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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RODRIGO MELO FRANCO DE ANDRADE

 

 

 

Rodrigo Melo Franco de Andrade (Belo Horizonte, 17 de agosto de 1898 — Rio de Janeiro, 1969) foi um advogado, jornalista e escritor brasileiro.

 

Biografia

Estudou direito em Belo Horizonte e em São Paulo, formando-se, contudo, no antigo Distrito Federal, na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (URJ), antecessora da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)[1].

 

No meio jornalístico, foi redator-chefe (1924) e diretor (1926) da Revista do Brasil. Na política foi chefe de gabinete de Francisco Campos e, integrando a equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas, composta de muitas pessoas intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922, comandou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN, atual IPHAN), da sua fundação em 1937 até 1967[2]. Pouco antes de sua morte, em 1969, Rodrigo ainda prestava depoimentos à imprensa e comparecia a eventos ligados à sua experiência no SPHAN.

 

Como escritor, deixou oito contos reunidos no livro Velórios, publicado em 1936. A obra teve o reconhecimento de intelectuais como Manuel Bandeira (que deu título ao livro), Mário de Andrade e Sérgio Buarque de Hollanda, que publicou um artigo elogioso ao livro no jornal Diário de Notícias, em 1948. A primeira edição foi paga pelo autor e não teve mais que duas centenas de exemplares. Um mês depois de lançado, Rodrigo decidiu recolher as cópias. Uma segunda edição só saiu em 1974, cinco anos após a morte de Rodrigo. Como pesquisador publicou, entre outros, Brasil: monumentos históricos e arqueológicos (1952) e Artistas coloniais (1958)[3].

 

Pai do cineasta Joaquim Pedro de Andrade(1932-1988), um dos grandes líderes do Cinema Novo, Virgílio Andrade e Clara Andrade Alvim.

 

 

ANTOLOGIA DOS POETAS BRASILEIROS BISSEXTOS CONTEMPORÂNEOS. Organização: MANUEL BANDEIRA.
Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1996.  298 p,   12 x 18 cm. 
ISBN 979-85-209-0699-O    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Bissexto é todo o poeta que só entra em estado de graça de raro em raro.” MANUEL BANDEIRA

 

 

 

 

                  ODE PESSIMISTA

 

       Na luz viole da manhã, saio, entre os jenipapeiros, com o desejo enfático de sentir a plenitude da Vida e a perpétua alegria derramada na Terra...
Meu ser é uma paisagem fatigante. Morro de vê-la, obstinada, sempre igual. Em vão sofismo com blandícias, querendo-a enriquecida à força de cultura, vária, imprevista, e opulenta. Quando muito será paisagem de pedante. E é indecorosa.
Mas, entre os jenipapeiros, na luz violenta da manhã, vim arejar a prisão obscura em que me confino.
Bem sei que o mundo é minha representação e que todo o Universo, todo o imenso Universo, é uma simples criação de meus pobres sentidos.
Contudo, aqui, no quadro tropical, não há lugar comum de filosofia natural que possa resistir à luz violenta da manhã.
Meu ser monótono e insistente perdeu-se no esplendor estridente do dia sertanejo.

        A vida, a vida numerosa e unânime, afirma-se jovialmente, sem argumentos metafísicos. Há uma incontinência geral e perturbadora e uma alegria vasta e imprudente de existir.
— É um concerto igualitário: — nenhuma voz se impõe ou impera só. A eloquência dogmática da cachoeira distante une-se o chiado de milhões de cigarras trêfegas.  O trilo melífluo das aves sofre a pateada dos galhos irreverentes. E, invisível, desapiedadamente, um carro de bois, na encosta, avoluma a zoada delirante.
Deixei a sombra trêmula dos jenipapeiros. E, de o ter julgado ilusório, o sol castiga-me e titubeio à claridade excessiva.

        Vejo no ar denso e cantante ondulações multicoloridas. O azul do céu parece escorrer do alto esbanjando-se sobre a mata, em que me embrenho, enfim, totó e exaurido.
E eu, que queria comungar com o Todo Infinito...
Aqui há um derrame desmedido de verde. Verde profundo de frondes, verde frívolo de parasitas, verde jovial de folha tenra, verde pisado de folha seca, verde franco de jatobás e de perobas, verde dúbio de timbaúbas, verde atrevido de cipós, verde monótono, verde redundante.
Na matéria, assim, indefinidamente verde, repousam minha pupilas ofuscadas, até que, de entre o verde de um cerrado, têm a surpresa deliciosa de uma nota de nanquim.
—Ave fátua, pensei, fugida de um brasão germânico para a floresta tropical...
Mas, logo, como a me responder, pia o mutum tristemente, humildemente, desconsoladamente.
Sai-lhe do bico escarlate, em vez do canto marcial, que eu esperava ouvir, impaciente, uma queixa confusa, um gemido de dor obscura, a tremer na mataria sonora.
“Mundo verde e imenso, em que erro sozinho, como eu poderia confundir-me em ti? Ambicioso e ardente, vivo prisioneiro da alma exígua e pobre em que a sorte me deu.

        “Certo, eu bem quisera, Mundo misterioso, no teu ser profundo transfundir minhalma. Mas, do claustro escuro a que fui fadado, nem meu sonho inquieto pode te alcançar.
“Sei que existes, Mundo; sei que és tudo aquilo que se agita ou pára fora do meu ser. Sei que és flor e fruto; sei que és rio e serra; sei que és tudo aquilo que eu quisera ser...
“sinto obscuramente, Mundo numeroso, que da mesma essência procedemos. E é esse sentimento que me faz mais triste, esse sentimento que me faz mais só.
“Entretanto, Mundo que eu cobiço e chamo, quem sabe se sofres de meu mal também? Quem sabe se encerras, no teu ser enorme, tantos seres vivos quantas solidões?...”

 

 

 

 

Página publicada em maio de 2020

 

 

 


 

 

 
 
 
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