YDÊ AFONSO
Ydê Afonso nasceu em Sacramento-MG e veio para Brasília em 1971. Diplomou-se em Letras e Direito e especializou-se em Artes Plásticas.
Foi professora de Io e 2o graus. Participou de musicais infantis como cenógrafa e figurinista. Marcou presença em exposições e salões de Artes Plásticas obtendo premiações. Ilustrou textos em prosa e verso e capas de antologias.
Atualmente é advogada e continua atuando como artista
plástica.
Pertence à Casa do Poeta Brasileiro — POEBRAS — Se-çào-DF, membro efetivo n° 76 e à Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil — AJEB.
Colaborou em periódicos e participou da coletânea "15 Anos de Poesia", 1993 POEBRÁS.
Distinguida com menção honrosa em 1991 — Monção n° 328/91 — Câmara Municipal de Sacramento — MG — pelas publicações literárias e atividades em Artes Plásticas; 1992 — II Mostra Versos Versus Plástica — FBN — Biblioteca Demonstrativa de Brasília — poema "Tela Virgem".
Bibliografia: Viagem ao Planeta Azul, 1988; Agora, Sim\, 1994 e O Meu Presente, Não!, 1995 — Lit. infantil (As duas últimas obras a serem publicadas)
Referência: VALADARES, Napoleão. Dicionário de Escritores de Brasília. Brasília: André Quicé-Editor, 1994. pag. 196
CALIANDRA: poesia em Brasília. Brasília: André Quicé Editor, 1995. 224 p.
224 p. ilus. ISBN 85-85958-02-2
Ex. bibl. Antonio Miranda
VERSO ANARQUISTA
Não quero verso rimado,
Frio, formal, sem vida.
Quero verso solto ao vento,
Livre na fala, no canto, no amor.
Quero verso sentido,
Incontido, rebelde,
Tal como sou.
Verso anarquista
Que purga os medos,
Fantasmas da dor.
Verso que faz vibrar a paixão,
Que revolve as entranhas,
Rasga o peito
E eclode viril do coração.
Ou...
Verso que cala fundo na alma
E aninha no peito,
Dando o conforto da ilusão.
TELA VIRGEM
É excitante uma tela branca,
nua,
receptiva ao desfrute do pincel
das cores, das formas,
dos sonhos, da arte.
Nela, mil sonhos podem ser eternizados
mil desejos, consumados,
mil viagens, realizadas.
É num gesto decidido
que o pincel cobre o seu corpo.
E seu dono poderoso
e dela faz o que quer.
Mas há momentos, no entanto
em que o artista vacila,
e o pincel tonto vagueia
e tímido da tela recua.
A tela branca soberba,
rindo da impotência evidente,
mostra-se mais sedutora.
E em resposta ao apelo,
o artista alucinado
sente o desejo crescente
tomar forma e cor.
Agarrando com volúpia
o pincel horas caído,
num gesto firme e viril,
mancha a tela, então virgem,
de cores quentes, febris
e nasce uma obra de amor.
Brasília, 18 de agosto de 1992.
ACEITEM-ME
Se eu fosse capaz como imaginam,
Seria só o que sou?
Não! Seria alguém mui brilhante
E não essa sombra que sou.
Se me vêem com lentes de aumento,
Se me vêem maior do que sou,
Torno-me mais pequenina,
Pois não me reconhecem como sou.
Se sou como sou,
Por favor, me vejam assim!
Pois, quem sabe, aceitando-me como sou,
Possa tornar-se como querem
Que é como eu não sou.
UP!
Corra com o vento,
Com o vento,
Na contramão da vida,
Jamais!
Vá deslizando macio e veloz
Transpondo barreiras...
Vislumbrando fronteiras...
Conquistando espaços!
Na corrida febril em busca do Eu,
Tenha um descanso...
E seja "Nós"
FIO DE VIDA
DESUNIÃO,
DESAMOR,
DESÂNIMO...
MOMENTO CRÍTICO,
POVO RAQUÍTICO,
COM MUITA FOME,
DOR QUE CONSOME!
QUE TRAGA E SOME,
PRO SEIO DA TERRA,
O HOMEM.
ALERTE!
LEVANTE!
ENFRENTE!
AVANTE!
CORAGEM!
SÓ RESTA, AINDA,
UM FIO DE VIDA
QU' É TUDO!
SEM INSPIRAÇÃO
Sentada, mão no queixo
Vejo a vida passar,
Sem nada fazer,
Sem nada criar.
Dá-me uma angústia danada
Esse "não fazer nada"
Meu ser reclama ação!
E numa busca inquietante,
Parte minha alma errante,
Em busca de inspiração.
Cato aqui . . . Cato acolá . . .
Gravetos de imaginação
E com paciência construo
Uma fogueira pequena
Que clareia a escuridão.
Aos poucos, à fraca luz,
Meus olhos vão-se acomodando
E descobrindo caminho,
Tendo sem visões repentinas,
Vendo sem as retinas,
Só com os olhos da ilusão.
***
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Página publicada em janeiro de 2021
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