| LILIA SILVESTRE CHAVES 
 Lilia Silvestre Chaves nasceu em Belém  do Pará, em 1951. Desde cedo, ainda adolescente, entregou-se à pintura, o que  lhe valeu alguns prêmios, sendo um internacional, para expor em Paris. Foi um  passo para que a arte, de uma maneira geral, estivesse sempre presente em sua  vida: o cinema, o teatro e, principalmente, a literatura e a música. Mas sua  carreira seria para sempre dedicada às palavras. Graduou-se em Letras, pela  Universidade Federal do Pará, onde ensina Literatura Francesa desde 1979. Em  1992, apresentou sua dissertação de mestrado (UFPA) A Crônica de Saint-John Perse: um canto de Grande Idade. Cursou o  doutorado em Literatura Comparada na Universidade Federal de Minas Gerais e em  2004 defendeu a tese Mário Faustino: uma  biografia literária, publicada em setembro do mesmo ano (SECULT-IAP-APL). Lançou seu primeiro livro de poemas – E todas as orquestras acenderam a lua –  em 2000 (Belém: Imprensa Oficial). Como poeta, participou de várias  publicações: A poesia do Grão-Pará (Seleção de Olga Savary. Rio de Janeiro: Graphia Editorial, 2001), 1ª Antologia  de poemas eróticos – Eros (São Paulo: Editora Poesia Diária, 1999), Antologia  horizontes (São Paulo: Editora PD, 1999). Como ensaísta, organizou e apresentou  o livro Espumas Flutuantes e outros  poemas, de Castro Alves (São Paulo: Ática, 1997) e prefaciou, entre outros  livros, a reedição de Que é Literatura? E  outros escriptos, de José Veríssimo (Belém: SECULT, 1994), e as traduções  de Saint-John Perse, por Benedito Nunes e Michel Riaudel (Crônica/Chronique de  Saint-John Perse, Belém: CEJUP, 1992), e de Blaise Cendrars, por Sérgio Wax  (Páscoa em Nova-Iorque, prosa do Transiberiano e outros poemas (Belém: UFPA,  1995).Fonte: http://www.culturapara.art.br
   
                    
                      |  |  POESIA  SEMPRE – Ano 17 – Número 34.  Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional –  Ministério da Cultura, 2010. 228 p.   18x26 cm. ilus. Editor Marco Lucchesi.   Destaque para a Poesia Híndi contemporânea.                      Cedimento         a madrugada inunda a página —cedo  verdades sem palavras
 ardem
 ao  sabor da hora
 imensa
          o  tempo imperioso do momentoaves  e aurora
 ressoam  ao gesto incerto
                    é  tua — guerreiro do azul perdido —é  tua a lembrança da noite?
           Manhã         sem a história da ausênciasomente
 sombras  e sons desconhecidos
 sem  a história de meu nome
 apenas  sementes
 no declive da vida
          nem  flores nem ferassem  a saudade táctil
 da  página luminosa
 nem  cúmplices os olhos
 nem  lassos os versos
          e  a manhã única da escritasem  a falsa espuma da memória
 criaria  um sempre dissonante
 na  vaga totalidade do tempo
            Afago         quanto amor existe no afago da frasea  ti leitor ao teu olhar no tato da palavra
 de  que cuidado ressoam os desejos
 da  escrita em teus desejos inventados
 e  que desvelos ao sopor do texto
 apagam  as sombras remotas dos sentidos
 desenhadas  desejadas pelos dedos
 ao  digitarem ágeis nas vertentes líquidas
 versos  verbos e corpos ardentes de leitura
     Página  publicada em fevereiro de 2018                         
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