Foto: http://ruidomanifesto.org/
SILVANA GUIMARÃES
Escritora, nasceu em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, onde vive.
Psicóloga, professora. Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Site: Escritoras Suicidas [http://www.escritorassuicidas.com.br]. Deve publicar seu primeiro livro de poesia em 2020.
MULHERES EMERGENTES. O sensual em cartaz.
Ano 20 No. 74 - Abril 2009. - No. 10 081
Belo Horizonte, MG. Blog: http://mulheresemergentes.blogspot.com
Ex. bibl. Antonio Miranda
mínima via
um pássaro pousou
no relevo côncavo
do meu ombro
sede de dilúvio e
essa dor que o tempo
não estanca
certeira
como a solidão das uvas verdes
como o rumor dos rios secos
boca a boca
aspirar o ar
rarefeito
aos poucos
afagar o ardor
do amor baldio
a vida alumiada
o turbilhão do nada
o raio do não
nessa noite que nos afasta
anúncio
a minha casa guarda silêncios
ausências e soluços
em cada canto meus absurdos
naquela janela um par de asas
bem ali a ração dos
cachorros e a solitude
sob os tapetes as cicatrizes
sobre a pia as máscaras
trancado a chave
o armário de incêndios
atrás da porta
a minha sede
no terraço uma rede
de renúncias
no jardim, entre os antúrios
um antro de amarguras
no alpendre
o breu o breu o breu
quem comprar minha casa
leva minha alma dentro
MULHERES EMERGENTES. O sensual em cartaz.
Ano 20 No. 74 - Abril 2009. - No. 10 081
Belo Horizonte, MG. Blog: http://mulheresemergentes.blogspot.com
Ex. bibl. Antonio Miranda
Acidente
Um momento
Num segundo
Um corte
Um abismo
Sensação de fim de mundo
Num espaço
Num contexto
Um rosto
Uma canção
Um último pretexto.
Numa estrada
No limite
Um animal
Um movimento
Um sorriso triste
Numa estrada
Num momento
Num espaço
No limite
Num contexto
Num segundo
Um animal
Um rosto
Um corte
Um movimento
Uma canção
Um abismo
Um sorriso triste
Um último pretexto
Sensação de fim de mundo.
esta tarde vi llover
sonhar a portas fechadas
perambular por um corpo imaginário
sem deixar vestígios
assustar-se com a própria sombra
no escuro
chorar no escuro
morrer de medo do único rosto
no espelho
polir o espelho
acordar os pássaros
antecipar a aurora
sofrer da mesma vida
as gramáticas explicam
[mas não convencem]
por que a solidão é
um substantivo abstrato
*Página ampliada em novembro de 2024
Página publicada em outubro de 2020
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