Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SILVANA GUIMARÃES

 

Silvana Guimarães nasceu em Belo Horizonte/MG, onde vive. Escritora, é formada em Ciências Sociais pela UFMG. Foi pianista e especialista em transporte público. É editora da Germina — Revista de Literatura & Arte e do coletivo Escritoras Suicidas. Revisou e organizou incontáveis livros de poesia alheios. Participou de várias antologias poéticas nacionais e estrangeiras. O corpo inútil, no prelo, é o seu primeiro livro de poesia. Provavelmente, o único.

 

 

esta tarde vi llover

 

 

sonhar a portas fechadas

perambular por um corpo imaginário

sem deixar vestígios

 

assustar-se com a própria sombra

no escuro

chorar no escuro

 

morrer de medo do único rosto

no espelho

polir o espelho

 

acordar os pássaros

antecipar a aurora

sofrer da mesma vida

 

as gramáticas explicam

[mas não convencem]

por que a solidão é

um substantivo abstrato


 

trapézio

 

 

a manhã nasce num gesto escuro

quando a espera se revela

inútil como um útero

que não sangra

 

o corpo incauto põe-se

de tocaia: aguarda outra deixa

para se jogar

e ignora o calafrio

 

esse arrepio entre o umbigo e os seios

essa dor terebrante no monte de vênus

 

anunciam

 

todo amor dilacera


 

mamuskas

 

 

a trisavó cresceu com a mania de recolher nuncas

a bisavó passou a vida colecionando nãos

a avó, entre rezas, reunia quimeras

a mãe empilhava lamúrias

ela habituou-se aos muros

a filha junta janelas

a neta, pássaros


 

anúncio

 

 

a minha casa guarda silêncios

ausências e soluços

 

em cada canto meus absurdos

naquela janela um par de asas

 

bem ali a ração dos

cachorros e a solitude

 

sob os tapetes as cicatrizes

sobre a pia as máscaras

 

trancado a chave

o armário de incêndios

 

atrás da porta

a minha sede

 

no terraço uma rede

de renúncias

 

no jardim entre os antúrios

um antro de amarguras

 

no alpendre

o breu o breu o breu

 

quem comprar minha casa

leva minha alma dentro


 

circulação & urbanismo

 

 

o andar bisonho denuncia

o sapato apertado:

o defunto era menor

 

o vento levanta a saia e

a sombrinha de dez real

perde prumo e serventia

 

veias arrebentadas do

lado esquerdo da coxa esquerda

atestam certo desencanto

 

o carro último tipo freia na poça

e a moça impassível percebe-se

ensopada até a alma

 

o motorista acelera e vai:

com o sorriso que têm as pessoas

que deram sorte na vida

 

 

 

 

Página atualizada em janeiro de 2025

Página publicada em outubro de 2020


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar