pretos, sentir

como é simples a beleza

do último sol do dia

nas torres do campanário.

Velho Pedro puxa um trago

no cigarro — as costas doem

indaga a cinza — sorri

e segue pró seu destino.

Velho Pedro está cansado

do duro dia da vida.

Mas foi bom. A vida é tanta.

Um dia é tanto. Este dia.

Lá se vai meu velho embora

descendo a Aristides Lobo.

Lá vai ele oitenta-e-uno

a calça exausta, completo

ou incompleto (que importa?)

rumo de casa ou de quê?

Um cão fareja os sapatos

de cordura e áspera lã.

Rabeia brinca faz festa

e se urina de alegria

mas de repente entristece.

 

 

Página publicada em fevereiro de 2013

 

 


 

 

 
 
 
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