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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




MARCOS QUINAN

Poeta, músico, artista plástico e de teatro, animador cultural e empresário das artes, a exemplo do empreendimento da cooperativa LADODEDENTRO www.ladodedentro.com.br

Nascido em plagas goianas, não esconde o orgulho de ter escolhido a Amazônia como o chão propício para expandir sua inspiração que o fez aplaudido compositor, artista plástico e escritor. Teve, ainda, uma passagem pelo teatro, no despertar de sua vocação artística ainda jovem, lá mesmo em Goiânia. foi ator, iluminador, diretor e dramaturgo, fundando, com Paulo Roberto Vasconcelos, a Companhia de Teatro do Autor Brasileiro. Com Roseli Naves e Nilson Chaves, nos anos 80,  fundou a Gravadora e Editora Outros Brasis.

 

Contudo, esse “sertanista da vida, das idéias, dos sonhos” conforme o define o jornalista Edyr Augusto Proença, só resolveu mostrar-se ao público ao atingir seu meio século de vida. Antes disso, associava sua atividade empresarial a eventos artísticos, mas sem expor sua própria criação. E sua vida, hoje, está indelevelmente registrada em livros, pinturas, esculturas, músicas e letras editadas em cd’s, uma bela produção que tem recebido os mais entusiásticos comentários da crítica.

 

Extraído do sítio: www.festivaisdobrasil.com.br

 

Livros: 2006 – “Jeito de Sentidor” (2006); “Oração de floresta e rio e outros poemas” (2003); “Sertão do Reino”, contos (2003); “Sertão d’água”, romance (2001); “Sertão do São Marcos” , contos (2000); “O povo do Belo Monte” (2004);

CDs: “São José Diligente” (2005); “Rio do Braço” (2002); “Dentro da Palavra” (2001); “Canção dos Povos da Noite” – instrumental (1998);.

 

“Caipira pós-moderno, Quinan tem na pele uma colcha de retalhos do chão vivido em 54 anos de estrada - os primeiros 18 anos em Ipameri; 11 em Goiânia, um em Porto Alegre, outro no Rio e 23 anos em Belém do Pará. Sensibilidade, intuição, criatividade e muita pesquisa de linguagem, história e fatos pitorescos da vida do homem simples revelam-no mais que um sertanista. "Sou um autodidata que escolheu aprender o Brasil", confessa.” ANGÉLICA TORRES                                                                                                           

Veja texto completo da matéria de Angélica Torres sobre o autor no rodapé da página.    

 

Veja também poema de Ricardo Gonçalves, extraído do livro SUBIDOS de Marcos Quinan: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/ricardo_goncalves.html

                                                                                                 

“Gostei verdadeiramente do CD RIODOBRAÇO de Marcos Quinán, um dos mais telúricos mas sem folclorice, qualidade de raiz e de arranjos sofisticados... E letras excelentes. De se ouvir muitas vezes”. Antonio Miranda


Porto Velho

 

Esturro silencioso

Esbanjando rebojos

Perfumando o ar

Vestindo a mulher ausente

Que na lembrança mora

 

Madeira desce madeira

Despe meu olhar

Fincando nos olhos

A imensidão

Ferindo o tempo

Da minha angústia

Limpando as terras caídas

Que tenho no coração

 

Segue, segue ...

Em harmonia, ramaria

Bracejando lentas

Entre estridor

E raízes gemendo

Incendidas de embriaguez

Dançando nos cantos das margens

 

Revejo o Madeira

Descendo madeira

Emoldurando em seus mistérios

A sensual mulher ausente

Bramindo curvas

No desenho do pensamento

Entre meu olhar e o rio  

 

  

Corpo Presente

 

Todas as igrejas do mundo

Hão de fechar suas portas

Quando começar a madrugada

 

N elas há de estar meu corpo

Apodrecido para ser comido

Pelos ratos e seres miúdos

Que nos porões espreitam

A alma na carne empobrecida

 

Hão de roer todos os pedaços

Do que pensei ser

 

Disputarão nas dentadas

O que está perdido em mim

 

E o amor impregnado

Nos meus sentidos restará

Final como carcaça

Abandonada na escuridão

 

Dentes luzirão

Fantasmagóricos

Em volta do cadáver

Insepulto da minha alma

 

Pelos bares da cidade

Um poeta exibirá

Todos os dias

O recipiente apropriado

Vazio de minhas cinzas

Proclamando aos habituais

Era

Corpo e alma

Um filho da puta

 

E todas as igrejas do mundo

Continuarão a fechar suas portas

Quando começar a madrugada

Nelas estarão outros corpos

Para o apetite dos cães famintos

Que decerto também comerão

Do amor impregnado na carcaça

De alguma alma  

 

Primavera

 

O verde engolia o silêncio

E invejava o instante

Inventando mormaços

 

Havia entrecortes de solidão

Espalhando ermos e sinais

 

Ali o inesperado

Era esperado

Entre suores e restos de adolescência

Como encanto conspirado

Em formas e zelos

 

Dois seres

Recitavam seus

Sins e nãos

Jurando um jeito de nascer

  

Amargura da Língua

 

De um mote de Paulo Fraga e para ele

 

Um poeta acadêmico

Saiu na sacada da frente

Olhou pra esquina da rua

E viu o povo adjacente

 

Não mostrou seus versos

Amestrados noutros modos

Não podiam saber entender

Receitava seus arrogos

 

Um país de iletrados

Não merece meu poema

Pensou, prezou e entrou

Pra dentro da sua cena

 

Um poeta do povo

Parou no momento da esquina

Nos seus versos de verdade

Recitou seu modo e rima

 

Não deixou nenhum passante

Sem lembrar alguma estima

Em seu modo postulante

Escolheu matéria-prima

 

Um país tão judiado

Carece do meu poema

Pensou, bradou e fincou

A vida em sua cena

 

Amargura da nossa língua

No jeito de dois irmãos

Um exprime tão claro

O outro não tem noção

 

 

Extraídos da obra  JEITO DE SENTIDOR – maizinhas, enversados e recorrências...  São Paulo: Scortecci, 2005.

 

 

QUINAN, Marcos.  Vaqueiro marajoara: encantarias, chulas e ladainhas.  São Paulo: Scortecci Editora, 2016.101 p.  14x20,5 cm.  ISBN  978-85-366-4873-6  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

No lugar Marajó

 

Estribo vestindo dedos
Rédea solta nas mãos

Vez em sempre
Os pés descalços
Calçando o mundo

No lugar que passado
Não é longe

No lugar Marajó
Meu sertão

 

Doutrina

“Onde índio se escondeu
Quilombola já se escondeu
Curiboca esconde agora”

 

 

 

Histórias esquecidas

 

Histórias esquecidas
Nas noites de fogueira
Canto de lamento
Contando a vida inteira

No mar o sentimento
No rio sobra razão
No campo o fundamento
No encanto a sedução

Surrão sempre atulhado
De trabalho e valentia
Um tanto de solidão
E outro de alegria

O rogo numa canção
São parentes por destino
Conhecem tanto o perdão
Quanto qualquer desatino

Deu-se em merecimento
Na quantia do exato
Vaqueiro quando conta
A história vira fato

 

 

Doutrina

“Cavalo quebrantado
Pelo ofício de valia
Trabalhando em dobrado
Descanso já merecia”

 

 

 

Ensinando navegar

 

Esqueleto de paricá
Braçame de pracuíba
Forro de sapucaia
Agrado para toda vida

Tatajuba serve pra tudo
Da quilha até o timão
Acabou pau amarelo
Cedro não tem mais não

Acapu já rareou
Não adianta querer tirar
Se achar ao menos um
Espere o seu serenar

Formato se faz com forma
De sapucaia e piquiá
Itaúba turu não vaza
Calafete o que furá

Depois firme o flutuo
Ensinando navegar
Afine cada balanço
E batize em alto mar

 

 

Doutrina

“Sorte pra quem partir
Descanso pra quem chegar
Seu cheiro ficou aqui
O meu eu trouxe do mar”

 

 

 

Pedido de amigação

 

Permissão de parentesco
Pediu olhando pro chão
De lá quis levar Maria
Dona de sua afeição

Ao passar pela lindeira
Sentiu um tenso na mão
Semblante empalidecido
Muita dor no coração

Finou sem um gemido
Na porta da aflição
Dentro do infortúnio
Que a vida deu razão

Restando deixou Maria
Viúva sem atenção
No amor só de aceitar
O pedido de amigação

 

 

Doutrina

 

“Coração bate apertado?
Pode ser algum defeito
O fim que já é chegado
Ou amor doendo o peito”

 

 

QUINAN, Marcos.  Encenações.  São Paulo: Scortecci, 2017.   814 p.  14x20,5 cm      ISBN 978-85-366-5191-0    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

"Encenações" é um livro de contos, mas alguns poemas são "proesias"... Como este:

 

 

 

                 Roupa velha

 

 

O acidente vascular cerebral o deixara com a metade do corpo sem os movimentos, o rosto quase todo paralisado. Por isso, nem era preciso fingir-se um imbecil.

 

Suportava, todos os dias, a rotina e o sol, a cadeira de rodas passando pelo irregular do passeio, dando solavancos.

 

Suportava a conversa dos amigos e conhecidos como se ele fosse um débil mental. Não se irritava.

 

Dentro do pensamento esbravejava dezenas de palavrões para os conhecidos e suas complacências.

 

Durante o dia estendia o pensamento para tudo o que gostava de fazer e fingia poder menos do que podia, reservando energia.

 

À noite, abria o guarda-roupa e vestia o corpo são que tivera o cuidado de guardar atrás do velho terno e saía escondido para a boemia.

 

 

 

 



Sina do sertão

O artista multimídia goiano Marcos Quinan recria a alma do interior brasileiro em prosa, versos, canções e telas

 

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Angélica Torres

Especial para o Correio :Pensar

pensar@correioweb.com.br

Divulgação

 

Água murmurando saudades debaixo da ponte do Rio do Braço. Tropeiro na estrada ligando fatos, personagens. O padre, o dono da venda, o fazendeiro, a dona da pensão, demônios variados do imaginário popular. A ética da gente simples, suas "malezas", sua religiosidade. Esse universo, temperado com a linguagem oral do interior de Goiás do início do século passado e trabalhado com originalidade e vigor, é uma amostra da receita dos contos do livro de estréia do escritor goiano Marcos Quinan, Sertão do São Marcos, lançado em 2000.

 

Quinan somou suas memórias de infância e adolescência às informações de pesquisa histórica e de linguagem oral da região e escreveu os contos de um fôlego só. Criou uma Macondo muito particular sua, ao tramar personagens e histórias com liberdade de estrutura narrativa, que resultam num quase romance. Pôs o tropeiro Baldino como eixo de comunicação entre os habitantes, personagens ora inventados, ora resgatados e recriados, que vão aos poucos povoando aquele sertão, depois chamado Distrito Arraial de N.Sª. da Conceição, Distrito de Vai Vem, Município de Entre Rios, até chegar a Ipameri, onde o escritor aporta, no livro, pela via do poeta.

 

Os vários contos atentados por demônios são um particular na literatura de Quinan, assim como a galeria de nomes curiosos que dá aos personagens. E mais: o alumbramento que causa a fala do caipira; a melodia que emana de palavras, contextualizadas ou não, como "sabença", "parecença", "avulia" (avalia) e a graça de expressões como "pôs reparo", "pôs querença", "fizemo de um tudo". O matuto fala e pensa poesia em sua simplicidade, no ermo de seu despojamento, e o escritor requinta aquele universo com humanismo e humor.

 

Caipira pós-moderno, Quinan tem na pele uma colcha de retalhos do chão vivido em 54 anos de estrada - os primeiros 18 anos em Ipameri; 11 em Goiânia, um em Porto Alegre, outro no Rio e 23 anos em Belém do Pará. Sensibilidade, intuição, criatividade e muita pesquisa de linguagem, história e fatos pitorescos da vida do homem simples revelam-no mais que um sertanista. "Sou um autodidata que escolheu aprender o Brasil", confessa.

 

Desse seu aprendizado surgiu no ano passado uma ficção amazônica enfeixada nas aventuras de Sabá do Talho, um herói paraense desmemoriado da Guerra de Canudos. Narrado numa mescla de Português-Nheengatu, Sertão d´Água saiu no ano passado, quando mais um livro de contos do autor já estava a caminho de perfazer sua trilogia sertaneja. Sertão do Reino, que será lançado em agosto em Brasília, vem trazer o dia-a-dia dos negros forros e escravos, índios, caboclos e mestiços que fizeram a Cabanagem, única revolução popular nacional que levou o povo a assumir o poder, na então província do Grão-Pará, entre 1935-40.

 

"Personagem, tenho coração goiano, mãos amazônicas e a alma bem brasileira. Não descarto as influências de tudo o que freqüentou a minha vida, desde a escola, em Ipameri, quando o professor Zuzu aparecia com os novos autores para as aulas de português", diz Quinan, citando uma lista que vai de Guimarães Rosa a Bernardo Élis, de João Cabral a Cora Coralina, de Nelson Rodrigues a Plínio Marcos, entre mais uma dúzia de referências.

 

Músico, dramaturgo etc.

 

Alfabetizado pela santeira Neusa Garcia, sua irmã, Marcos Quinan entrou na escola a partir da 5ª série do ensino fundamental (à época, admissão). Seu espaço nas artes já estava traçado desde então. Transitou pelo teatro, como ator, diretor e dramaturgo, chegando a trabalhar com Ziembinski e Paschoal Carlos Magno. Enveredou pelas artes plásticas pintando telas que ilustram seus produtos e que decoram mais de 300 ambientes Brasil afora. Produtor cultural, criou a gravadora Outros Brasis, destinada a produzir artistas alternativos do país todo e que deu suporte a inúmeros músicos da Amazônia, além de também revelar o compositor Marcos Quinan.

 

"Fiz 50 anos e decidi mostrar minhas coisas", conta ele, que estreou em 1998 com o CD instrumental Canção dos Povos da Noite, sofisticado e simples, a um só tempo, nas seqüências melódicas e nos arranjos que evocam música de câmara e o folclore nacional. Poeta que conserva naturalmente sua delicadeza rural, Quinan recria e dignifica a música sertaneja nas suas baladas, seus maracatus-baiões e toadas gravadas noutra experiência, o CD Dentro da Palavra (2001).

 

Com interpretações de Flávio Venturini, Jane Duboc e Nilson Chaves, entre outros, as canções conjugam o menino e o poeta em seu universo sonoro-pictórico, como no meta-maracatu-baião Cuida da Palavra, em que canta: "Substantivos na copa das árvores/ quem foi que achou?/ Artigos nos troncos descendo no rio/ quem foi que jogou?/ Pronome que é nome dos deuses nas matas/ quem foi que encontrou?/ Adjetivos são húmus na terra/ quem foi que pisou?..."

 

Rio do Braço, seu terceiro CD, sai em breve, mesclando instrumental e canções, com sotaque bem goiano, anuncia.

 

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Trecho

 

"Rudiei Arrependidos evitano conferição. O sol no arto da tarde num deixava firmá as vista e no arrodeio me vi perdido. A mulada no desassussego de caminho novo, agitada, andava no ponto do disparo. I´eu num avuliava nada não, o senso ficava só no pensá em Mundica, filha mais nova de seu Tertuliano e dona Idalina, primor de donzela, fosse nas prenda ou nas anca farta, era toda buniteza vazada nos zói noturno, mostrano só iscundição."

 

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Sertão do São Marcos - Letraviva, R$ 22,00.

Sertão d´Água - ProjeCto Editorial, R$ 22,00.

Canção dos Povos da Noite - Produção de Eudes Fraga, 20 faixas. Independente.

Dentro da Palavra - Produção de Eudes Fraga, 17 faixas. Independente.

 

E-mail: quinan7@hotmail.com

 

 

 

QUINAN, Marcos.  Subidos. São Paulo: Scortecci, 2019. 
127 p.     ISBN    978-85-366-5864-3   Ex. bibl. Antonio Miranda
 

/Capítulo extraído do livro acima em que Marco Quinan narra uma situação em que é lido o poema de Ricardo Gonçalves que reproduzimos aqui:  /

 

A ÚLTIMA NOITE 

Na noite que antecedeu a partida se reuniram. O encontro foi de muita conversa e relatos. Eugênio, para encer­rar, com seu jeito descontraído, pediu a palavra e declamou o poema "Rebelião":

 

Com gemidos agoureiros
Num pavoroso lamento
Lá fora perpassa o vento
Chicoteando os pinheiros
E a noite, caliginosa
De uma tristeza suprema,
E como a boca monstruosa
Da monstruosa caverna

 

 

Chove. O arvoredo farfalha

 

Soturno o trovão ribomba

 

Como longínqua metralha

 

Depois o silêncio tomba

 

Pávido e trémulo, escuto

 

Mergulho a vista lá fora

 

E vejo a terra de luto


 

E ouço uma voz que apavora

 

Como um vago murmúrio
Mansa a princípio ela ecoa
Depois de um grito bravio
Que pela noite reboa
Que para a noite se eleva
Num pavoroso transporte
Como soluço de treva
Como um frémito de morte

 

Essa voz cheia de ameaças
De imprecações e rugido
E o clamor das populaças
É a voz dos desprotegidos Medonha, relutante e rouca
Vem desse mundo sombrio
Dos que tiritam de frio
E não têm pão para boca

 

Vem das lôbregas choupanas Onde em tarimbas sem nome
Há criaturas humanas
Agonizando com fome
Vem da cloaca deletéria
Em que a "Justiça" comprime Esses que a mão da miséria
Pôs no caminho do crime

 

Doa quartel — açougue enorme

Onde à espera da batalha

Morta de fadiga, dorme

A carne para metralha

Dos hospitais, dos hospícios
Das tascas onde ressona
A grei de todos os vícios
Que a miséria proporciona

 

Ah! Nesse grito funesto
Nesse rugido, palpita Um rancoroso protesto
E o povo, a plebe maldita
Que, sombria, ameaçadora
Nas vascas do sofrimento
Mistura aos uivos do vento
A grande voz vingadora

 

Tremei, vampiros nojentos

Tremei, nos vossos dourados

Palacetes opulentos

O sangue dos desgraçados

Sugai, bebei gota a gota

Não tarda que chegue o instante

Em que a turba se levante

Sedenta, faminta e rota

 

E quando comece a luta
Quando explodir a tormenta
A sociedade corrupta
Execrável e violenta
Iníqua, vil, criminosa
Há de cair aos pedaços
Há de voar em estilhaços
Numa ruína espantosa

 

 

 

 

 

Página ampliada e republicada em novembro de 2017; ampliada e republicada em junho de 2019

 
 


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