POESIA MINEIRA
Coordenação de Wilmar Silva
Virgilio Mattos – Brasil – Poesia dos Brasis – Minas Gerais – Rio de Janeiro
VIRGILIO MATTOS
Nasceu em Niterói/RJ, em 25/05/59, tendo vindo para Belo Horizonte no início da década de 60. Poeta e professor de Direito Penal, publicou os seguintes livros: Sparsus (1974), Nó cego (1978), Nego a poesia (1979), Dispare, não tenha medo (1979), PT-Para todos (1980), PC-Público cismado (1981), Numere a segunda coluna de acordo com a primeira (1981) e o cartaz Ahmor tem tradução? (1982).
MATTOS, Virgilio. Ohquãobestacri. Belo Horizonte: Poesia Orbital, 1997. 45 p.
11,5x17 cm. Col. A.M. (EA)
OHQUÃOBESTACRI II
Amava-me - dizia ela.
Gostou da conversa
sobre os futuristas russos,
a Lagoa da Pampulha
e o pau duro.
Na verdade o pau duro não era
conversa.
QUé BARREêRA?
I
Idiotas fazem divisão silábica,
boletins "frame toframe"e ainda
dizem isso poesia, concretinice.
Pura concretinice e pior:
contagiosa.
Ainda que não seja sexualmente transmissível.
"-Essa ideia é muito ruim!"
"- Só porque não é sua?"
II
Vi, de relance, um poema híbrido.
Não chovia. Não neblinava.
Nenhum clarão.
Outono distante na serra de Petrópolis.
Minto. Era um verão diluviano.
O poema despencava serra abaixo.
BUENOS AIRES, R.A.-1990
Esse senhor que bebe
repetidas doses de café e licor
admirado com a beleza do frio,
esse senhor baixo e grisalho
que agora calça as luvas e
veste o sobretudo preto
deixa a gorjeta e vai caminhar
pela Plaza de Mayo
após recolher os papéis
onde escrevia alguma coisa
esse senhor bem que poderia ser eu.
Página publicada em julho de 2012
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