TERESINHA HUEB DE MENESES
Nasceu em Uberaba em fevereiro de 1939, Graduada em Letras. Pertence à Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Obras publicadas: Tempesfera (1979, poesia) e Temas do Cotidiano (1995, crônicas) e participação em antologias.
ENCONTRO 55 (Coletânea de Poetas da Associação de Cultura Luso-Brasileira). Seleção e introdução de MÁRCIO ALMEIDA. Capa e ilustrações de CEZAR GUEDES. Juiz de Fora, MG: Associação de Cultura Luso-v, 1980. 204 p. 14 x 21 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
Reúne 25 anos de atividade da ACLB e ressalta a renovação que estava acontecendo com a poesia de Minas Gerais em particular e do Brasil em geral.
Aqui vamos divulgar alguns poetas que ainda não figuram no nosso Portal de Poesia — no momento já incluímos mais de 7.000, mais da metade de brasileiros. E edição reitera a questão dos “Direitos autorais reservados”, mas esperamos contar com a aprovação de nossa iniciativa de divulgar alguns poetas da coletânea, 40 anos depois da edição (de 1980).
Como o livro “Encontro 5” inclui vários poemas de cada poeta, aqui apresentamos apenas 3 ou 4 de cada um, dependendo da extensão dos textos. Os interessados poderão continuar a leitura no volume original, certamente disponível em algumas bibliotecas e livrarias, inclusive sebos, se estiver interessado (e com sorte!)
corrosão
Uma vida não se faz no espaço:
o tempo, o tempo arranca
os atos.
O tempo
extrai a matéria bruta
da existência
para limá-la na serra do agreste.
O tempo,
o tempo extirpa as entranhas
da alma
para sulcá-las
na forma/fôrma do dia a dia.
O tempo
morde os dedos calados da procura,
ceifa as garras mordidas da espera,
suga os dentes perdidos da conquista.
Onde os pés do tempo fincados no útero da vida?
É preciso roer os pés do tempo
e deixar que ele rodopie — doido — no espaço,
perdido em si mesmo,
calado em seu próprio silêncio,
morto em sua morte mesma,
até o fim dos séculos,
na eternidade de cada segundo.
até
A crueza dos fatos
dos ratos
dos atos
a roer motivos
dúvidas e efeitos.
A dureza das lidas
das vidas
das idas
a mostrar motivos
certezas e efeitos.
A incerteza das idas
das vidas
dos fatos e atos
e até dos ratos (por que não?)
a roer certezas
motivos e efeitos.
digestão
fantasiar
de amor
os ais
do sonho.
colorir
de riso
a voz
do pesadelo.
amanhar
de verde
a cor
da indiferença.
escarnar
do corpo o pasto
da descrença.
mascarar
de paz
os dentes
da ironia.
digerir
do ser
a condição
herege.
Extraídos da obra: A POESIA EM UBERABA: DO MODERNISMO À VANGUARDA.
Antologia organizada e apresentada pelo poeta GUIDO BILHARINHo.
Uberaba: Insituto Triangulino de Cultura, 2003. 336 p. (Coleção Artecultura) |