ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Antonio Juraci Siqueira nasceu em 28 de Outubro de 1948 em Cajary, município de Afuá no Pará, onde, ainda menino, descobriu a literatura através dos folhetos de cordel. Aos 16 anos mudou-se para Macapá (AP) onde casou-se, prestou serviço militar e concluiu os estudos de segundo grau. Em 1976 mudou-se para Belém graduando-se em Filosofia em 1983 pela UFPa. Pertence a várias entidades lítero-culturais, entre estas a União Brasileira de Trovadores, a Malta de Poetas Folhas & Ervas, a Academia Brasileira de Trova e o Centro Paraense de Estudos do Folclore.
Atua como oficineiro, performista, contador de histórias e publicou mais de 60 títulos individuais entre folhetos de cordel, livros de poesias, contos, crônicas, histórias humorísticas e versos picantes. Colabora com jornais, revistas e boletins culturais de Belém e de outras localidades e conta com mais de 200 premiações em concursos literários em vários gêneros, em âmbito nacional e local.
(ENZO CARLO BARROCCO)
ARTE POÉTICA
Hoje,
amanheci meio peixe,
meio pássaro.
Estou aprendendo a nadar,
tomando aulas de vôo
e aprimorando o canto.
Amanhã,
pássaro pleno,
insofismável peixe,
debulharei meu canto sobre a terra
em nados abissais
e vôos rasantes.
VERDE CANTO
Verde é o meu canto
vivo muiraquitã de amor talhado
na pedra da existência e pendurado
no invisível pescoço do amanhã.
VERDE É O MEU PRANTO
musgo a crescer nas fendas seculares
abertas pelas mãos da malquerença
na história carcomida deste chão.
VERDE É O VENENO
que escondo na palavra – jararaca
urtivamente oculta entre a folhagem
no emaranhado chavascal de mim
VÔO NOTURNO
Na fogueira da aurora eu me consumo
e ressuscito entre os lençóis da noite
para tecer meu ninho de discórdias
do teu coração.
A minha pena – faca de dois gumes –
ao mesmo tempo fere e acaricia;
as minhas asas - guarda-sóis se abertas,
quando fechadas, grades de prisão.
Trago nas veias sangue canibal:
bebo esperanças, mastigo ilusões
e, às vezes, sorvo sonhos matinais.
Portanto não se engane: sou poeta
em cujo peito dorme um troglodita
que traz no coração pluma e punhal.
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