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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

ANTONIO TAVERNARD


Antônio de Nazaré Frazão Tavernard, ou simplesmente Antônio Tavernard, (Belém, 10 de outubro de 1908 — Belém, 26 de maio de 1936) foi um poeta e dramaturgo brasileiro.

Antonio Tavernard nasceu na Vila de São João do Pinheiro, atual Icoaraci, onde iniciou seus estudos. Logo depois, residindo já em Belém fez o curso de humanidades no Ginásio Paes de Carvalho, onde ajudou a organizar e fazer publicações para o jornal G.P.C, bastante divulgado na época entre os estudantes. Em 1925 terminou o ginásio e em 1926 ingressou na faculdade de Direito do Pará, onde teve sua vida encurtada por ter contraído hanseníase.

Foi jornalista, dramaturgo e compositor, além de poeta lírico, falando de amor, morte e esperança.

Foi um dos redatores da revista A Semana, uma das mais importantes a circular em Belém na década de 1930.

Pesquisadores afirmam que Tavernard publicou apenas um livro em vida, o livro Fêmea, mas um dos parentes do poeta, Tavernard Neves, informou que em 1953 foi editado o romance Místicos e Bárbaros.

Poesia:  Os Sacrificados- 1953:; Místicos e Bárbaros (publicado postumamente).

 

TAVERNARD, Antonio.  Obras reunidas de Antonio Tavernard. Vol. I  Poesia.   Edição comemorativa do cinquentenário da morte do saudoso escritor conterrâneo.  Belé, Pará: Conselho Estadual de Cultura, 1986.341 p.  15x22,5 cm.  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Marques de Vasconcelos Filho.

 

GERMINAL

Tardes cheias de sol...
Fêmeas cheias de cio...

Escachoo de sangues e de seivas
Fecundações de ventres e de leivas...

Estio!... Estio!...

Tardes cheias de sol...
Fêmeas cheias de cio...

Puberdade do tempo, a primavera
deixa a terra mulher...

Primavera da vida, a puberdade
deixa a mulher em flor...

Por fim, chega o verão...
Dá-se a posse infinita...
O mundo lembra um leito que se agita...
No sussurro do vento há soluços de amor...

Vem a espiga depois, e vem o filho...
Folhas sem cor...
Olhos sem brilho...

A vertigem passou, com as esperanças,
de si deixando, pelas manhãs claras:
como searas soltas, as crianças,
como crianças presas, as searas...

 

DANAÇÃO

Na solina da tarde que efervesce
minhalma freme, torturada, louca,
num delírio de amor que minha boca
toma um murmúrio hipócrita de prece!

Prece de carne, só se for... Espouca
longínqua gargalhada que parece
ser de gnomo vergastando, rouca,
esta febre brutal que em mim recresce.

Febre de gozo sopitado... anseio
de beijar, de morder moreno seio
de uma mulher que se ofereça nua...

Tudo é lascívia! — verifico pasmo —
O próprio mar que ao longe tumultua,
tuge e rebrame em convulsões de espasmo.

 

CHROMO RUSTICO

         Para a alma delicada e affectuosa da IACY

 
No terreiro da fazenda
em noite sem viração...
A lua fazendo renda
sobre a areia... Solidão...
Apenas, lá num recanto,
elle de linho alvejando,
ella de cassa e chitão,
arrulhavam cochichando,
a Rita e o Sebastião.

Dizia elle em quebranto:
—"Qondo nos dois se ajuntá,
meu amô, amô primêro,
a gente vae se aninhá
nas terras de Zé Lôrêro,
num ranchinho de sapê,
Lá fora, muito coquêro...
Lá dentro, eu e vancê...

Ella ajuntava, faceira,
em voz baixa, quasi extinta:
— "Dispois, nos dois e um fiinho,
todos tres agarradinho
que nem pétala de frô:

Tres pessoa bem distincta,
mas Cuma só verdadeira...
E a verdadeira é o amô..

Final: a lua escondida
com vergonha de espiar...
—"Meu pecado!" — "Mea vida!..."

E o resto eu não sei contar.

         A SEMANA no. 667, 23.5.31

 

NIRVANA

Doçura de estar só
com a tarde e com o silêncio...
Junto ao livro, no lar,
sob a lâmpada inútil,
olhando para o céu uma paz inconsútil
unge-me os nevos,
veste-me de seda e de veludo.
Tudo dentro de mim é como uma alameda
que o outono fez dormir nos seus braços de bruma.
Vez em vez, mal a mal, uma a uma,
as cigarras despertam do bochorno.
Sinto mais do que penso
ser a tarde mulher, ser alcova e silêncio.
Possuo atarde do silêncio morno
e dessa posse mística resulta
uma comoção perfeita.
Há no silêncio uma miragem oculta,
há na lembrança uma ilusão desfeita.

E a viração que vem rever os ninhos,
rendar avencar, alisar caminhos,
toucando arbustos, coroando montes,
vem também visitar de relance tremendo,
a clausura feliz de quem sonha sozinho
esquecido, esquecendo.

 

RESPOSTA

"Nunca sentiste amor?" —  me perguntaste
Naquela tarde de melancolia
Em que nas minhas mãos eu aquecia
A doce mão que tu me abandonaste.

Calei. De novo então interrogaste:
"Nunca sentiste amor?" E logo, fria,
Vendo que, mudo, nada eu respondia,
Das minhas mãos a tua retiraste.

Mas retomei a tua mão morena
Tão mimosa e sutil, tão linda, tão pequena
De unhas cor de rosa e cútis de veludo.

E apertei-a com uma tal meiguice
que, se a minha boca nada disse,
A minha mão foi te dizendo tudo.

 

COMO EU QUERO MORRER

Sob a reza dos sinos, num crepúsculo
os meus olhos nos teus,
sem o fremir dorido de um só músculo,
coroado de rosas como um Deus.

         Belém, 17.1.930

 

Página publicada em março de 2017


 
 
 
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