ELOQUÊNCIA
o silêncio fala
às vezes
fala demais
e até fala
o indizível
o que não há
o que não deve
o silêncio por vezes cala
De Caderno de Intermitências (2017)
resumo
antes
rebeldias
depois
convicções
certezas planos
ilusões
agora
dúvidas
equívocos
medos (em profusão)
a impotência
escancarada
A CIGARRA – Revista Literária. Santo André, SP. Editora: Jurema Barreto de Souza.
n. 42 – Outubro 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
CHRISPIM, Rosana. Avento. Santo André, São Paulo: Coleção Mimo, s. sd. S.p.. Edição de 81 exemplares.
Ex. no. 75 na bibl. Antonio Miranda
"Parece que o poeta serve
para desacomodar as palavras.
Não deixar que as palavras
se viciem no mesmo contexto.
Usar as palavras para ampliar
o mundo há de ser outro
milagre da poesia."
Desconstituição
O que os olhos vêem
o que os sentidos percebem
sob a razão
afirmam
graça, grandeza
beleza
sob a emoção
tudo é dor
agonia, descrença
O amor é incrédulo,
a história insincera
a poesia, incapaz
mínimo e máximo reduzidos
a zero a nada a coisa nenhuma
A imagem é impalpável
improvável construção
virtual para atender os olhos
do mundo
A existência é areia
ao sabor do mar
Fatalismo
o abismo cada vez
mais profundo
o corpo cada vez
mais lasso
brinco
um pé na borda
um pé no vazio
confio
na repetição
no exercício
desafio
o conhecimento
o desconhecido
a prática a confiança o erro
(que agonicamente virá!)
...
o fundo
definitivamente
Advento
um dia
emaranhados
e redes e amarras
no abrir de olhos
um mar
angústia
destroços e sofreguidão
uma linha
promessa e divisa
um encontro
tábua e náufrago
porto e remição
história escrita a sal
futuro e passado
dividindo (as) água
Poemico
lembrando Fernando Pessoa
Nem
nada vale a pena
porque a alma
sabe-se
é pequena!
*
Página ampliada e republicada em janeiro de 2023