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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: https://www.linkedin.com/in/abiliopacheco


ABÍLIO PACHÊCO
( BRASIL – PARÁ )

 

 

 

Nasceu em Juazeiro, Bahia, viveu a primeira infância em Coroatá (Maranhão), dos 7 aos 27 anos morou em Marabá, e hoje reside em Belém do Pará. Licenciado em Letras pela UFPA-Marabá e Mestrado em Letras – Estudos Literários pela UFBA-Belém.

 

Obra poética: Poemia (1998) e Mosaico primevo – poemia (2008).

 

 

“Mosaico primevo, montado pela argúcia e pelo labor de Abílio Pacheco, incita-nos, pela beleza imagética, a reavivar nosso interesse pela poesia, dimensão verbal interrogante por excelência, e pela vida”  Sílvio Holanda 

Blog do autor:  www.abiliopacheco.com.br

 

ABILIO PACHECO

De

MOSAICO PRIMEVO – POEMIA
Belém: Edição do autor, 2008.  53 p.

 

Poema brevíssimo
Ensaio sobre a Cegueira

Am I blind?
Vejo, (enx)ergo sum
meu olho, se nego
(c)ego
!

  

Retrato II

 

A Cecilia Meireles

 

 

Eu também não tinha este rosto

assim tenso, assim denso, assim calvo,

nem olheiras e rugas

nem cabelos alvos.

 

Eu não tinha estes olhos de agora

tão rubros, tão turvos, tão vagos,

nem esta mão incerta,

nem dedos fracos.

 

Mal venho notando esta mudança

que lenta, constante e suave

do espelho vem desbotando

a minha face.

 

 

Andança

Carrego meus males todos
juntos no mesmo bolso,
juntos do mesmo lado — no peito esquerdo.

Sigo assim meio de lado
puxando de uma perna
e arrastando meu corpo torto
pela rua muda.

 

 

Habitação

 

Há um silêncio seco percorrendo as paredes da casa:

Ratos roem roupas sujas esquecidas nos sofás,

fazem seus ninhos entre os nossos tecidos

e mijam nas loucas adormecidas sobre a pia;

Baratas revoam sobre a mesa da sala

são insetos burocráticos, bibliófilos, alfarrábicos

que se fartam nos papéis, cartas, revistas e jornais

que há dias estão reunidos na mesa de jantar;

Grilos entoam acordes de árias desafinados

e muriçocas lhes riem finos gargalhos;

Formigas carregam as migalhas da última ceia

da ceia de ontem, da ceia de sempre;

Urna única mariposa tenta a morte em vão na luz da sala;

E aranhas ressecadas nos telhados podres

permanecem estáticas à teia urdida

 

Enquanto os gatos, os cães,

os homens estão perdidos pelo mundo.

 

 

Habitat

 

Sempre são meus os olhos que habitam esta casa:

paredes de tábuas despregadas,

ratos podres pelos cantos,

sapatos empoeirados nos tapetes,

comida estragada nos lixeiros,

caibros comidos por cupins,

telhas quebradas no telhado,

varias trancas nas janelas,

teias de aranha nos portais,

fogão engordurado por descuido,

quadros mal pregados nas paredes,

livros espalhados pelo chão,

roupas sujas sobre a mesa,

porta e fechadura arrombadas a tiro;

 

e os meus olhos assustados e despertos

já não habitam mais em mim.

 

 

Construção

Na tarde quente de sol
areia pedra barro
tênue terra tenra
ocas cores curas

duro muro nu

 

 

epigramalone

 

 

O sonho   vai   e   eu  fico só.

 

O sonho   vão   e   eu  só  fico.

 

Os sonhos vão   e   só   eu fico.

 

Os sonhos  vãos   e    só   fico eu.

 



POETA, MOSTRA A TUA CARA.  Vol. 6.   XVII Congresso Brasileiro de Poesia.  Org. Ademir      Antonio Bacca e Cláudia Gonçalves.  Bento Gonçalves, RS: Grafite, 2009.  256 p.  

                                                          Ex. bibl. de Antonio Miranda


      
Erínias

     
Fatigado escrevo em transe
      imerso em denso sono,
      entre alaridos e vozes
      e sob luzes vertiginantes.

      Escrevo, mas só não basta!
      Garatujo! Esgaravato
      no tártaro do inteiro
      o sono das trevosas Fúrias.

      Tremo e temo, porém teimo.
      Que perigos reservados
      para quem avança em vão
      na tarefa de acordá-las?

      Entretanto, insisto: escrevo!
      E elas, por meus esgaravos
      soltam gritos ensurdantes
      uivando injúrias infames.

      Aborrecidas e em garras
      levantam-se as justiceiras
      avançam-me sem retardo
      e roubam-me de toda voz.

      Tento ainda um verso à toa
      mas, de mim despertas, dizem
      que nenhum mortal como eu
      tem direito de invocá-las.


 
     No prelo

      Se a minha palavra é a minha busca
      de uma vida inteira, em todo o mundo
      e ela dorme encantada à sombra
      de um livro raro, quiçá
      encontrá-la-ei num alfarrábio,
      num sebo, numa biblioteca pública...
      Quem sabe minha resposta ainda
      esteja no prelo.


     
Lavradura

      a palavra me fere a alma.
      a pá lavra me fere fere a alma.
      a pá — lavra-me — fere a alma.

      a palavra me sangra o corpo.
      a pá lavra, me sangra o corpo.
      a pá — lavra-me — sangra o corpo.

 

ANUÁRIO DA POESIA BRASILEIRA 1995.  Organizador : Laís Costa Velho.  Rio de  Janeiro: CODPOE – Cooperativa de Poetas e Escritores, 1995.  116 p                 Doação do livreiro BRITO – RJ

 

 

ÚLTIMO OCASO

No lento passar das horas
(amargo silêncio da tarde)
o sangue corre nas veias
do homem no leito de dor.

Na brevidade das horas
o cárdio relógio da vida
bombeia os sangue no corpo
do homem no leito de dor.

Na brevidade da vida
contadas horas de espera
contadas horas de angústia
contados minutos de dor.



ELEGIA DE MARIA

Maria deitada na casa
na lida profana da noite
na noite soturna do quarto
olha as horas paradas
e espera o brilho da aurora
e espera o sol de amanhã.

No corpo frágil, o sustento
fértil odor de hortelã,
nos beijos, pancadas na cara
gemidos, carícias a dor;
estranhos estames fincados
(vibrante delírio frenético),
grãos de polem gozados
nas entranhas — carne em flor.

Depois de tanto sofrer
no martírio noturno,
o vírus maldito da morte
lhe leva a um longo suplício
na solidão de seu quarto,
na solidão da espera.

Maria velha é levada
no fim dos dias tão cedo.
Não existe mais quimera.
Não existe mais fantasisss.


 

Não existe mais... Maria.

 

*

VEJA e LEIA outros poetas do PARÁ em nosso Portal:

 

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/para/para.html


Página publicada em julho de 2023

*

Página ampliada e republicada em março de 2023

 

 

 

 

 

Página publicada em junho de 2009, corrigida e republicada em janaeiro de 2010.


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