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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



BENÉ FONTELES

 

 

Artista plástico, poeta e compositor, curador de exposições notáveis, Benedito Fonteles nasceu em Bragança, Estado do Pará, em 1953. Suas atividades levaram-no a diferentes regiões do país. Montou exposições em espaços como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museus de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro e Curitiba, Museus de Arte de São Paulo e de Brasília, destacando-se as montagens da obra de Ruben Valentin, com a publicação do livro O Artista da Luz, assim também o livro-CD Giluminoso – a poiÉtica do Ser, com a obra de Gilberto Gil, além de dirigir espetáculos e gravações de grandes artistas como Luiz Gonzaga, Tetê Espíndola, Belchior, Egberto Gismonti e tantos outros. Dezenas de exposições individuais, muitas delas de arte e ecologia, além de promover seminários e oficinas de criatividade.

 

Também é notável como poeta., de que damos uma breve mostra aqui, em parte retirada da antologia de Olga Savary Poesia do Grão-Pará e de O Livro do Ser.

 

 

QUASE HAI-KAIS

(década de 80/90)

 

A pedra que arremessas

apenas confronta a nuvem.

 

*

 

Deus cabe nas pedras

As pedras não cabem em si.

 

*

 

Vento que passa

Roça a pedra que fica.

 

*

 

Só o Real do lúdico

ilumina o Dom do lúcido.

 

*

 

Só ele escutava

a felicidade dos peixes.

 

*

 

Nenhum anseio vela

o barco da mente simples.

 

Aprenda do bambu

que o bambu

— É bambu!

 

*

 

Lótus e lodo

Diferenças sutis

à luz da lua.

 

***************

De

O LIVRO DO SER

Petrópolis: Vozes, 1995

 

a alegria dos peixes

sou

EU]

eu sou as carpas que dançam

na co de teus olhos

a alegria que faz nadar

os feixes de escamas

e

LUZ

e deixar o rio NU

completamente à vontade

com seu dom de correnteza

a leveza

a voz

e a vez das águas

 

 

***

 

NO PAGODE DE SETE ESTRELAS

                                               PICOS PINTADOS

                                               NANQUIM E PEDRA

                                               NEVE E PINCEL

                                               PAPEL E VAZIO

 

 

***

 

sentados

o monge e a montanha

tecem silêncios

nada fazendo vestem a primavera que vem

ela passa...

eles a despem

alguma grama cresce por si

eles observam

as raízes e o inverno crescem

entre seus dedos

vãos

outro verão e outro outono

e nem abertos

ou sigilosos

sentados

o monge e a montanha

num sorrir silencioso

 

                                               para Bashô

 

SE VISSE

O IPÊ

TUDO AMARELO

VAN GOGH

PINTARIA

TODO

ROXO

 

 

 

FONTELES, Bené.  O Livro do Ser.  Prefácios: Arnaldo Antunes e Pierre Weil.  Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1995.  s.p.  23x15,5 cm.  Ilustrações: Sengai (sec. XVIII)  ISBN 85-326-1335-7  Col. Bibl. Antonio Miranda

 

a linguagem da existência não pensa

imagina que é um barco

                                       e naufraga

diz que é a simples vela

                                       e se apaga

afirma que é o vento vago

                                       e a tormenta

nega que é a mente

                                       e afaga o ego amargo

                                        acaricia a alma doce

                                             se enganando

          enquanto o corpo exala apenas o perfume

                    tênue da impermanência

a linguagem da existência não imagina nada

          existência nado imagina

                    apenas nada um peixe no aquário

                                                 do vazio

 

 

ela existe no que não existe

não é resistência

nem ausência

          é plano do prana

 

não é barco

                porque não existe um mar

não é vela

               porque não há ar pró chama

não é vento

                porque nenhum movimento em volta

não há revolta

por isso não existe a mente

e não há nada para afagar o ilusório

e não se acaricia o dorso do que não se apalpa

e a polpa corpo nem é embalagem

                                   nem simulacro
          apenas sacra fragrância e lume numa linguagem

                                   não falada

                     que se aperfeiçoa e exala

enquanto o silêncio cala

          e é apenas CHAMA.

 

 

BRIC A BRAC IV -  Brasília 1990.  Produção executiva Luis Turiba.  Capa Resa Celavi.   23 x 31 cm.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

 


 

H2O BENTA. Encarte pliego: ÁRVORES- poemas de Amílcar de Castro, Arnaldo Antunes,    Manoel de Barros, Nicolas Behr, Reynaldo Jardim etc.  Inclui CD com Bené Fonteles,    Egberto Gismonti, Gilberto Gil etc.                         Ex. bibl. Antonio Miranda

 

OBRANOME II (projeto: curadoria e organização editorial Wagner Barja: apresentação Silvestre Gorgulho – projeto gráfico, PC Müller.  Brasília: Museu Nacional – Cultur- Cultura e Consultoria, 20-08. 
120 p.  20x21 cm                                     
Ex. bibl. Antonio Miranda



 

Extraído do catálogo OBRANOME, realização da Caixa Econômica Federal e Embaixada da Espanha, no Conjunto Cultural da Caixa, Brasília 2003.

 


 *

Página ampliada e republicada em dezembro de 2022


 

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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/para/para.html

 

 

Página ampliada e republicada em dezembro de 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2008; ampliada e republicada em março de 2014.

 



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