MARIO CRUZ
MÁRIO JOSÉ DA SILVA CRUZ nasceu no Belém, capital do Estado do Pará, em 1917. Filho de d. Josefa da Silva Cruz, poetisa, pintora e musicista, e sobrinho de Antônio da Costa e Silva, também cultor das musas consagrado pela crítica do Pará. Em Lisboa. Portugal, fêz seu curso de humanidades, diplomou-se em contabilidade e publicou, em jornais e revistas, os seus primeiros versos. De retorno ao Brasil, tixou-se no Rio de Janeiro, onde obteve, com seu único livro publicado, o primeiro premio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Correspondente de línguas, crítico de arte e ensaísta.
Bibliografia: — "Cânticos Bárbaros". 1940; e "Sol de Outono", êste ainda inédito.
REZENDE, Edgar. O Brasil que os poetas cantam. 2ª ed. revista e comentada. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958. 460 p.
15 x 23 cm. Capa dura. Ex. bibl. Antonio Miranda
BALADA DA MÃE PRETA
Mãe Preta de cabelos de algodão,
— Por que te foste embora? — Onde estás tu,
Que não mais ouço histórias ao serão?
. . ."Era uma vez um marajá indu,
Dono de cem palácios de ouro... "Não:
Não é bem essa história que eu queria...
Ah! era aquela história de dragão
E de uma loura princesinha esguia...
Mãe Preta de cabelos de algodão,
E aquela história do Caramuru,
O homem branco do raio e do trovão,
Que ficou bambo ao ver o corpo nu,
De pele acobreada e luzidia,
Da princesa cunhã da região...
Como eu gostava de escutar, então,
A tua voz tão doce e tão macia!
Mãe Preta de cabelos de algodão,
— Por que te foste embora? — Onde estás tu,
Que não mais ouço histórias ao serão?
... "Foi numa festa de maracatu,
Numa noite encantada de verão,
Que a gente se gostou... porém, um dia...
Tinha que ser: foi Deus que assim o quis"...
Mãe Preta de cabelos de algodão,
Deixa-me descansar a fronte fria
Bem juntinho ao teu pobre coração,
E deixa-me sonhar que sou feliz...
Mãe Preta de cabelos de algodão...
("Cânticos Bárbaros")
Página publicada em dezembro de 2019
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