Enzo Carlo Barrocco, por batismo, Efraim Manassés Pinheiro (Tracuateua, Pará, 1960) Poeta, contista e pesquisador literário. Enzo caminha por vários gêneros poéticos, como o soneto, o poema livre, o poetrix,a trova, o hai-kai, embora, algumas vezes, tenha enveredado pelas sendas do conto. A síntese, como o prórprio poeta gosta de afirmar, é a sua principal característa. Amante das artes em todas as suas vertentes, mormente à literatura, Enzo é um incansável pesquisador literário.
O POEMA E AS ROSAS
Vinhas leve, a rua molhada,
a chuva certamente não voltaria,
o brando vento inundava a tarde,
as tuas roupas, os teus cabelos.
Sim, o crepúsculo nascia nos teus olhos;
tarde de maio, simétricos feixes
de luz no final do dia.
Existia perfeição na paisagem toda.
Mas não reparavas nesses detalhes breves,
havia negligência dos teus passos,
desaparecias nos meandros das ruas.
Cultivo hoje lamentáveis rosas.
A BAÍA ABRAÇA A ILHA
A baía abraça a ilha,
o sol ensopa julho de suor;
a linha d´água,
a tez contra o azul.
Olhos que se ajustam à paisagem,
água, céu e ilhas;
alguma embarcação,
gente translúcida
sobre o lombo branco de Mosqueiro.
Segue julho,
verão de muitas cores;
o belo mora nestas praias,
nos lábios rubros das mulheres.
SONETO NOTURNO
Vem a noite de lilás e prata
pelas estradas arrastando as vestes
trazendo a lua que se mostra grata
ascendendo pelos lados lestes.
As paisagens já estão soturnas,
nos casebres, iluminação,
uma chuva que se fez noturna,
nos caminhos alguma assombração.
Tudo quieto, tudo tão parado
nesses sítios quando a noite vem
as pessoas se recolhem cedo,
pelos ermos não se vê ninguém,
não demora a madrugada rompe
um galo canta em outro sítio, além...
MAIS UM DIA, PORTANTO, ESTÁ CHEGANDO
Branca luz sobre as folhas
da madrugada,
o sol ainda não botou a cara ardente
sobre o mar.
Uns últimos insetos (lálias, duxas, vambratis)
vagam sob a luz dos postes.
Pelas casas pouca iluminação,
a lua lentamente vai embora,
outro dia, portanto, está chegando;
logo mais abramos as janelas.